Manejo e conservação

Conteúdo atualizado em: 22/02/2022

Autor

Rogério Remo Alfonsi - In memoriam

 

Entende-se por manejo de solo toda atividade aplicada ao sistema solo-planta, com o intuito de aumentar a produtividade agrícola e evitar possível degradação ambiental. Todavia, as práticas de manejo dependem de níveis tecnológicos resultantes de conhecimento e de investimento. Para manejar adequadamente uma área são necessários conhecimentos sobre a cultura e o clima.

 

Ambientes de produção

Ambiente de produção é a interação entre planta, solo e clima, associada ao manejo agrícola, cujos resultados são utilizados para as indicações mais favoráveis das variedades.

O manejo pode ser aplicado a cada um dos três componentes, sendo que o solo tem resposta mais imediata, ocasionando uma produtividade maior ou menor. Desta forma, o potencial de um solo, sob um determinado nível de manejo, pode ser deslocado para cima ou para baixo, enquanto permanecerem as condições de manejo.

 

Conservação e preparo

A conservação do solo para cultura da cana-de-açúcar envolve diversos fatores que devem ser devidamente analisados, antes de sua implantação, como:

  • tipo de solo;
  • tipo de corte (mecânico ou manual);
  • época de plantio e de colheita;
  • sistema de preparo do solo;
  • tipo de traçado (em nível ou reto);
  • cobertura do solo com outras culturas ou com palha (Figura 1);
  • tamanho dos talhões.
Foto: Raffaella Rossetto.

Figura 1. Sulcos de plantio em área de de cana crua.

 

As práticas de preparo de solo devem atender aos critérios de eliminação ou atenuação dos fatores limitantes ao bom desenvolvimento da cultura (físicos, químicos e biológicos).

Em áreas onde os restos vegetais da cultura são queimados ou enterrados na operação de preparo, o solo sem cobertura estará exposto ao impacto direto das gotas de chuva, desencadeando o processo de erosão hídrica. Este processo ocasiona a redução da permeabilidade na superfície do solo.

A adoção de sistemas de preparo de solo onde se faz o mínimo de operações motomecanizadas com eficácia e na época correta, pode reduzir os riscos de erosão. Além disso, dispensa a construção de terraços até uma determinada declividade, podendo melhorar o planejamento das linhas de plantio, aumentar a produtividade e reduzir custos de produção pela diminuição do número e intensidade de operações durante o período de preparo do solo.

 

Terraços 

Dentre as práticas conservacionistas de suporte de caráter mecânico, que têm por objetivo servir de obstáculo ao livre escoamento da água, há o terraceamento (Figura 2). A técnica visa reduzir o volume e a velocidade da água de enxurrada pela interrupção do comprimento de rampa por meio da presença de obstáculos físicos denominados terraços.

Foto: Raffaella Rossetto. 
Figura 2. Terraço em lavoura de cana.

 

Os tipos de terraços usados e as suas vantagens e desvantagens são:

 

Embutido: considerado o mais resistente em relação à erosão, mas não permite o cruzamento de máquinas e equipamentos.

Embutido invertido: usado em área declivosa. Permite maior captação de água, além de possibilitar o corte mecanizado em toda sua área; facilita o carregamento no corte manual.

Base larga: usado até a declividade de 6%. Permite o corte mecanizado em toda sua largura e o cruzamento de máquinas e equipamentos. É mais fraco do que o embutido.

Canal: usado em solos com deficiência de drenagem. Tem a desvantagem de oferecer maior risco de assoreamento e, por isso, necessita de mais manutenção.    

 

Recuperação de áreas erodidas 

Um dos grandes desafios do manejo de solos refere-se à recuperação de solos erodidos. Dependendo do grau de erosão e do tipo de solo, a recuperação pode ser feita rapidamente (dois a três anos). Em situações nas quais a erosão atingiu as camadas mais profundas do solo (Figura 3), o tempo de recuperação pode ser maior.

Foto: Raffaella Rossetto.

Figura 3. Erosão em área de plantio de cana.