Coco
Lixa-pequena
Autores
Dulce Regina Nunes Warwick - Embrapa Tabuleiros Costeiros
Viviane Talamini - Embrapa Tabuleiros Costeiros
A lixa-pequena é uma doença típica do Brasil. No exterior, só foi detectada na Guiana Francesa. A lixa-pequena foi relatada pela primeira vez em 1940, no Estado de Pernambuco. Sendo encontrada atualmente em quase todas as regiões onde se cultiva o coqueiro, causando prejuízos mais acentuados em locais com alta precipitação. É considerada a doença mais importante da cultura nos Estados de Pernambuco, Pará e Bahia. Tem como plantas hospedeiras o buri-de-praia (Allagoptera brevicalyx), mané-véio (Bactris ferruginea) e ouricuri (Syagrus coronata).
Agente causal
O agente da lixa-pequena é o fungo ascomiceto Camarotella torrendiella.
Sintomas.
A doença é caracterizada por pequenos pontos negros, também conhecidos como verrugas, os quais ocorrem por todas as áreas dos folíolos, ráquis e frutos do coqueiro. Estas lesões têm a forma de um diamante, paralelo com as nervuras dos folíolos, com uma crosta negra, medindo de 5 a 7 cm de comprimento. Posteriormente, um halo amarelo circunda estas lesões, que evoluem para uma necrose (Figura 1). Essas manchas necrosadas coalescem, tornando as folhas senescentes prematuramente.
Foto Dulce Warwick, 2010
Figura 1: Estromas de lixa-pequena, Camarotella torrendiella.
Danos e distúrbios fisiológicos
Quando o ataque é severo, as folhas secam e caem prematuramente, os cachos ficam totalmente sem suporte, pendem, e os frutos caem, o que prejudica a produção. Os prejuízos provocados por este fungo são variáveis. Em condições de alta umidade, como na Bahia e no Pará, onde a incidência é bastante alta, pode causar perdas significativas na produtividade.
Dados sobre a importância econômica da lixa-pequena são estimados, tendo em vista a ocorrência concomitante de outros patógenos em um coqueiral safreiro.
Controle
Nos estudos sobre a relação entre níveis de adubação e incidência das lixas, foram encontrados resultados significativos somente no primeiro ano do plantio, demonstrando que altas dosagens de potássio favorecem a doença, enquanto que altas dosagens de nitrogênio reduzem o número de estromas de uma determinada folha.
Esse efeito é bastante significativo nos primeiros anos de plantio, sendo que a longo prazo, esse efeito parece ser limitado. A presença de N, P, K e Mg pouco influencia na incidência das lixas nos anos posteriores.
Pesquisadores avaliaram o germoplasma de coqueiro Anão e os resultados mostraram que, embora ocorram diferenças entre as variedades avaliadas, todas são susceptíveis. Na avaliação de oito variedades de coqueiro gigante e de híbridos, não foi encontrado nenhum germoplasma com um grau de resistência genética aceitável.
No Nordeste, os estromas de lixa são colonizados por diferentes fungos. Hansfordia e Acremonium são hiperparasitas, encontrados frequentemente sobre os estromas, principalmente na época mais chuvosa. No Pará, encontra-se Septofusidium elegans sobre os peritécios das lixas, enquanto o estágio de espermogônia é mais parasitado por Acremonium sp. Foi constatada uma diminuição na epidemia de lixa-pequena, que se traduziu por um aumento de folhas verdes dos coqueiros com 18 meses, de 12-15 para 22-25 após a instalação do hiperparasita. Esse controle é atribuído a um incremento natural dos fungos hiperparasitas, já que o clima da região é bastante adequado ao desenvolvimento de fungos.