Curso inédito reúne a cadeia produtiva da baunilha
Curso inédito reúne a cadeia produtiva da baunilha
Photo: Eduardo Pinho
Os participantes visitaram o Banco de Germoplasma de Baunilha da Unidade, acompanhados pelos pesquisadores Luciano Bianchetti, Marilia Pappas e Rosa Alves
De 18 e 21 de março, Brasília sediou o I Encontro de Produtores de Baunilhas, reunindo especialistas, pesquisadores e produtores para discutir o potencial da cultura no Brasil. O evento, que contou com cerca de 70 participantes, teve atividades na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (DF), no IESB e na Universidade de Brasília (UnB).
A cerimônia de abertura foi na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, com a participação da chefe-geral substituta da Unidade, Priscila Grynberg, que destacou a importância de reunir no evento toda a cadeia produtiva da baunilha, desde os produtores até os profissionais da gastronomia.
Araceli Perez Silva, professora do Instituto Tecnológico de Tuxtepec (México), considerada uma das maiores especialistas em pós-colheita ou cura de baunilhas do mundo, ministrou uma conferência de abertura sobre o valor biocultural das baunilhas nas Américas. Os participantes também visitaram o Banco de Germoplasma de Baunilha da Unidade, acompanhados pelos pesquisadores Luciano Bianchetti, Marilia Pappas e Rosa Alves.
Também foram realizadas duas mesas de discussão. A primeira abordou as contribuições da Embrapa para as pesquisas com baunilhas, apresentada pelo pesquisador Roberto Fontes Vieira; e o projeto “A produção comercial das baunilhas brasileiras para sua inserção no circuito gastronômico do Distrito Federal, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do DF (FAPDF)”, com Tainá Zaneti e Claudia Nasser.
A segunda mesa trouxe debates com os temas “Baunilhas: entre aromas e sabores. Fundamentos do desenvolvimento do aroma de baunilha, com a professora Araceli Perez; e o “Sabor da baunilha no turismo gastronômico”, apresentado por Ângela Almeida, produtora rural de Brasília.
Minicursos
O evento promoveu minicursos voltados para pós-colheita, beneficiamento e avaliação sensorial das baunilhas. As atividades foram conduzidas pela professora Araceli Perez e incluíram aulas teóricas e práticas, com uma visita ao cultivo de baunilhas no Mocambo Cultural.
No IESB, foi realizada uma rodada de negócios mediada por Tainá Zaneti, reunindo produtores e investidores interessados no mercado de baunilha. Depois, foi realizada uma palestra sobre avaliação sensorial e uma feira para exposição e venda de mudas e produtos derivados da baunilha.
Os participantes visitaram ainda Laboratório de LMCERVA/IQ/UnB, coordenado pelos professores Paulo Suarez e Grace Ghesti. Em seguida, a professora Araceli Perez apresentou o Projeto VaniClim, uma iniciativa voltada para o desenvolvimento sustentável da baunilha, na qual ela vê a possibilidade de parceria com pesquisadores brasileiros. “Já existe essa colaboração com pesquisadores de outros países e seria muito importante a participação do Brasil, o país mais biodiverso em vanilas do mundo”, acrescentou.
Avanços
O evento foi realizado pela UnB, com o apoio da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. Para o pesquisador Roberto Fontes, o curso permitiu uma grande interação entre produtores, pesquisadores e o setor de gastronomia. “No campo da pesquisa, a possibilidade de parceria com o México, país centro de origem da baunilha, pode nos permitir avançar no desenvolvimento desse cultivo”, ressaltou.
Rubens Bartholo, proprietário do Mocambo Cultural, destacou a importância dos conhecimentos repassados pela professora Araceli Perez, uma das maiores especialistas no processo de pós-colheita de baunilhas, fase crítica do processamento que envolve atividades relacionadas à cura e maturação dos aspectos sensoriais dos frutos.
“Ela nos trouxe informações muito valiosas sobre como proceder, uma vez que não possuímos ainda um protocolo de conhecimento e rotinas de atividades pós-colheita”, comentou Bartholo. Para ele, a oficina de aperfeiçoamento de percepção dos aspectos olfativos/sensoriais para a identificação da qualidade das baunilhas produzidas foi um dos pontos altos do evento.
Intercâmbio
Araceli Perez ressaltou que o conteúdo apresentado por ela durante o curso é o resultado de anos de pesquisa científica em seu país de origem. “O Instituto Tecnológico Nacional do México, onde trabalho no Campus Tuxtepec, lidera esses estudos, e nosso objetivo é divulgar informações sobre o beneficiamento da baunilha, os fatores que impactam sua qualidade, as diferenças entre as espécies estudadas e o valor biocultural, econômico, social e ambiental dessa especiaria”, explicou.
Ela disse que, ao conhecer melhor o Brasil, percebeu que os dois países têm muito em comum. “Somos riquíssimos em biodiversidade e, como o México é o país de origem da baunilha, acredito que nossa experiência pode ajudar no sucesso do caminho que o Brasil está trilhando no cultivo dessa planta.”
Em relação à cadeia produtiva, Araceli Perez comentou que o Brasil ainda está em um estágio inicial no desenvolvimento do cultivo de baunilha. “Não conheço profundamente a organização do setor aqui, mas posso compartilhar que, no México, mesmo com anos de produção, ainda enfrentamos desafios para estruturar essa cadeia”, relatou. Na opinião dela, o Brasil pode aprender com a experiência mexicana e estruturar uma organização mais sólida desde o início, garantindo um cultivo justo e sustentável.
Eduardo Pinho (MTb/GO - 1073)
Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia
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