Patentes deferidas pelo INPI abrem novas oportunidades de negócios
Patentes deferidas pelo INPI abrem novas oportunidades de negócios
Photo: Sebastião José de Araújo
Uma das tecnologias visa ao desenvolvimento de plantas resistentes à mosca branca, uma das pragas mais devastadoras da agricultura mundial
Em 2024, foram deferidas três patentes pelo Instituto Nacional da Propriedade Intelectual (INPI) à Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. Uma delas, o Processo de Obtenção de Moléculas Bioativas em Sistemas Carreadores Micro e Nanoestruturados, é um novo método de produção de sistemas carreadores de fármacos e biomoléculas, utilizando hemácias como matéria-prima, com impactos na indústria farmacêutica.
Desenvolvido a partir de subprodutos da cadeia agropecuária, o processo permite a criação de transportadores micro e nanoestruturados que aumentam a biodisponibilidade de medicamentos e reduzem efeitos colaterais. A técnica é sustentável e pode ser aplicada no tratamento de diversas patologias, incluindo câncer, infecções e dores crônicas.
As hemácias, células sanguíneas abundantes e biocompatíveis, são transformadas em sistemas de transporte que encapsulam peptídeos bioativos derivados da hemoglobina. Esses peptídeos possuem atividades antitumorais, antimicrobianas, antioxidantes e analgésicas, entre outras. Além disso, o processo utiliza lipossomos e nanopartículas poliméricas, como a quitosana, para garantir a liberação controlada e direcionada dos fármacos.
A inovação supera desafios como a degradação enzimática de medicamentos e a toxicidade de solventes usados em métodos tradicionais. Com potencial para aplicações humanas e veterinárias, a tecnologia abre caminho para terapias mais eficazes e sustentáveis, alinhando-se às demandas por soluções farmacêuticas seguras e de baixo impacto ambiental.
O estudo foi desenvolvido em parceria entre a Universidade de Brasília (UnB) e a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, com a participação do pesquisador Luciano Paulino. A patente tem validade de 20 anos, contados a partir de 29/01/2015.
Interessados em fazer parceria para o desenvolvimento dessa tecnologia podem entrar em contato pelo e-mail: cenargen.chtt@embrapa.br.
Mosca branca
Já o Método de Produzir Planta Resistente a Inseto-Praga, Semente de Planta e Moléculas de Ácido Nucleico Utilizadas para Obtenção de tal Planta visa ao desenvolvimento de plantas resistentes à mosca branca (Bemisia tabaci), uma das pragas mais devastadoras da agricultura mundial.
A técnica utiliza a interferência de RNA (RNAi) para silenciar genes essenciais do inseto, especificamente aqueles que codificam para ATPases vacuolares, enzimas cruciais para sua sobrevivência. Ao inserir moléculas de DNA nas plantas, que produzem RNA de dupla fita (dsRNA), os cientistas conseguem suprimir a expressão desses genes quando o inseto se alimenta da planta, levando à sua morte.
A mosca branca é responsável por perdas significativas na agricultura, transmitindo mais de 111 espécies de vírus e colonizando mais de 600 tipos de plantas. Tradicionalmente, o controle dessa praga depende de inseticidas, mas o desenvolvimento de resistência e os impactos ambientais têm limitado sua eficácia. A nova abordagem, baseada em RNAi, oferece uma solução mais sustentável e específica, reduzindo a necessidade de produtos químicos.
A patente concedida protege genes quiméricos, construções e vetores contendo esses genes, além do método para controlar insetos usando a molécula de dsRNA e composições inseticidas contendo dsRNA. A tecnologia oferece uma alternativa eficaz e ecologicamente sustentável para proteger cultivos agrícolas, podendo ser aplicada em diversas culturas, como tomate, feijão e mandioca, entre outras.
O estudo foi desenvolvido pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. O pesquisador Francisco Aragão é o responsável na Unidade. A patente tem validade de 20 anos, a partir de 07/06/2016.
Interessados em fazer parceria para o desenvolvimento dessa tecnologia podem entrar em contato pelo e-mail: cenargen.chtt@embrapa.br.
Carbon-dots
A terceira patente deferida em 2024, intitulada Nanoformulações Biopesticidas Baseadas em Metabólitos Secundários e Micronutrientes, seu Processo de Obtenção e seu Uso no Controle de Patógenos e Pragas, utiliza nanoformulações baseadas em Carbon-dots (nanopartículas de carbono) associadas a cobre e óleos essenciais de citronela, cravo e laranja doce, com potencial para uso como biopesticidas no controle de pragas e patógenos.
Essas formulações, que combinam nanotecnologia e compostos naturais, apresentam atividade antifúngica e larvicida, sendo uma alternativa sustentável aos pesticidas químicos tradicionais.
A tecnologia visa superar os desafios do uso de óleos essenciais, como volatilidade e baixa solubilidade em água, ao encapsulá-los em Carbon-dots, que melhoram a estabilidade e a entrega direcionada dos compostos ativos. Além disso, a inclusão de cobre em baixas concentrações oferece um controle eficaz de patógenos, reduzindo a toxicidade ambiental e os riscos à saúde humana.
As nanoformulações são biodegradáveis, biocompatíveis e seguras para trabalhadores rurais, além de serem eficazes contra doenças agrícolas, como a ferrugem do café, e vetores de arboviroses, como o Aedes aegypti.
O estudo foi desenvolvido em parceria entre a UnB, Krilltech Soluções Sustentáveis e Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, por meio da pesquisadora Érika Albuquerque. A patente tem validade de 20 anos, a partir de 31/01/2020.
Nanopartículas
Ainda em 2024, foi feito o depósito da patente intitulada Método de Síntese de Micro e/ou Nanopartículas de Prata a Partir de Extratos Aquosos de Plantas, Micro e/ou Nanopartículas de Prata, e Uso de Micro e/ou Nanopartículas de Prata.
A técnica utiliza partes de vegetais, como folhas e cascas de frutas, para produzir nanopartículas de forma sustentável. Baseada nos princípios da química verde, a metodologia permite que o extrato vegetal atue como agente redutor, reduzindo a dependência de produtos químicos agressivos e minimizando a geração de resíduos.
As micro e nanopartículas produzidas apresentam diâmetro hidrodinâmico controlável, propriedades espectroscópicas específicas e um comprovado efeito antimicrobiano. Esses atributos tornam as nanopartículas adequadas para uma variedade de aplicações industriais. O responsável técnico na Unidade é o pesquisador Luciano Paulino.
Eduardo Pinho (MTb/GO - 1073)
Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia
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