Cana
Solo
Autor
Fábio Ricardo Marin - Consultor autônomo
A cana-de-açúcar é cultivada em diversos tipos de solos, que variam de acordo com os seguintes estados e região:
São Paulo: é cultivada, sobretudo, em latossolo vermelho (Figura 1) - aproximadamente 47% da área plantada - seguido pelo latossolo vermelho-amarelo e vermelho escuro.
Figura 1. Latossolo vermelho. Foto: Raffaella Rossetto. |
Pernambuco e Alagoas: a cana predomina em solos dos tipos latossolo vermelho-amarelo e argissolo vermelho-amarelo (Figura 2).
Figura 2. Argissolo vermelho-amarelo abrupto. Foto: Raffaella Rossetto. |
Rio de Janeiro: os solos hidromórficos e aluviais são os principais para o cultivo da cana.
Paraná: os principais tipos de solos para o plantio da cultura são: argissolo, nitossolo (Figura 3), latossolo roxo e latossolo de textura média.
Figura 3. Nitossolo vermelho. Foto: Raffaella Rossetto. |
Santa Catarina: é cultivada, sobretudo, em solos aluviais e hidromórficos.
Bahia: é plantada, principalmente, em solos argissolo vermelho e amarelo (Figura 4) e em vertissolo.
Figura 4. Argissolo vermelho-amarelo. Foto: Raffaella Rossetto. |
Sergipe: cultiva-se cana em solos do tipo argissolo vermelho-amarelo e brunizen avermelhado.
Paraíba e Rio Grande do Norte: é cultivada em solos argissolo vermelho-amarelo e em areia quartzosa.
Planalto Central: a cana é plantada em solos do tipo latossolo vermelho escuro, latossolo vermelho-amarelo e areia quartzosa.
Características de solo para cana-de-açúcar
A cana-de-açúcar pode ser produzida em diversos tipos de solo, entretanto, os rendimentos diminuem à medida que as características de solo vão se afastando daquelas consideradas ideais. São muitas as características que podem influenciar o desenvolvimento da cana-de-açúcar, entre as mais importantes estão:
Relevo
As terras devem possuir declives suaves de 2 a 5%, porém, o valor de 5% deve ser aplicado em solos mais argilosos. Quando a área é completamente plana, pode ocorrer necessidade de drenagem. Declives mais acentuados que os citados podem ser utilizados para distribuição de água das chuvas. Entretanto, esse tipo de declive pode trazer prejuízos econômicos devido aos maiores custos decorrentes do preparo do solo.
Características físicas
Solos com profundidade maior que um metro são ideais para o cultivo da cana-de-açúcar, visto que suas raízes podem explorar um maior volume. É importante ressaltar que o desenvolvimento das raízes da cana-de-açúcar é extremamente dependente de características físicas do solo, como por exemplo, a capacidade de retenção de água.
Solos com deficiência hídrica podem oferecer grandes riscos de perda de produtividade, sobretudo quando a cana estiver no quinto ou sexto mês de desenvolvimento, fase de maior demanda de água. O solo ideal deve apresentar, também, boa capacidade de infiltração, para que a planta possa absorver a água de modo satisfatório e para que os excessos sejam drenados.
A capacidade de armazenamento da água precisa estar próxima a 150 milímetros. Dessa forma, haverá água disponível para suprir as necessidades hídricas da cana nos períodos entre as chuvas e, ainda, manterá o solo úmido, impedindo a formação de uma barreira mecânica para o desenvolvimento das raízes.
Os solos arenosos são menos indicados para o cultivo da cana, pois não apresentam boa capacidade de armazenamento de água e, ainda, favorecem perdas de nutrientes por lixiviação e o aumento da população de nematóides.
Características químicas
A cana-de-açúcar é bastante tolerante à acidez e alcalinidade. Seu cultivo desenvolve-se em solos com pH entre 4 e 8,5, sendo que o ideal gira em torno de 6,5.
A cana-de-açúcar possui um sistema de raízes diferenciado em relação à exploração das camadas mais profundas do solo, quando comparado com o sistema radicular das demais culturas. Por ser uma cultura semiperene e com ciclo de cinco a sete anos, o sistema de raízes da cana desenvolve-se em maior profundidade, e assim, passa a ter uma estreita relação com o pH, saturação por bases, porcentagem de alumínio e teores de cálcio nas camadas mais profundas do solo. E estes fatores, por sua vez, estão correlacionados com a produtividade alcançada, sobretudo, em solos de baixa fertilidade e menor capacidade de retenção de umidade.
É evidente que para obter produtividade satisfatória é necessário recuperar a fertilidade dos solos, tanto nas camadas superficiais como nas mais profundas, quando estes não apresentarem condições ideais para o cultivo da cana. Para isso, quantidades adequadas de corretivos (calcário e gesso) devem ser utilizadas de maneira a atingir tais objetivos e, conseqüentemente, aumentar a produtividade.