Pré-produção

Conteúdo migrado na íntegra em: 20/12/2021

Autor

Lucia Helena de Oliveira Wadt

 

A castanha-do-brasil pode ser considerada um produto de origem orgânica, pois para a sua produção não são utilizados produtos químicos de nenhuma natureza, seja para crescimento da árvore, produtividade, prevenção ou controle de doenças e pragas. Trata-se de um produto extrativista, onde a adoção de práticas como adubação e controle de plantas daninhas não são realizadas durante o ciclo produtivo dos frutos, também conhecidos como ouriços (Figura 1).

 Foto: Lúcia Wadt

Ouriço

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Figura 1. Frutos da castanheira, conhecidos como "ouriços"

 

Cultivos racionais puros são raros e os que existem são relativamente jovens, com início a partir da década de 80. A produção desses plantios ainda é incipiente, sendo desta maneira alvo de estudos para definição do sistema de produção. A alternativa mais atraentes para os plantios de castanheira tem sido em sistemas agroflorestais, com diversas experiências na Amazônia brasileira.

Desta forma, mais de 90% da castanha-do-brasil produzida no Brasil é oriunda do extrativismo, realizado em sua grande parte por produtores e suas famílias, espalhadas em propriedades individualizadas ou em comunidades. Há também diversas tribos indígenas que exploram economicamente a castanha-do-brasil.(Figura 2).

Foto: Felicia Leite

Castanheiras dispsersas na floresta

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Figura 2. Castanheiras-do-brasil dispersas na floresta

 

O extrativismo tradicional não envolve investimentos tecnológicos, consistindo em etapas simples, como a coleta dos frutos no chão (debaixo da copa das árvores) para a  amontoa e posterior quebra destes para retirada das sementes, armazenadas na floresta ou em locais intermediários para depois serem transportadas para um armazém central, geralmente sob gestão de cooperativas ou associações de extrativistas. Desse armazém central, as castanhas podem ou não seguir para uma unidade de beneficiamento, localizada na área urbana.

Nos estados da Amazônia, exceto em Roraima, a safra da castanha-do-brasil ocorre anualmente, iniciando em dezembro ou janeiro, após a queda quase total dos frutos da copa da árvore, e se estendendo até abril. Em Roraima o período de coleta vai de março a setembro devido às condições metereológicas serem diferentes dos outros Estados amazônicos.

A intensidade de coleta e o tempo decorrido entre a amontoa e a quebra dos frutos depende de cada programação familiar. Na maioria das vezes, as castanhas ficam na floresta sob condições inadequadas durante muito tempo (mais que dois meses), favorecendo a contaminação do produto especialmente por fungos produtores de aflatoxinas, além de outros microrganismos.

Essa situação, especialmente por afetar o mercado internacional, levou a uma reorganização do sistema produtivo, com recomendações pré e pós coleta. O manejo pré-colheita é uma inovação tecnológica que nasceu no Estado do Acre e tem crescido para todas as outras regiões produtivas.

As etapas de pré-colheita constituem-se nas seguintes atividades na floresta:

    1. Mapeamento e marcação das árvores.

    2. Limpeza e manutenção das estradas de castanha.

    3. Seleção das árvores.

    4. Corte de cipós.