Author(s): JACINTHO, M. A. C.; PROCOPIO, F. R.; ALVES, F. V.; ALMEIDA, R. G. de; PIMENTA, S. C.

Summary: Resumo: Com a crescente pressão mundial em relação aos impactos ambientais causados pela expansão das atividades agropecuárias, as indústrias de curtume nacionais já estão se mobilizando para a produção de couro sustentável, visando ao atendimento de mercados e cadeias de produção exigentes, inclusive no Brasil. Dados de pesquisa realizada pelo Centro das Industrias de Curtumes do Brasil revelam que a porcentagem de empresas que possuem algum tipo de certificação saltou de 60% em 2018 para 78% em 2021. Os resultados indicam que, em 2021, a maioria das empresas (78%) adotaram a certificação Leather Working Group (LWG), 50% apresentaram certificação International Organization for Standardization (ISO) e 14,3% aderiram ao programa de “Certificação de Sustentabilidade do Couro Brasileiro” (CSCB). Liderada pela maior entidade representante do setor – o CICB, a certificação CSCB é uma iniciativa recente que tem como base garantir ao consumidor final a certeza de que o couro foi produzido a partir dos três pilares da sustentabilidade: econômico, ambiental e social. Por outro lado, poucas são as iniciativas, públicas e/ou privadas, que incentivam a produção de pele de qualidade, voltadas às propriedades rurais. Embasada nisso e nas últimas tendências mundiais de consumo, como a busca do consumidor por conhecer a fundo o que consome e a bioeconomia, a Embrapa criou as marcas–conceito Carne Carbono Neutro (CCN) e Carne Baixo Carbono (CBC), cujas bases conceituais preconizam a produção de carne em sistemas que neutralizam as emissões de gases de efeito estufa dos animais – sistemas com árvores associadas à pastagem e à lavoura, ou sistemas que mitigam as emissões - sistemas com pastagens bem manejadas. A criação das marcas–conceito traz a oportunidade de certificação, em nível comercial, do “Couro Carbono Neutro” (Carbon Neutral Brazilian Leather) e do “Couro Baixo Carbono” (Low carbon Brazilian Leather). Estes produtos, de fato, ao contrário do couro commodity, cuja qualidade extrínseca é determinada somente no curtume, impossibilitando a remuneração do produtor, é passível de ser rastreado pré-abate e certificado, visto existirem informações sobre a produção do animal que lhe deu origem. O Couro Carbono Neutro e o Couro Baixo Carbono são originados de sistemas de produção diferenciados, amparados por protocolos de produção certificáveis, que preveem, além de ações de boas práticas voltadas aos animais, questões de preservação ambiental. Esta diferenciação, além de aumentar o nível de competitividade dos sistemas de produção integrados, possibilita a conquista de mercados nacionais e internacionais de alto valor agregado, que demandam couro diferenciado, com poucos ou nenhum defeito, e baixo impacto ambiental, como os de alta moda, estofamento residencial e automotivo, e artefatos de luxo. A adoção de práticas agropecuárias que busquem o equilíbrio entre produção e conservação é essencial para o cumprimento da agenda 2030 da ONU e seus Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Considerando a cadeia bovina, além da aplicação dos preceitos do “Manual Orientador de Boas Práticas Agropecuárias”, a implementação de sistemas integrados de produção que permitem a obtenção de Couro Baixo Carbono e Couro Carbono Neutro se destacam como uma estratégia eficaz para promover a segurança alimentar (ODS 2- Fome zero e agricultura sustentável), conservar a biodiversidade (ODS 12- Consumo e produção responsável e ODS 15- Vida na Terra), mitigar as mudanças climáticas (ODS 13- Ação contra a mudança global do clima) e fortalecer a economia rural.

Publication year: 2024

Types of publication: Booklets

Unit: Embrapa Southeastern Livestock

Keywords: Animal, Couro, Couro baixo carbono, Couro carbono neutro, Couro-BC, Couro-CN, Manejo, Manejo Animal, Prática agropecuária