O Brasil produz hoje a média de 300 mil toneladas de cevada/ano, o que representa apenas 43% do consumo suprido com importações. Caso o país fabricasse todo o malte consumido com cevada nacional a quantidade produzida atualmente poderia ser da ordem de 1,6 milhões de toneladas, ou seja, cinco vezes a mais do que vem sendo produzido.

A cultura da cevada sofria com perdas por acamamento nas lavouras até o melhoramento disponibilizar cultivares de porte anão, com altura média de 75cm. As melhorias na genética também resultaram em cultivares com melhor padrão de qualidade para malte cervejeiro, maior resistência a doenças (como o oídio) e aumento de produtividade em até 15%. A pesquisa também gerou cultivares com ciclo ajustado às características regionais, com ampliação do período vegetativo para escape da geada.

Além dos avanços em termos do produto cultivar, vale a pena sinalizar os avanços na combinação de técnicas convencionas com técnicas avançadas de biotecnologia no processo de melhoramento genético que permitiram reduzir o tempo para a obtenção de uma cultivar. Por exemplo, a aplicação da técnica de duplo-haploidização por meio de cultura de anteras, permitiu a obtenção de novas linhagens em dois anos ao invés de seis anos, como ocorre no processo convencional. Seu uso permite economia de tempo e recursos, bem como confere segurança na transferência de caracteres desejados no processo de melhoramento. A Embrapa Trigo é pioneira e referência no uso da técnica na cultura de cevada que tem sido aplicada desde 1998.

O processo de desenvolvimento da cultivar que foi conduzido com foco regional e sob encomenda por meio de parceria direta com usuário industrial. O trabalho resultou no conjunto de cinco cultivares de cevada lançadas a partir de 2008, dentre elas, BRS Cauê, com indicação para cultivo nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.

Quem ganha com isso?

Cadeia Produtiva da Cevada (agricultores, cooperativas, indústria de malte e indústria de cerveja).

Abrangência geográfica

RS, SC e PR

Benefício econômico

As cultivares anãs de cevada, dentre elas BRS Cauê, representam melhoria em termos de redução de problemas de acamamento (respondendo a doses maiores de nitrogênio aplicadas na semeadura e em cobertura), ajustes as características regionais (reduzindo riscos de perda por geada e redução do custo de irrigação/encaixe no sistema de produção), aumento de rendimento de grãos e melhor desempenho industrial com avanços expressivos em termos de atendimento das exigências da indústria de malte. Atualmente cerca de 90% da área semeada com cevada utiliza a genética Embrapa.

Parceiros

A geração destas cultivares contou com parceria direta da Ambev e Cooperativa Agrária, quer seja no aporte de recursos para execução das atividades de melhoramento e de avaliação de valor de cultivo e uso, quer seja na realização de teste de produto final com uso das cultivares.