Caju
Necessidade de irrigação
Autores
Vitor Hugo de Oliveira - Consultor autônomo
Fábio Rodrigues de Miranda - Embrapa Agroindústria Tropical
Necessidades hídricas
A irrigação do cajueiro pode ser realizada apenas durante o período de florescimento até a colheita dos frutos, sem causar redução na produção, e com significativa economia de água, comparada à irrigação durante todo o período de seca.
As necessidades hídricas do cajueiro variam de acordo com o clima, com a área foliar da planta, com a fase da cultura e com o método de irrigação utilizado. Em alta demanda evapotranspirativa são recomendados cerca de 5 L dia-1 de água, para cada metro quadrado de superfície do solo sombreada pela copa das plantas ou de área molhada pelos emissores (Tabela 7). A freqüência das irrigações depende da capacidade de retenção de água do solo e deve variar entre um e quatro dias, para solos arenosos e argilosos, respectivamente.
Caso a irrigação seja por gotejamento, os volumes recomendados na Tabela 7 podem ser reduzidos em cerca de 15%. O número de gotejadores por planta deve aumentar gradualmente, de acordo com a idade e o porte das plantas, de um gotejador durante o primeiro ano de cultivo, para até quatro, seis ou oito por planta adulta, no caso de solos argilosos, de textura média, ou arenosos, respectivamente.
O monitoramento da umidade ou da tensão da água do solo é recomendável, a fim de assegurar que os volumes de água aplicados e a freqüência das irrigações atendam às necessidades da cultura. Para isso, podem ser utilizados tensiômetros que devem ser instalados na zona de maior concentração do sistema radicular da cultura e em locais representativos das condições do campo como um todo. Para cada área homogênea em termos de solo e fase da cultura, devem ser instalados tensiômetros em pelo menos três locais diferentes. Isso permite identificar sensores com leituras muito acima ou abaixo da média, que devem ser avaliados quanto ao seu funcionamento ou quanto à ocorrência de problemas no sistema de irrigação (entupimento de emissores, vazamentos na tubulação etc).
TABELA 7 – Valores médios de área de projeção da copa, cobertura do solo e necessidade diária de água do cajueiro anão em função da idade da planta.
Fonte: Adaptado de Oliveira et al. (2003).
No caso do cajueiro, os tensiômetros devem ser instalados em duas profundidades, em cada local de monitoramento: o primeiro a 20 cm e o segundo a 50 cm de profundidade. A distância dos sensores em relação ao tronco da planta varia de 30 cm no primeiro ano de cultivo, a até 1,6 m em plantas adultas. Quando se utiliza a irrigação por gotejamento, os tensiômetros devem ser instalados a uma distância lateral de 20 cm do gotejador. As leituras dos tensiômetros devem ser realizadas, preferencialmente, pela manhã. No caso do cajueiro cultivado em solo arenoso, a tensão da água do solo entre as irrigações deve variar entre 8 a 25 centibars. Para solos argilosos a faixa ideal é entre 30 e 50 centibars. Leituras mais baixas que os valores mínimos citados indicam que a irrigação está excessiva. Leituras acima da faixa ideal indicam que o solo está mais seco que o desejável e a quantidade de água deve ser aumentada e / ou o turno de rega reduzido.
Fertirrigação
A aplicação de fertilizantes via água de irrigação (fertirrigação), apresenta como principais vantagens o aumento da eficiência dos fertilizantes e a redução de custos com mão-de-obra e maquinaria para sua aplicação. A fertirrigação permite aplicar os nutrientes ao solo com maior freqüência, sem aumentar o custo de aplicação, minimizando perdas por volatilização e lixiviação e otimizando a absorção pelas raízes. Os nutrientes mais freqüentemente aplicados na fertirrigação são aqueles com maior mobilidade no solo, como o nitrogênio e o potássio. Para aplicar os fertilizantes na fertirrigação é necessário um ou mais tanques de solução, onde os fertilizantes são pré-diluídos em água, e um dispositivo injetor. Os tipos de injetores mais utilizados na fertirrigação são: bomba injetora, venturi e tanque de diferencial de pressão.
Várias são as vantagens da fertirrigação: a) uniformidade de aplicação de fertilizantes; b) aplicação do fertilizante de acordo com as necessidades da planta; c) maior eficiência dada a mobilidade do fertilizante na zona molhada do sistema radicular; d) economia de mão-de-obra e de equipamentos agrícolas; e) redução da compactação do solo pela não utilização de maquinaria pesada; f) os fertilizantes são aplicados de acordo com a marcha de absorção de nutrientes; g) maior fracionamento das doses aplicadas reduzindo as perdas. O manejo da fertirrigação deve ser cuidadoso de modo a evitar a acidificação e salinização do solo na zona radicular. Para evitar o entupimento dos emissores os fertilizantes utilizados devem ser de elevada solubilidade bem como não formar precipitados principalmente fosfatos de cálcio e ferro.
Fonte Consultada:
OLIVEIRA, V.H.; SANTOS, F.J.S.; CRISÓSTOMO, L.A.; SAUNDERS, L.C.U. Manejo da irrigação na produção integrada do cajueiro-anão precoce. Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical, 2003. 7p. (Embrapa Agroindústria Tropical. Circular Técnica, 15).