Manejo e conservação

Conteúdo migrado na íntegra em: 20/12/2021

Autores

Enilton Fick Coutinho - Embrapa Clima Temperado

Nicácia Portella Machado - Consultora autônoma

Rufino Fernando Cantillano - Embrapa Clima Temperado

 

Além do consumo in natura, a amora-preta é destinada à produção de polpa, geleificados e sucos naturais.


Colheita

A maturação é considerada como um estádio de desenvolvimento alcançado pela fruta na planta, o qual, após a colheita e manejo pós-colheita, terá uma qualidade mínima que garanta a sua aceitabilidade pelo consumidor. A maturação de uma fruta pode ser medida por uma série de métodos. Entretanto, muitos são destrutivos e/ou de pouco valor numa situação de campo. Por isso, os índices de maturação são específicos para cada espécie de fruta e devem ser adaptados a cada situação local.

O índice de maturação mais utilizado em amoras é a mudança da cor superficial da fruta. Adicionalmente, podem ser incluídos o teor de sólidos solúveis e a acidez titulável. As amoras devem ser colhidas pouco antes da maturação de consumo, pois suas características não mudam significativamente após a colheita. O ponto de colheita é determinado quando a cor do fruto estiver totalmente preta, sendo recomendado realizar a colheita a cada dois a três dias.
 

A maturação da amora-preta pode ser determinada pela cor de superfície do fruto, bagas completamente pretas; firmeza, teor de sólidos solúveis, acidez titulável e aroma característico. Durante o amadurecimento dos frutos há perda de acidez, portanto, são bastante adstringentes se colhidos parcialmente maduros.
 

Os índices de qualidade são as características do fruto que são exigidas na comercialização e que são valorizadas pelo consumidor. Os principais índices de qualidade em amoras são a aparência (cor, tamanho, forma, e ausência de defeitos), firmeza, sabor (sólidos solúveis, acidez titulável e compostos voláteis) e valor nutricional (vitamina A e C). O sabor das amoras não muda significativamente após a colheita, por esse motivo devem ser colhidas com características de qualidade muito próximas às de consumo.



Armazenamento dos frutos
 

A amora-preta é um fruto altamente perecível, com alta taxa respiratória e elevada produção de etileno, apresentando curta vida pós-colheita. A produção de etileno em amoras varia entre 0,1 µL.kg-1.h-1 a 1 µL.kg-1.h-1 a 5 ºC, conforme a cultivar, sendo que sua remoção do ar da câmara frigorífica ajuda no controle de doenças.

Devido à rápida perda de qualidade pós-colheita, há grande limitação quanto ao mercado de frutos “in natura”. Portanto, é de grande importância a utilização de técnicas que ampliem o tempo de armazenamento sem, contudo, alterar suas características físicas, organolépticas e nutricionais.

O pré-resfriamento é a primeira etapa a ser realizada no manejo pós-colheita. Tem como finalidade a remoção rápida do calor do campo dos produtos recém-colhidos, antes do transporte, armazenamento ou processamento. O método recomendado para pequenos frutos, como amora-preta, é o pré-resfriamento por ar forçado, pois estas não suportam o pré-resfriamento com água, uma vez que a imersão dos frutos em soluções aquosas pode comprometer a integridade dos tecidos de proteção dos mesmos, aumentando a atividade respiratória, a perda de água por transpiração e a incidência de podridões.

As amoras são frutos muito perecíveis, portanto, quando colhidas para o consumo “in natura”, devem ser pré-resfriadas rapidamente. É recomendado ar forçado a 5 ºC durante 4 horas.


Alterações Fisiológicas

Os principais danos fisiológicos apresentados por amoras em pós-colheita são:

a) Drupas vermelhas: amoras podem desenvolver uma reversão da cor após a colheita e durante o armazenamento refrigerado. O processo consiste em que parte da fruta que originalmente tinha uma cor escura, adquira uma cor vermelha brilhante, depreciando a qualidade do produto no mercado. Entre os fatores que predispõem a este distúrbio, estão a susceptibilidade da cultivar, fruta colhida imatura, alta temperatura durante a colheita, condensação de água sobre a fruta e temperatura de armazenamento. Recomenda-se, após a colheita, colocar os recipientes com frutas na sombra. Amoras-pretas ‘Shawnee’ armazenadas a 2 ºC durante 7 dias apresentaram cor vermelha mais intensa que aquelas armazenadas a 20 ºC.

b) Desidratação (perda de água): as drupas são bastante suscetíveis à desidratação. Para minimizar a perda de água, os frutos devem ser resfriados rapidamente e manter entre 90 a 95% de umidade relativa ao redor dos mesmos.

c) Danos relacionados à atmosfera controlada: exposição das bagas sob concentrações menores que 2% de oxigênio ou maiores que 25% de gás carbônico podem causar sabor e aroma desagradáveis e coloração marrom nos frutos, dependendo da cultivar, temperatura e período de exposição.

d) Injúrias causadas pelo frio: os sintomas são perda do brilho das drupas, textura borrachuda e aumento da suscetibilidade dos frutos a podridões pós-colheita.



Podridões Pós-Colheita

As doenças em pós-colheita são responsáveis por perdas dos produtos frutícolas que, em muitos casos, podem ser superiores a 50%, antes mesmo de estarem disponíveis à mesa do consumidor. Os fungos e as bactérias são os principais microrganismos causadores de doenças pós-colheita de frutos.


Embalagens

Na comercialização, os tipos de embalagens são utilizados segundo o destino dos frutos. Observa-se que para o mercado “in natura”, as embalagens são semelhantes às utilizadas para morangos, sendo bandejas com 120 a 150 gramas de amoras-pretas. Para a indústria, os frutos podem ser congelados, enlatados ou utilizados no processamento de iogurtes, sorvetes e sucos.

Para o mercado da amora-preta, se tem estabelecido padrões e parâmetros de qualidade pela norma ICONTEC, NTC 4106 que contempla os seguintes requisitos: frutos com todas suas drupas bem formadas, sadias e sem umidade externa, livres de odores, sabores e materiais estranhos, apresentar aspecto fresco e consistência firme e frutos com coloração padrão.

Para mais informações como boas práticas agrícolas na colheita, armazenamento e transporte da amoreira-preta, acesse o sistema de produção, nas informações complementares da árvore.