Cana
Manejo e conservação
Autor
Rogério Remo Alfonsi - In memoriam
Entende-se por manejo de solo toda atividade aplicada ao sistema solo-planta, com o intuito de aumentar a produtividade agrícola e evitar possível degradação ambiental. Todavia, as práticas de manejo dependem de níveis tecnológicos resultantes de conhecimento e de investimento. Para manejar adequadamente uma área são necessários conhecimentos sobre a cultura e o clima.
Ambientes de produção
Ambiente de produção é a interação entre planta, solo e clima, associada ao manejo agrícola, cujos resultados são utilizados para as indicações mais favoráveis das variedades.
O manejo pode ser aplicado a cada um dos três componentes, sendo que o solo tem resposta mais imediata, ocasionando uma produtividade maior ou menor. Desta forma, o potencial de um solo, sob um determinado nível de manejo, pode ser deslocado para cima ou para baixo, enquanto permanecerem as condições de manejo.
Conservação e preparo
A conservação do solo para cultura da cana-de-açúcar envolve diversos fatores que devem ser devidamente analisados, antes de sua implantação, como:
- tipo de solo;
- tipo de corte (mecânico ou manual);
- época de plantio e de colheita;
- sistema de preparo do solo;
- tipo de traçado (em nível ou reto);
- cobertura do solo com outras culturas ou com palha (Figura 1);
- tamanho dos talhões.
Foto: Raffaella Rossetto. |
Figura 1. Sulcos de plantio em área de de cana crua. |
As práticas de preparo de solo devem atender aos critérios de eliminação ou atenuação dos fatores limitantes ao bom desenvolvimento da cultura (físicos, químicos e biológicos).
Em áreas onde os restos vegetais da cultura são queimados ou enterrados na operação de preparo, o solo sem cobertura estará exposto ao impacto direto das gotas de chuva, desencadeando o processo de erosão hídrica. Este processo ocasiona a redução da permeabilidade na superfície do solo.
A adoção de sistemas de preparo de solo onde se faz o mínimo de operações motomecanizadas com eficácia e na época correta, pode reduzir os riscos de erosão. Além disso, dispensa a construção de terraços até uma determinada declividade, podendo melhorar o planejamento das linhas de plantio, aumentar a produtividade e reduzir custos de produção pela diminuição do número e intensidade de operações durante o período de preparo do solo.
Terraços
Dentre as práticas conservacionistas de suporte de caráter mecânico, que têm por objetivo servir de obstáculo ao livre escoamento da água, há o terraceamento (Figura 2). A técnica visa reduzir o volume e a velocidade da água de enxurrada pela interrupção do comprimento de rampa por meio da presença de obstáculos físicos denominados terraços.
Foto: Raffaella Rossetto. |
Figura 2. Terraço em lavoura de cana. |
Os tipos de terraços usados e as suas vantagens e desvantagens são:
Embutido: considerado o mais resistente em relação à erosão, mas não permite o cruzamento de máquinas e equipamentos.
Embutido invertido: usado em área declivosa. Permite maior captação de água, além de possibilitar o corte mecanizado em toda sua área; facilita o carregamento no corte manual.
Base larga: usado até a declividade de 6%. Permite o corte mecanizado em toda sua largura e o cruzamento de máquinas e equipamentos. É mais fraco do que o embutido.
Canal: usado em solos com deficiência de drenagem. Tem a desvantagem de oferecer maior risco de assoreamento e, por isso, necessita de mais manutenção.
Recuperação de áreas erodidas
Um dos grandes desafios do manejo de solos refere-se à recuperação de solos erodidos. Dependendo do grau de erosão e do tipo de solo, a recuperação pode ser feita rapidamente (dois a três anos). Em situações nas quais a erosão atingiu as camadas mais profundas do solo (Figura 3), o tempo de recuperação pode ser maior.
Foto: Raffaella Rossetto. |
Figura 3. Erosão em área de plantio de cana. |