Mercado externo

Conteúdo atualizado em: 23/02/2022

Autor

Carlos Eduardo Freitas Vian - Consultor autônomo

 

O açúcar é considerado um produto de relativa dificuldade para comercialização internacional, em razão de fortes restrições, como cotas, subsídios e outras limitações à importação. Essas políticas protecionistas surgiram devido ao valor estratégico do açúcar como ingrediente essencial para diversos tipos de alimentos, além de ser uma fonte de energia relativamente barata.

Entretanto, o Brasil exporta, hoje, cerca de 60% de seu açúcar - porcentagem estabilizada a partir da safra 2002/2003 - e domina 40% do mercado internacional, tornando-se o maior exportador mundial. De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o País enviou ao mercado externo 18,9 milhões de toneladas, em 2006, gerando 6,1 bilhões de dólares internamente.

A Figura 1 apresenta os principais países exportadores de açúcar. Já, a Figura 2 e Tabela 1 apresentam a quantidade de açúcar comercializada pelo Brasil externamente.

Figura 1. Principais países exportadores de açúcar - safras 2001/02 a 2006/07.
Fonte: Estados Unidos. Department of Agriculture (2007), adaptado pelo autor.

 

Figura 2. Porcentagem de açúcar exportado pelo Brasil - safras 2000/01 a 2007/08.
Fonte: Estados Unidos. Department of Agriculture (2008).

Tabela 1. Quantidade de açúcar, preço médio e total exportado, em US$, entre 1996 e junho de 2008.

Fonte: Brasil.  Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (2008).  

Preços em alta

Observa-se, pela Tabela 1, que o volume exportado de açúcar cresceu apenas 4% de 2005 para 2006, enquanto o valor exportado subiu 57%. Isto se deve ao grande aumento dos preços internacionais, ocorrido devido a uma combinação de fatores: preços de petróleo elevados; quebra na produção de açúcar em importantes países produtores, como Tailândia e Paquistão; aumento significativo da demanda mundial por açúcar e álcool; redução dos estoques internacionais. A relação entre estoque e consumo de açúcar vem caindo pelo quinto ano consecutivo, sendo, atualmente, o menor dos últimos nove anos.


Destino do açúcar e tendências

O principal mercado para o açúcar brasileiro é o da Rússia. Em 2006, o país importou 25% da produção brasileira de açúcar, somando um volume de 4,2 milhões de toneladas no ano. Países do Oriente Médio e da África também estão no ranking. A Figura 3 apresenta os principais mercados importadores do açúcar produzido pelo Brasil.

 
Figura 3. Principais destinos do açúcar brasileiro (em toneladas) entre janeiro e dezembro de 2006.
Fonte: Rodrigues (2007).


Projeções de médio e longo prazo indicam que o consumo mundial de açúcar continuará aumentando. Este crescimento poderá ser de cerca de 21% até 2015, atingindo 176,2 milhões de toneladas. A expansão decorre de fatores, como: 

  • aumento do poder de compra dos consumidores em diversas regiões do mundo;
  • crescimento do consumo de alimentos processados, resultante da migração da população de áreas rurais para urbanas;
  • tendência do consumo de adoçantes de baixas calorias à base de açúcar, como a sucralose.
Dessa forma, acredita-se que o maior crescimento de consumo per capita de açúcar deverá ocorrer em regiões como a Ásia, onde a receita per capita e a migração populacional estão crescendo rapidamente. África, Leste Europeu e Rússia também apresentarão expansão do consumo.
 
O Brasil é líder em exportação de açúcar e, por isso, deverá abastecer estes crescentes mercados. As projeções indicam que até 2012 o País passará a exportar 24 milhões de toneladas, ocupando 50% do mercado internacional. A Figura 4 ilustra projeções para o produto brasileiro no mercado internacional.
 
Figura 4.  Perspectivas de consumo mundial de açúcar para os anos 2005, 2010 e 2015.
Fonte: Carvalho (2006).
 
OMC condena subsídios europeus
 
Em 2003, Austrália, Brasil e Tailândia entraram com um pedido junto à Organização Mundial do Comércio (OMC), alegando que a União Européia (UE) excedia os limites dos subsídios à exportação do açúcar, em violação a acordos internacionais e a outras regras relacionadas ao regime do produto do bloco econômico, causando distorção nos preços mundiais do açúcar.
 
A Europa produz açúcar a partir da beterraba e teve que rever sua política após a condenação pela OMC, em 2005. A UE recorreu, mas a OMC manteve sua posição, com o prazo de 15 meses para a regulamentação. Em decorrência disso, é esperado que na safra 2007/2008 a UE deixe de exportar 5 milhões de toneladas de açúcar para o mercado internacional e que o Brasil ocupe este espaço, suprindo o mercado com seu açúcar.
 

Fontes consultadas:

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Secretaria de Comércio Exterior. Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior via Internet - Aliceweb. Disponível em: <http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br/>. Acesso em: 10 jul. 2008.

CARVALHO, G. R. O setor sucroalcooleiro e perspectiva. Campinas: Embrapa Monitoramento por Satélite. 17 p. Disponível em: <http://www.cnpm.embrapa.br/conjuntura/0603_Sucroalcooleiro.pdf>. Acesso em: 15 set. 2008.

ESTADOS UNIDOS. Department of Agriculture. Sugar and sweeteners outlook. Washington, D.C., 2008. (Economic Research Service, SSS-252).

RODRIGUES, A. P. Perspectivas do mercado sucroalcooleiro. São Paulo, 2007. Trabalho apresentado no Seminário BM&F: perspectivas para o agribusiness em 2007 e 2008, abr., 2007, São Paulo, SP.