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Embrapa e Contag fortalecem cooperação em prol da agricultura familiar

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Photo: Leandro Lobo

Leandro Lobo - Ações integradas visam desenvolver soluções tecnológicas voltadas à prevenção e mitigação de riscos climáticos na agricultura familiar

Ações integradas visam desenvolver soluções tecnológicas voltadas à prevenção e mitigação de riscos climáticos na agricultura familiar

Evento em Brasília resultou em um plano de ações conjuntas, que vai embasar acordos de cooperação técnica e financeira

Especialistas da Embrapa e da Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultores Familiares (Contag) se reuniram em uma oficina técnico-científica na sede da Confederação, em Brasília, DF, no período de 1 a 3 de outubro, para discutir ações conjuntas que apoiem agricultores familiares no enfrentamento às mudanças climáticas. Ao final do evento, foi elaborado um plano de trabalho integrado entre as duas instituições, a ser formalizado por meio de um Acordo de Cooperação Técnica (ACT).

O diretor de Pesquisa e Inovação, Clenio Pillon, representou a Embrapa na abertura do evento, quando enfatizou a importância dessa parceria para planejar e coordenar estudos e programas que promovam a sustentabilidade agrícola, de forma alinhada aos interesses dos agricultores familiares. “Queremos colocar o melhor da ciência, da pesquisa agropecuária e da capacidade de articulação da Embrapa à disposição dos agricultores familiares e suas organizações para o enfrentamento aos desafios das mudanças do clima e seus impactos sobre a segurança alimentar e sobre a biodiversidade em especial”, salientou.

Da esquerda para direita: Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima; Zaré Soares; coordenador-geral de Pesquisa, Inovação e Patrimônio Genético do MDA; Vânia Marques Pinto, diretora da Contag; Sandra Bonetti, secretária de Meio Ambiente da Contag; Clenio Pillon e Alba Mendes, da Fiocruz

Pillon explica que os principais desafios a serem alcançados de forma integrada entre a Embrapa e a Contag visam desenvolver soluções para sistemas de produção resilientes e sustentáveis; viabilizar meios de produção aos agricultores familiares, como máquinas, equipamentos e bioinsumos apropriados a essa escala de produção;  modelar e implementar estratégias para o comércio justo; ampliar a oferta de alimentos, em especial de proteínas, com baixa emissão de gases de efeito estufa; contribuir para o aprimoramento e integração de políticas públicas em base territorial e ampliar o acesso aos conhecimentos  e tecnologias pelos agricultores familiares.

As duas instituições possuem hoje um Acordo de Cooperação Geral, que estabelece o compromisso de colaboração entre as duas instituições com o objetivo de viabilizar a aplicação prática do conhecimento técnico-científico, fortalecendo a agricultura familiar por meio de pesquisa agropecuária, desenvolvimento tecnológico e inovação.

Mas o objetivo é avançar para acordos de cooperação técnica e financeira (ACTF) e acordos de cooperação técnica (ACT) de forma a garantir que as estratégias inovadoras cheguem com mais agilidade aos agricultores familiares, contribuindo para a sustentabilidade e resiliência climática de seus sistemas produtivos.

Segundo o pesquisador Evandro Holanda, que está à frente dessa parceria, a formalização de um ACT entre a Embrapa e a Contag foi discutida durante a oficina e tem como foco a construção de iniciativas conjuntas que promovam a resiliência climática da agricultura familiar. O próximo passo é encaminhar o documento para assinatura, de modo a formalizar a parceria entre as instituições. “A oficialização desse acordo proporcionará segurança jurídica e permitirá o desenvolvimento de projetos e iniciativas conjuntas de forma mais estruturada”, acrescenta.

Até o momento, os pesquisadores da Embrapa têm atuado de forma colaborativa, oferecendo suporte científico e dados sobre práticas agroecológicas, diversificação de cultivos, recuperação de pastagens degradadas e outros temas de relevância nessa temática. “Nosso objetivo é continuar incentivando essa participação em espaços de diálogo como a oficina, promovendo o fortalecimento de redes colaborativas que integrem conhecimentos técnico-científicos e práticos sobre adaptação climática e agricultura familiar”, pontua Holanda.

Para ele, a colaboração com a Contag e o Observatório do Clima é uma oportunidade estratégica para influenciar políticas públicas e promover o desenvolvimento de práticas sustentáveis nesse sentido. “A formalização do ACT e o alinhamento quanto à produção de publicações conjuntas são os próximos passos cruciais para consolidar essa parceria”, enfatiza.

Pesquisadores de 14 UDs (Agroenergia, Agroindústria Tropical, Amazônia Ocidental,  Amazônia Oriental, Caprinos e Ovinos, Cerrados, Clima Temperado, Hortaliças, Meio Ambiente, Milho e Sorgo, Pantanal, Pecuária Sul, Semiárido e Solos) e da Sede participaram da oficina de forma presencial e híbrida.

Mudanças climáticas e agricultura familiar: ações, demandas e projeções na agenda da Embrapa

Durante a oficina, o gerente de Portfólios e Programas da Diretoria Executiva de Pesquisa e Inovação (DEPI), Alexandre Hoffmann, apresentou as ações, demandas e projetos que constam na agenda da Embrapa sobre mudanças climáticas e agricultura familiar.

Para o gerente, essa articulação com a Contag é estratégica para a Embrapa, não só pelo que a agricultura familiar representa para o País no que se refere à redução das desigualdades e imperfeições de mercado, mas principalmente para que a agricultura brasileira seja forte em todas as suas dimensões. “O que percebemos hoje é que existe um vácuo muito grande no conjunto de conhecimentos que pode dar suporte a políticas públicas em relação a mudanças climáticas no contexto da agricultura familiar”, explicou, lembrando que esse é o público mais vulnerável a essas intempéries.

A oficina foi um momento extremamente importante, na visão de Hoffmann, não só para refletir sobre essas questões, mas principalmente, para identificar oportunidades de aprimoramento na programação de PD&I da Embrapa que contemplem a redução, mitigação e prevenção dos riscos das mudanças climáticas e seus desdobramentos na agricultura familiar. “Essas estratégias devem considerar a adoção de boas práticas ao longo de todo o processo produtivo, incluindo o planejamento da propriedade e o manejo do solo, entre outras etapas, e também o subsídio para políticas públicas municipais, estaduais e federais de qualidade”, concluiu.

 

Seminários regionais discutiram a temática por todo o Brasil

Pesquisadores de oito Unidades (Solos, Agroindústria Tropical, Caprinos e Ovinos, Milho e Sorgo, Amazônia Ocidental, Cerrados, Agroenergia, Pecuária Sul) e da Sede participaram de seis seminários regionais promovidos pela Contag em todas as regiões brasileiras, no período de junho e agosto. Foram discutidos o contexto das mudanças climáticas, os impactos na agricultura familiar, os desafios e soluções regionais e estratégias de adaptação, políticas e mercados ambientais para o setor.

Os resultados foram compilados no projeto “Será que vai chover?” e mostram que, para os participantes, a parceria entre a Embrapa e a Contag potencializa a atuação de ambas as instituições, combinando o conhecimento técnico de uma com a visibilidade política proporcionada pela outra.

Cada região focou em um aspecto mais vulnerável no seu contexto atual, para os quais foram discutidas soluções pontuais. Os seguintes temas se apresentaram como transversais:

• Repertório conceitual;

• Efeitos das mudanças climáticas;

• Senso de urgência e ação;

• Possíveis soluções.

 

Fernanda Diniz
Superintendência de Comunicação (Sucom)

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