Coco
Cobertura do solo com leguminosas
Autores
Humberto Rolemberg Fontes - Consultor autônomo
Carlos Roberto Martins - Embrapa Clima Temperado
As leguminosas destacam-se pela capacidade de fixação de nitrogênio por meio da associação das suas raízes com bactérias do gênero Rhizobium, o qual é incorporado ao solo e disponibilizado às plantas cultivadas, proporcionando ainda melhoria das propriedades físicas, químicas e biológicas do solo quando da incorporação da biomassa produzida.
Entre as espécies de ciclo curto, o feijão-de-porco (Canavalia ensiformis L.) é considerado uma das principais espécies utilizadas como adubação verde na região dos Tabuleiros Costeiros do Nordeste do Brasil, tendo em vista a sua grande capacidade de produção de biomassa e fixação de nitrogênio. As sementes devem ser implantadas em covas ou a lanço e posteriormente incorporadas ao solo com gradagem leve. No período de floração, recomenda-se a realização da roçagem manual ou mecânica, permanecendo a biomassa na superfície do solo, podendo parte da mesma ser deslocada para a zona de coroamento do coqueiro.
A utilização de leguminosas perenes como cobertura de solo, além de apresentar maior aporte de nitrogênio para o coqueiro, apresenta também como vantagem a elevação dos teores de matéria orgânica, maior proteção contra a erosão e redução da amplitude térmica do solo. A utilização dessa prática em regiões que apresentam déficit hídrico pode elevar a competição por água entre coqueiros e plantas de cobertura. Em regiões que apresentam condições de clima e solo favoráveis, como ocorre na região Norte do Brasil, a utilização da Pueraria phaseoloides, Centrosema pubescens e Calopogonium muconoides tem apresentado resultados bastante favoráveis, uma vez que proporciona cobertura adequada do solo e melhoria da nutrição nitrogenada do coqueiro. Deve-se observar, no entanto, que a exemplo do que ocorre com a utilização de culturas consorciadas, a partir do quarto ano de idade em média, a cobertura do solo com leguminosas é sensivelmente reduzida em função do sombreamento proporcionado pelos coqueiros. No que se refere à capacidade de inibir o desenvolvimento das plantas invasoras, os resultados obtidos em solos de tabuleiros, indicaram como mais promissoras as espécies de folhas largas e de crescimento rápido como mucuna preta e feijão de porco (Figura 1).
Foto: Humberto Rolemberg, 2010
Figura 1. Cobertura do solo com leguminosas
Na Baixada Litorânea, a utilização de leguminosas como cobertura de solo apresenta limitações relacionadas com a baixa fertilidade e baixa capacidade de retenção de água, característicos dos solos arenosos predominantes nesta unidade de paisagem, classificados como Neossolos Quartzarênicos. Nesta condição, trabalhos preliminares realizados indicam que a utilização de espécies de leguminosas arbustivas perenes com a Gliricídia sepium poderiam ser utilizadas com sucesso, podendo constituir-se numa alternativa para pequenos produtores para compor sistemas integrados de produção. Neste caso, a gliricídia poderá ser instalada após a produção de mudas, com espaçamento de 1 x 1 m ou 1 x 2m utilizando-se uma adubação fosfatada na cova de plantio. O plantio das mudas poderá ser realizado nas linhas e entrelinhas dos coqueiros, mantendo-se livre um raio de 2m correspondente à zona de coroamento do coqueiro (figura 2).
Foto: Jose Henrique Rangel, 2010
Figura 2. Consórcio com gliricidia