Prosa Rural - Criação de pirarucu em cativeiro
Setembro/2007 - 1ª semana - Região Norte
O pirarucu é um dos maiores peixes de água doce, podendo medir dois metros e pesar até 200 kg. Ele pertence a um grupo de animais muito antigo e resultado de 90 milhões de anos de evolução, por isso é considerado um contemporâneo dos dinossauros. O enorme peixe, que significa no idioma indígena peixe vermelho, vive em águas calmas e lagos inundados, mas também pode ser encontrado em rios de correnteza moderada.
Cientificamente o pirarucu chama-se Arapaima gigas e sua carne deliciosa e muito valorizada o tem tornando presa fácil dos predadores. Hoje ele é caçado indiscriminadamente na Amazônia reduzindo a sua produção e comercialização. Para os pesquisadores da Embrapa Amazônia Oriental a alternativa para reduzir essa pressão e garantir o consumo de sua carne, é criar o pirarucu em cativeiro.
Estudos que se desenvolvem há mais de 20 anos têm apresentado resultados bem promissores e têm ajudado a desvendar vários dos aspectos até então desconhecidos da biologia deste peixe. Informações sobre a fisiologia reprodutiva do pirarucu, no entanto, ainda são muito escassas e um dos temas que estão em fase de aprofundamento refere-se à dificuldade em identificar o sexo dos reprodutores. Somente no período da reprodução é possível essa identificação, já que o macho adquire uma acentuada coloração escura na parte superior da cabeça e na região dorsal. Os flancos, ventre e parte da cauda ficam mais vermelhos.
As pesquisas têm se concentrado também na alimentação (ele come basicamente peixes menores e moluscos, crustáceos e insetos), crescimento, rusticidade e aspectos econômicos. Ele pode alcançar 10 kg em apenas um ano.
Os principais problemas enfrentados pelos produtores que criam o pirarucu em cativeiro dizem respeito à alimentação e à reprodução. Durante o programa, os ouvintes vão conhecer alternativas para enfrentarem estas dificuldades. Em relação à alimentação, por exemplo, a bióloga Roselane Correia, pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental que participa do Prosa Rural, explica que, quando se cria o pirarucu em cativeiro, uma das estratégias para sua alimentação é criar esta espécie em consórcio com outros animais domésticos. Uma opção é criar espécies forrageiras de peixes que servirão como alimento para o pirarucu. "Primeiro, o produtor povoa o viveiro com essas espécies, que têm menor valor econômico do que o pirarucu. Depois de um intervalo de tempo suficiente para que essa espécie se prolifere, o produtor introduz o pirarucu", explica a pesquisadora.
A tilápia é uma das espécies utilizadas como forrageira nesse sistema de consórcio. Os ouvintes do Prosa Rural também vão conhecer uma lenda sobre o pirarucu e ainda conferir o depoimento de um produtor que cria o pirarucu em cativeiro há mais de 20 anos.
Região Norte
Ruth Rendeiro
Embrapa Amazônia Oriental
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