Copas e porta-enxertos

Conteúdo migrado na íntegra em: 20/12/2021

Autores

Luis Antônio Suita de Castro - Embrapa Clima Temperado

Nelson Luiz Finardi - Consultor autônomo

 

Copas

O material a ser enxertado é consequência das exigências locais em determinada espécie ou cultivar, desta forma, os interesses de consumo “in natura” ou de industrialização dos frutos de determinada cultivar de ameixeira em cada região, se constitui no principal fator a ser observado na produção de mudas. Atualmente, grande é o número de cultivares disponíveis, satisfazendo as mais variadas exigências do mercado, por apresentarem boas características varietais.

Escolhida a cultivar a ser propagada, e estando o viveiro preparado adequadamente, o processo normalmente utilizado na multiplicação é o de enxertia, o qual facilita a uniformização do pomar pelo uso de plantas geneticamente iguais e sistema radicular adequado às diferentes características dos solos regionais.  O processo de enxertia mais usado atualmente é o de gema viva, por ser o mais rápido e prático para obtenção de mudas em grande escala.

Este tipo de enxertia é realizado, geralmente, no final da primavera, permitindo produzir mudas padronizadas em apenas um ciclo vegetativo, devendo-se realizar a enxertia o mais cedo possível, dando-se preferência ao final do mês de novembro ou início de dezembro, quando os porta-enxertos atingem em torno de 70 cm de altura e, aproximadamente, 6 mm de diâmetro, estando aptos a receber o enxerto, obtendo-se até 90% de mudas uniformes.


Porta-enxertos

Atualmente, os porta-enxertos mais utilizados pelos viveiristas são pessegueiros oriundos de sementes, de variedades comerciais, pela facilidade de obtenção de caroços nas fábricas de conserva. Outros porta-enxertos podem ser utilizados, como o pessegueiro “Okinawa”, por apresentar certo grau de resistência a algumas espécies de nematoides causadores de galhas nas raízes; as ameixeiras “Brompton” e “Damas l869” são utilizadas pela fácil propagação vegetativa, além de diversas cultivares de pessegueiro disponíveis regionalmente.Tem-se, também, o porta-enxerto “Mirabolano”(Prunus cerasifera) que é utilizado em regiões frias devido ao fácil enraizamento, o “San Julian” (Prunus juliana) por apresentar rebrote intenso e boa adaptação às cultivares europeias e o “Mariana”, por adaptar-se perfeitamente às cultivares japonesas.  No caso de ameixeiras sobre porta-enxerto de pessegueiro, pode-se verificar um florescimento mais intenso , uma produção mais precoce e uma longevidade menor.Entretanto, há necessidade de estudos complementares que indiquem porta-enxertos mais adaptados aos diferentes locais e cultivares, pois os atualmente existentes mostram níveis variáveis de compatibilidade com as várias cultivares disponíveis. O processo mais fácil de se obter porta-enxerto para ameixeira consiste na germinação de caroços resultantes do processo de industrialização de pêssegos de conserva. Os caroços são colhidos logo após o descaroçamento, limpando-os de forma que não permaneçam com porções de polpa aderidas, para evitar a ocorrência de fermentações prejudiciais à germinação. No processo de limpeza, os caroços são espalhados em camadas com altura de aproximadamente 20 centímetros, à sombra, fazendo-se duas remoções diárias, de forma que os caroços façam atrito entre si, forçando o desprendimento da polpa. Este processo deve durar em torno de três a sete dias, de acordo com a necessidade, utilizando-se água abundante, para facilitar a limpeza.  Após este período, os caroços devem ser colocados na sementeira ou permanecerem à sombra, no máximo até o final de abril, quando deverão ser semeados, mantendo-se a umidade constante durante este período.