Associação com animais

Conteúdo atualizado em: 07/03/2022

Autores

Humberto Rolemberg Fontes - Consultor autônomo

Carlos Roberto Martins - Embrapa Clima Temperado

 

No Nordeste do Brasil, esta prática também é comumente observada em áreas de plantio do coqueiro Gigante cultivado em sequeiro, e tem como objetivo proporcionar melhor aproveitamento do espaço disponível no coqueiral, utilizando-se a pastagem nativa para a produção de carne e/ou leite (Figura 1 ).

               Foto: Humberto Rolemberg, 2010

               

                  Figura 1. Pastejo com bovinos sob coqueiral.

 

A utilização de ovinos da raça Santa Inês para controle da vegetação nativa com alta dominância do capim-gengibre, (Paspalum maritimum Trind) em área cultivada com coqueiros da variedade Gigante, evidenciam expressivo potencial forrageiro, a taxas de 2,4 cabeças/ha/ano. Quando associada às práticas sistemáticas de vermifugação, controle de mosquitos e mineralização, permitem produções adicionais da ordem de 30 kg de peso vivo/ha, com redução de custos de duas roçagens/ano, sem alterar a produção de coco. O capim-gengibre, principal componente da dieta dos animais, tem sua participação na pastagem marcadamente declinante com o aumento da taxa de lotação, em oposição às roçagens mecânicas, que duplicam sua proporção nas áreas sem animais. O capim-gengibre, em estudos conduzidos por 3 anos apresentou crescimento e composição química que o qualificam como de expressivo potencial forrageiro, sobretudo tendo-se em conta a baixa fertilidade dos solos em que naturalmente ocorre, demonstrando ainda capacidade de resposta à adubação fosfatada quanto à acumulação de matéria seca e teor de fósforo.

Embora considerada uma prática viável, e que pode ser utilizada principalmente em regiões que não apresentam déficit hídrico elevado, a recomendação atual é que seja evitada a implantação de pastagens artificiais à base de gramíneas, utilizando-se, por exemplo, espécies do gênero Brachiaria, em função do aumento da competição por água e nutrientes com o coqueiro. Quando ocorre queda de preço do coco seco, e principalmente em plantios com idade avançada, é comum a introdução de pastagens dentro do coqueiral, sem que sejam dispensados os tratos culturais normalmente recomendados para a cultura do coqueiro. Neste caso, a exploração do coco passa a ocupar uma posição secundária, priorizando-se a produção animal. O ideal seria a integração lavoura x pecuária, através da exploração da vegetação natural como pastagem nativa, introduzindo-se espécies de leguminosas de múltiplo uso com Gliricídia e Leucena, que poderiam ser utilizadas como banco de proteínas para ruminantes e adubação verde, permitindo assim um maior aporte de nitrogênio ao sistema.