Os bambus, espécies típicas de ambientes florestais, são observados naturalmente nas florestas ombrófilas brasileiras. No entanto, os processos de fragmentação e degradação florestal tem tornado o bambu um inimigo destas florestas pois, por suas características, tem se tornado agente importante no processo de empobrecimento de habitats e redução de espécies das áreas florestais remanescentes, tanto no Sul do Brasil, como em outros ecossistemas mundiais. Nestas situações, o crescimento do bambu é agressivo, impedindo a regeneração natural de espécies nativas ou mesmo o desenvolvimento de mudas que são plantadas com fins de recuperação ambiental. Tais impactos já foram observados em ambientes florestais variados, em países da Ásia como Japão e China, assim como na América Latina, onde uma área aproximada de 160 mil km2 está sob influência direta de bambus, sendo o Brasil o país o mais afetado. Paralelamente aos efeitos negativos, a alta produtividade, rápido crescimento, tolerância à colheita de colmos, alta densidade e reprodução vegetativa, são características que criam oportunidade para uso comercial do bambu. Neste contexto, o presente projeto tem como objetivo determinar o efeito da presença de espécies de bambus nativos em populações dominantes sobre a dinâmica florestal e solos, assim como caracterizar físico-quimicamente tais espécies como base necessária para se determinar seus usos potenciais. Pretende-se criar a base de conhecimento para o futuro desenvolvimento de um modelo de manejo florestal que combine a recuperação da qualidade ambiental de fragmentos degradados junto ao aproveitamento do potencial produtivo dos bambus nativos. Para se determinar os impactos dos bambuzais na dinâmica das florestas ombrófilas do Sul do Brasil, os estudos ocorrerão na Estação Experimental da Embrapa em Caçador (EEEC), localizada no Município de Caçador/SC (Floresta Ombrófila Mista) e na Reserva do Morato, no Município de Guaraqueçaba/PR (Floresta Ombrófila Densa). Espera-se que, no longo prazo, a propriedade familiar seja uma grande beneficiária do estabelecimento e consolidação de uma metodologia que possibilite a recuperação de fragmentos florestais, pois, considerando a predominância de minifúndios nos estados do Sul do Brasil, é nesses espaços que se concentram grande parte dos remanescentes florestais dominados por bambus nativos invasores.