Embrapa Algodão celebra 50 anos de contribuição para a agricultura brasileira
Embrapa Algodão celebra 50 anos de contribuição para a agricultura brasileira
Fundada no dia 16 de abril de 1975, a Embrapa Algodão (Campina Grande, PB) celebra seus 50 anos de história com uma solenidade para empregados, colaboradores, autoridades e instituições parceiras dessa trajetória. O evento comemorativo acontece nesta segunda-feira, 14/04, a partir das 14h30, com a presença da diretora-executiva de Inovação, Negócios e Transferência de Tecnologia da empresa, Ana Euler.
Nas últimas cinco décadas, a produção de algodão no Brasil passou por grandes avanços e a Embrapa Algodão teve um papel fundamental nesse desenvolvimento, deixando um legado importante para a cotonicultura nacional.
“Com pesquisas de ponta, desenvolvemos variedades mais resistentes, produtivas e adaptadas ao clima e ao solo das mais diferentes regiões do Brasil. Melhoramos os sistemas de produção promovendo a integração e rotação de culturas e o uso eficiente dos solos e dos recursos hídricos. Elevamos a qualidade das fibras e descobrimos novas cores naturais para o algodão, incentivamos o cultivo orgânico e agroecológico das diferentes culturas. Desenvolvemos máquinas e implementos agrícolas, aumentando a produtividade e garantindo mais renda e qualidade de vida ao produtor”, enumera o chefe-geral interino da Embrapa Algodão Daniel Ferreira.
Hoje, o Brasil assumiu a liderança mundial na exportação de fibra de algodão e se destaca entre os maiores produtores globais graças ao investimento em ciência, tecnologia e inovação, aliado ao empreendedorismo dos cotonicultores brasileiros.
No início, as pesquisas da Unidade contemplavam duas linhas de atuação: a primeira, voltada para a cultura do algodão arbóreo, de grande importância econômica para a região Nordeste na época, e a segunda para o algodão herbáceo, ainda em desenvolvimento na região Centro-Oeste. Com o declínio da cotonicultura no Nordeste a partir de 1985, em decorrência da infestação das lavouras de algodão pelo bicudo do algodoeiro, além de fatores socioeconômicos, a Embrapa Algodão desenvolveu novas cultivares e sistemas de produção adaptados às condições do Cerrado, nova fronteira agrícola com disponibilidade de grandes áreas planas e favoráveis à mecanização. O trabalho de melhoramento genético para obtenção de mais produtividade, qualidade de fibra, resistência a pragas e doenças, associado a melhores práticas de manejo e beneficiamento foram fundamentais para a consolidação da cotonicultura naquele bioma.
Atuação nacional
Mas a atuação da Unidade vai além do algodão. Seu portfólio de pesquisas inclui ainda culturas como amendoim, gergelim, mamona e sisal, contribuindo para a produção de alimentos, fibras e energia. A Unidade desenvolve pesquisas e inovações nas áreas de melhoramento genético, controle biológico, biotecnologia, mecanização agrícola, qualidade de fibras de algodão, sanidade vegetal, sistemas de produção, e busca ainda fomentar a transferência do conhecimento para sistemas de produção integrados.
A Embrapa Algodão atua em todo território nacional, com maior protagonismo no Semiárido, no Cerrado e na região Sudeste. Para garantir ampla atuação junto ao setor produtivo, a Embrapa Algodão está presente em 11 estados brasileiros, em parceria com outras Unidades da Embrapa e outras instituições. Além da Paraíba, a equipe da Unidade atua nos estados do Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Maranhão, Tocantins, Bahia, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais e São Paulo.
Tesouro genético
Os bancos de germoplasma garantem a preservação dos recursos naturais e são fundamentais no melhoramento de plantas estratégicas para a agricultura brasileira. A Embrapa Algodão contribui para a conservação de espécies como o algodoeiro herbáceo e arbóreo, amendoim cultivado e espécies silvestres, canola, cártamo, faveleira, cuphea, feijão comum, feijão caupi, feijão fava, gergelim, girassol, mamona, moringa, sisal, soja, ervilha, grão-de-bico e lentilha.
Algodão naturalmente colorido
Com o objetivo de oferecer novas alternativas de renda para os agricultores da região semiárida, a Unidade desenvolveu as cultivares de algodão naturalmente colorido. Essa tecnologia reduz o impacto ambiental do processo têxtil, pois não necessita de tingimento, reduzindo a utilização de água e de produtos químicos no processo de fabricação do tecido. Foram lançadas seis cultivares coloridas, em tonalidades que vão de marrom claro, escuro e avermelhado, além do verde claro, todas indicadas para o Nordeste brasileiro. Graças a tendências como a moda sustentável e o consumo consciente, o algodão colorido vem conquistando passarelas de moda internacionais e tornou-se patrimônio imaterial da Paraíba.
