Tratos culturais

Conteúdo migrado na íntegra em: 20/12/2021

Autores

Luis Antônio Suita de Castro - Embrapa Clima Temperado

José Francisco Martins Pereira - Consultor autônomo

 

Condução inicial da muda

Normalmente, as mudas de ameixeira são plantadas em haste única, com comprimento variável e niveladas, posteriormente, à altura de 70 cm do solo. Dependendo da cultivar e do clima da região, em meados de agosto/setembro iniciam as brotações das gemas vegetativas localizadas em toda a haste principal da muda. Como norma geral, tem-se procurado reduzir gastos desnecessários de energia pela planta, na formação de ramos, que em hipótese alguma poderão ser aproveitados. Deve-se proceder, então, à retirada de todas as brotações situadas na porção inferior da muda, até a altura de aproximadamente 40 cm do solo; entretanto, todos os ramos situados na porção superior devem permanecer na planta, sem que ocorra qualquer interferência.Tem-se observado que, em ramos estruturais selecionados durante o primeiro período vegetativo, é grande a possibilidade de ocorrer a perda devido ao ataque de pragas, de doenças, de roedores (lebre), por acidentes mecânicos e, principalmente, quebra ocasionada pelo vento, devido à fragilidade da união dos ramos ao tronco, durante os primeiros estágios de desenvolvimento da planta. Em muitos casos, tem-se numerosa ramificação na porção superior da muda, entretanto, não há necessidade de maiores preocupações porque poderão ser retiradas na poda de inverno. Desta forma, estarão favorecendo o fortalecimento do tronco e raízes, possibilitando uma planta estruturalmente bem estabelecida.
A seleção dos ramos que formarão as pernadas da planta, em número de quatro, é, portanto, realizada apenas durante o período de repouso vegetativo, na poda de inverno. Nessa ocasião, todos os ramos desnecessários devem ser eliminados
A poda é uma operação importante no manejo das plantas, uma vez que visa estimular a formação de novas áreas de produção, livrar a árvore de ramos doentes, fracos e “ladrões”, proporcionar um certo equilíbrio entre crescimento vegetativo e produção, estimular a produção de frutos de melhor qualidade, diminuir a alternância de produção, conduzir a planta a uma forma desejada e controlar a altura da mesma, facilitando os tratos culturais.

Para que se possa podar adequadamente a ameixeira, deve-se ter em mente o seu hábito de frutificação. O hábito de frutificação dos dois grupos básicos é bem diferenciado. As ameixeiras europeias frutificam sobre esporões (ramos curtos, de crescimento determinado e especializado em produção de flores e frutos). Aquelas do grupo japonês e seus híbridos possuem, além de esporões, ramos mistos, isto é, ramos que possuem gemas floríferas e vegetativas. A ameixeira produz frutos lateralmente, em ramos de um ano ou em esporões vigorosos da madeira mais velha. A poda seca ou de inverno é feita durante o período de repouso vegetativo. Dependendo da cultivar e região onde é cultivada a ameixeira, a poda é realizada de junho até agosto.

Poda de formação

As cultivares do grupo europeu são, geralmente, mais adaptadas ao sistema de líder central e as do grupo japonês adaptam-se melhor ao sistema de centro aberto.
O sistema de líder central (ou eixo central) é uma forma utilizada, principalmente, em pomares de alta densidade. Este sistema permite o desenvolvimento do tronco como uma estrutura única e sem ramificações até aproximadamente, 40 a 50 cm de altura.

A partir desta altura são escolhidas anualmente, nos três próximos anos, camadas de ramificações primárias, constituídas por 4 a 5 ramos e distanciadas de 50 cm uma camada da outra. Ao final do terceiro ano, a planta terá três camadas de ramos primários que formam, junto com o líder central, o esqueleto da planta e que darão origem a ramificações secundárias e sustentação da produção.No sistema de vaso ou centro aberto, são selecionadas de quatro a seis ramificações, distribuídas de forma radial, ficando a mais baixa a 30 cm do solo. Destas, são conservadas apenas quatro, entretanto, é aconselhável deixar um ou dois ramos a mais, devido à possibilidade de perda de algum deles, por efeito do vento ou de outro agente.Os ramos principais selecionados devem ser reduzidos em até um terço de seu comprimento, cortados logo acima de um ramo lateral que se dirija para fora. Este detalhe destina-se a abrir a copa da planta.