A Paraíba é responsável por mais da metade da produção do algodão orgânico brasileiro. Cada vez mais, a Embrapa vem atuando de forma a promover sistemas agroalimentares envolvendo o algodão, especialmente no estado da Paraíba. De acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO/ONU), esse algodão, além de representar segurança alimentar, significa “identidade regional”. O algodão colorido cultivado em sistema de agricultura familiar, orgânica ou agroecológica é altamente reconhecido e demandado internacionalmente por suas características ecologicamente sustentáveis e socialmente justas. A maior parte das atividades econômicas na agricultura familiar é das mulheres.

No caso específico da cotonicultura, tanto o algodão quanto o artesanato confeccionado com este produto são atividades muito importantes para as mulheres. Portanto, trata-se de uma questão de gênero importante. Assim, o algodão paraibano se contextualiza num sistema agroalimentar com clara identidade territorial, que gera renda monetária e não monetária, além de valor, a populações em situação de vulnerabilidade econômica ou produtiva, especialmente mulheres e jovens.

No entanto, o algodão orgânico e de bases agroecológicas carece de tecnologias, especialmente, para o manejo de pragas. Apenas 9,4% dos produtos registrados no Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) são indicados para agricultura orgânica, somente 2,5% são "agentes biológicos de controle", e uma única espécie de joaninha (0,03%) faz parte desta lista. Nos cultivos de algodoeiro, este cenário traduz-se em raras alternativas biológicas e nenhuma à base de joaninhas para o manejo de pragas-chave e secundárias. Das mais de 6.000 espécies de joaninhas já descritas em todo o mundo, 777 ocorrem no Brasil predando ácaros, pulgões, cochonilhas, moscas-brancas, e muitos outros grupos de pragas importantes para o algodoeiro. Considerando a diversidade brasileira destes predadores e seu potencial como agentes de controle biológico de pragas - especialmente para cultivos orgânicos e agroecológicos – existe uma grande escassez de bioinsumos formulados com joaninhas no Brasil.

O objetivo deste projeto é desenvolver quatro bioinsumos macrobiológicos à base de joaninhas para manejar de forma sustentável importantes pragas do algodoeiro orgânico e agroecológico do Agreste paraibano.