Interno

Conteúdo atualizado em: 21/02/2022

Autor

Carlos Eduardo Freitas Vian - Consultor autônomo

 

Álcool

Com os investimentos em automóveis bicombustíveis, aliado ao aumento do preço da gasolina, as perspectivas do mercado de etanol são muito animadoras. Observa-se que a venda de carros bicombustíveis ou a álcool mais que dobrou em 2007 em relação a 2005, chegando perto de 81,75% dos carros vendidos no Brasil.

Figura 1. Estimativa de frota de veículos leves para os anos 2005 a 2015.
Fonte: Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (2008), adaptada pelo autor.

 

Com base na tendência apresentada na Figura 1, estima-se que a demanda interna por cana-de-açúcar salte, até 2010, para, aproximadamente, 334 milhões de toneladas (84 milhões para açúcar e o restante para álcool). Apesar de amplamente satisfatório para o setor privado, o cenário é preocupante para o governo, sobretudo, porque, além da necessidade de incremento de, praticamente, 100 milhões de toneladas na produção para atender o mercado doméstico, a demanda externa também é crescente por conta do interesse na adição de álcool anidro à gasolina em vários países que não são produtores deste combustível.

 

Açúcar

De acordo com a produção da safra 2008/2009 (Tabela 1), os principais Estados produtores de açúcar são: São Paulo (64,4%), Alagoas (7,0%), Paraná (7,4%), Minas Gerais (7,1%), Pernambuco (4,8%) e Goiás (3,1%).

Tabela 1. Produção de açúcar na safra 2008/2009.

Fonte: Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (2009), adaptada pelo autor.

 

A agroindústria canavieira do Estado de São Paulo é considerada a mais dinâmica do País. Entre as safras 1988/1989 e 2001/2002, a produção de açúcar na região Norte-Nordeste cresceu 0,9% ao ano, enquanto na região Centro-Sul o crescimento foi de 11,5% ao ano, o que resultou em uma expansão nacional de 8,6% ao ano, de acordo com a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica). As últimas estimativas da safra 2006/2007 mostram que a região Centro-Sul produz 84,5% do total nacional e a região Norte-Nordeste, 15,5%. De 1974 a 1996, a produção de açúcar cresceu 2,3% ao ano, enquanto o consumo interno cresceu 2,5% ao ano e as exportações, 2,2% ao ano.

O Brasil consome, em média, 72,7% do açúcar produzido internamente, enquanto as exportações corresponderam, em média, a 27,3% da produção. A taxa de crescimento do consumo de açúcar foi superior à taxa de crescimento da produção nacional. A Tabela 2 mostra a evolução histórica da produção, consumo e exportação de açúcar.

Tabela 2. Evolução da produção, consumo e exportação de açúcar - 1974 a 2003

Fonte: Shikida e Bacha (1999) e FAO (2009) adaptado pelo autor


Os fatores responsáveis pelo crescimento do consumo interno são: crescimento da população, aumento relativo da participação das indústrias na demanda doméstica de açúcar e relativa queda dos preços internos do açúcar refinado. Se as tendências observadas nos últimos 20 anos se mantiverem e for projetada uma população de 197,8 milhões de habitantes em 2013, pode-se estimar um consumo interno de 12,82 milhões de toneladas nesse ano. A Tabela 3 ilustra a variação na oferta de sacarose no mercado interno e mostra uma tendência de redução da expansão, sobretudo pelo elevado crescimento do consumo de álcool combustível pela oferta e pelo baixo crescimento da demanda doméstica de açúcar de forma direta e indireta.

Tabela 3. Variação na oferta de sacarose no Brasil
- safras 2000/01 a 2008/09

Fonte: Nastari (2006) e MAPA (2009) adaptado pelo autor.

 

Fontes consultadas:

ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS FABRICANTES DE VEÍCULOS AUTOMOTORES. Disponível em: <http://www.anfavea.com.br/>. Acesso em: 18 jul. 2008.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Anuário statístico da Agroenergia. 2009. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/>. Acesso em 5 Set. de 2009.

FAO - ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA AGRICULTURA E ALIMENTAÇÃO. FAOSTAT. 2009. Disponível em: <http://faostat.fao.org/site/339/default.aspx>. Acesso em 5 Set. de

2009.

NASTARI, P. M. O setor brasileiro de cana-de-açúcar: perspectivas de crescimento. São Paulo: Datagro Consultoria, 2006.

SHIKIDA, P. F. A.; BACHA, C. J. C. Alguns aspectos do mercado externo açucareiro e a inserção brasileira neste mercado. Revista Econômica do Nordeste, Fortaleza, v. 30, n. 3, p. 373-385, jul./set. 1999.