No Brasil, o aumento da produção de proteína animal e o aumento da produção de etanol a partir de milho, na última década, levaram a um incremento da demanda por este cereal. No entanto, este fenômeno não foi acompanhado por aumento proporcional na oferta do cereal. As estatísticas indicam que o país se tornou um grande exportador de milho, embora ainda não esteja atendendo o mercado chinês. Em função disso, os custos do milho elevaram-se acentuadamente no Brasil, ameaçando a competitividade das cadeias de produção de suínos e aves, principalmente na Região Sul. Neste contexto, o uso de cereais de inverno apresenta-se como uma alternativas para aumentar a oferta de grãos e reduzir a pressão sobre a demanda interna de milho. Na região sul do Brasil, especialmente em Santa Catarina e Rio Grande do Sul, existe ampla disponibilidade de áreas em situação de pousio ou cultivadas com plantas de cobertura aptas para o cultivo de grãos de inverno. Os cerais de inverno têm um enorme potencial para uso na alimentação de suínos e aves, porém, a produção é ainda limitada a poucas regiões e com volumes reduzidos. Assim, o aumento da produção, bem como o desenvolvimento de variedades específicas para alimentação animal são essenciais para viabilizá-los como ingredientes permanentes na alimentação de suínos e aves. Além disso, o conhecimento sobre seu valor nutricional para alimentação destas espécies apresenta lacunas relacionadas às cultivares utilizadas no Brasil, o que causa redução da eficiência de uso dessas matérias primas e aumento do custo de produção. Portanto, torna-se necessário mapear a variabilidade e caracterizar a matriz nutricional dos novos genótipos de trigo, triticale e cevada disponíveis no mercado, bem como desenvolver ou aperfeiçoar métodos rápidos de predição de seu valor nutricional para aplicação em tempo real nas fábricas de ração.

Este projeto visa desenvolver cultivares de trigo, triticale e cevada com aptidão qualitativa para uso na ração animal com bom desempenho agronômico, nutricional e econômico que viabilizem o uso das terras disponíveis no inverno e contribuam para a sustentabilidade das cadeias de proteína animal do Brasil, e estabelecer processos agropecuários que otimizem o uso destes cereais na alimentação de suínos e aves.