Algodão orgânico e agroecológico
O cultivo do algodão orgânico e agroecológico, sem o uso de produtos químicos e em consórcio com culturas alimentares é outra linha de atuação voltada para os pequenos produtores do Semiárido, visando contribuir com a geração de renda e segurança alimentar na região. Por meio das unidades de aprendizagem e pesquisa participativa (UAPs), com financiamento do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) a Unidade está realizando a capacitação dos agricultores de todos os estados da região Nordeste, além do Semiárido de Minas Gerais em técnicas de cultivo de algodão agroecológico e orgânico. Entre os benefícios desses sistemas de cultivo, os produtores destacam, além da renda extra ao final da safra, o maior empoderamento e protagonismo frente a desafios como as mudanças climáticas e uma maior consciência sobre a importância da conservação do solo para garantir a sustentabilidade do cultivo para as próximas gerações.
Máquinas e implementos para a agricultura familiar
A Embrapa e parceiros vêm trabalhando no desenvolvimento e no aperfeiçoamento de máquinas e implementos que possibilitem ampliar a produção e melhorar a qualidade de vida do homem do campo. Entre os equipamentos já desenvolvidos estão miniusina beneficiadora de algodão, cultivadores para preparo do solo adaptados a pequenas propriedades, plantadeira adaptada ao cultivo de sementes de algodão e, mais recentemente, com apoio da FAO, uma colheitadeira de algodão de uma linha adaptada para uso em pequenas superfícies, visando atender às necessidades dos pequenos produtores de algodão.
Gergelim como opção para segunda safra
Outra cultura que vem despertando o interesse dos produtores é o gergelim, que ganhou espaço como cultivo de segunda safra, em rotação e ou sucessão de culturas, principalmente com a soja. A produção de gergelim no Brasil cresceu mais de 100% na última safra, em comparação com a safra anterior. Nos últimos cinco anos, essa produção foi ainda mais expressiva chegando a cerca de nove vezes mais grãos produzidos. Com a abertura de novos mercados, as exportações do produto saltaram de US$ 79 milhões em 2021 para US$ 245 milhões até outubro de 2024, representando um crescimento de 210%. O recente acordo de exportação com a China deve impulsionar ainda mais a produção.
O programa de melhoramento genético do gergelim coordenado pela Embrapa já disponibilizou oito cultivares, sendo as mais recentes a BRS Seda, BRS Anahí e BRS Morena, que ocupam hoje cerca de 20% da área cultivada com gergelim no País. Além disso, a Embrapa, em parceria com o setor produtivo e diversas instituições, está aprimorando o sistema de cultivo para às condições do Cerrado, onde o gergelim vem sendo conduzido em grande escala.
Mais teor de óleo e produtividade para o amendoim
A cultura do amendoim apresentou expressivo crescimento em produção e produtividade no Brasil nos últimos anos. Por meio de pesquisas nas mais diferentes áreas, de melhoramento genético e do desenvolvimento de boas práticas e manejo para a cultura a Embrapa impacta positivamente na produtividade e na qualidade da produção do amendoim brasileiro. A unidade foca na sustentabilidade da produção dessas oleaginosas, a partir da contínua geração de cultivares mais produtivas e adaptadas aos diferentes ambientes. Já foram desenvolvidas seis cultivares de amendoim de alta produtividade, elevado teor de óleo e adaptadas ao cultivo mecanizado em grande escala, além de três cultivares de alta rusticidade e ciclo mais curto para o cultivo no Semiárido.
Mamona e sisal
As pesquisas para a mamona visam ao desenvolvimento de sistemas de produção para regiões tradicionais de cultivo na região Semiárida e regiões de expansão do Cerrado por meio da disponibilização de cultivares com alta produtividade de óleo, resistência a doenças e precocidade, aproveitamento de coprodutos da extração do óleo, bem como adaptação do sistema à colheita mecanizada.
Já a pesquisa com sisal tem buscado desenvolver meios para garantir maior competitividade e sustentabilidade dos sistemas produtivos no Semiárido, por meio de arranjos produtivos, estudos para aplicação bioindustrial, e mais recentemente, para a produção de etanol, para o fortalecimento da agricultura de baixo carbono na região.
Próximos desafios
Para o futuro, a Embrapa Algodão busca novas formas de produzir com maior eficiência e menor impacto ambiental. “Seguimos explorando novas formas de produzir, sempre atentos à valorização das cadeias produtivas, às mudanças climáticas e às novas tendências de consumo”, afirma o chefe-geral interino Daniel Ferreira. “Nossas pesquisas também buscam cada vez mais digitalizar a agricultura, desenvolvendo métodos de detecção rápida de pragas, doenças e componentes químicos nas fibras e nos grãos”, acrescenta.
Serviço:
Solenidade de 50 anos da Embrapa Algodão
Onde: auditório da Unidade (Rua Oswaldo Cruz, 1.143, Centenário)
Quando: 14/04, 14h30
Fotos: Edna Santos, Sérgio Cobel e Fabiano Perina
Edna Santos (MTB/CE 1700)
Embrapa Algodão
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