Cana
Mercado externo
Autor
Carlos Eduardo Freitas Vian - Consultor autônomo
O açúcar é considerado um produto de relativa dificuldade para comercialização internacional, em razão de fortes restrições, como cotas, subsídios e outras limitações à importação. Essas políticas protecionistas surgiram devido ao valor estratégico do açúcar como ingrediente essencial para diversos tipos de alimentos, além de ser uma fonte de energia relativamente barata.
Entretanto, o Brasil exporta, hoje, cerca de 60% de seu açúcar - porcentagem estabilizada a partir da safra 2002/2003 - e domina 40% do mercado internacional, tornando-se o maior exportador mundial. De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o País enviou ao mercado externo 18,9 milhões de toneladas, em 2006, gerando 6,1 bilhões de dólares internamente.
A Figura 1 apresenta os principais países exportadores de açúcar. Já, a Figura 2 e Tabela 1 apresentam a quantidade de açúcar comercializada pelo Brasil externamente.
Figura 1. Principais países exportadores de açúcar - safras 2001/02 a 2006/07. Fonte: Estados Unidos. Department of Agriculture (2007), adaptado pelo autor. |
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Figura 2. Porcentagem de açúcar exportado pelo Brasil - safras 2000/01 a 2007/08. |
Tabela 1. Quantidade de açúcar, preço médio e total exportado, em US$, entre 1996 e junho de 2008. |
Fonte: Brasil. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (2008). |
Preços em alta
Observa-se, pela Tabela 1, que o volume exportado de açúcar cresceu apenas 4% de 2005 para 2006, enquanto o valor exportado subiu 57%. Isto se deve ao grande aumento dos preços internacionais, ocorrido devido a uma combinação de fatores: preços de petróleo elevados; quebra na produção de açúcar em importantes países produtores, como Tailândia e Paquistão; aumento significativo da demanda mundial por açúcar e álcool; redução dos estoques internacionais. A relação entre estoque e consumo de açúcar vem caindo pelo quinto ano consecutivo, sendo, atualmente, o menor dos últimos nove anos.
Destino do açúcar e tendências
O principal mercado para o açúcar brasileiro é o da Rússia. Em 2006, o país importou 25% da produção brasileira de açúcar, somando um volume de 4,2 milhões de toneladas no ano. Países do Oriente Médio e da África também estão no ranking. A Figura 3 apresenta os principais mercados importadores do açúcar produzido pelo Brasil.
Figura 3. Principais destinos do açúcar brasileiro (em toneladas) entre janeiro e dezembro de 2006. Fonte: Rodrigues (2007). |
Projeções de médio e longo prazo indicam que o consumo mundial de açúcar continuará aumentando. Este crescimento poderá ser de cerca de 21% até 2015, atingindo 176,2 milhões de toneladas. A expansão decorre de fatores, como:
- aumento do poder de compra dos consumidores em diversas regiões do mundo;
- crescimento do consumo de alimentos processados, resultante da migração da população de áreas rurais para urbanas;
- tendência do consumo de adoçantes de baixas calorias à base de açúcar, como a sucralose.
Figura 4. Perspectivas de consumo mundial de açúcar para os anos 2005, 2010 e 2015. Fonte: Carvalho (2006). |
Fontes consultadas:
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Secretaria de Comércio Exterior. Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior via Internet - Aliceweb. Disponível em: <http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br/>. Acesso em: 10 jul. 2008.
CARVALHO, G. R. O setor sucroalcooleiro e perspectiva. Campinas: Embrapa Monitoramento por Satélite. 17 p. Disponível em: <http://www.cnpm.embrapa.br/conjuntura/0603_Sucroalcooleiro.pdf>. Acesso em: 15 set. 2008.
ESTADOS UNIDOS. Department of Agriculture. Sugar and sweeteners outlook. Washington, D.C., 2008. (Economic Research Service, SSS-252).
RODRIGUES, A. P. Perspectivas do mercado sucroalcooleiro. São Paulo, 2007. Trabalho apresentado no Seminário BM&F: perspectivas para o agribusiness em 2007 e 2008, abr., 2007, São Paulo, SP.