Água

Conteúdo migrado na íntegra em: 20/12/2021

Autor

Guilherme de Castro Andrade - Embrapa Florestas

 

O consumo de água em plantios de eucalipto não é muito diferente do consumo de outras espécies que tenham a mesma taxa de crescimento. Ou seja, quanto maior a produção de biomassa, maior será o consumo de água para suprir o crescimento. Contudo, há diferenças dentro e entre espécies na eficiência do uso da água (biomassa produzida por unidade de água consumida), devido, por exemplo, a mecanismos fisiológicos que reduzem a transpiração como nos casos de redução no índice de área foliar em regiões de maior déficit hídrico.

A maioria das espécies de eucalipto, por ser de rápido crescimento, necessita de água para manter altos incrementos em madeira. Não existe um consumo diário padrão para uma árvore, pois este depende da água disponível no solo e do estágio de crescimento da planta (fases de intensa produção de biomassa e fases de estagnação, por exemplo, provocada por baixas temperaturas, seca, alagamento, etc). Estudos de consumo de água indicam que o eucalipto não consome mais água por unidade de biomassa produzida do que qualquer outra espécie vegetal. Dados referentes a taxas de transpiração diária para diferentes espécies de eucaliptos em diversas regiões do mundo mostram variações estacionais desde 0,2 a 7,7 mm/dia, o que corresponderia para plantios com área de 6 m2/planta, valores diários oscilando entre 1,2 e 46,2 litros de água/árvore.

De uma maneira geral, considerando nos plantios de eucalipto uma árvore no período de maior acúmulo de biomassa por unidade de tempo, próximo aos 3 anos de idade, e as suas raízes sem contato direto com lençóis freáticos superficiais, seu consumo anual de água é limitado pela precipitação anual em questão, ou seja, se chove 1.500 mm, a árvore consume no máximo esse volume de água proveniente da precipitação. Como há perdas por interceptação (evaporação de parte da água da copa da árvore que durante e após a chuva retorna para a atmosfera sem chegar ao solo), drenagem profunda no solo que vai alimentar as águas subterrâneas e outras perdas, como a do escoamento superficial, pode-se estimar um consumo menor, cerca de 70% do valor da precipitação total.

Destaca-se, ainda, que podem ocorrer chuvas sucessivas e, nesse caso, o solo não tem condições de armazenar uma quantidade demasiada de água num curto espaço de tempo, como também das chuvas nos meses frios e em dias sem sol ou períodos noturnos, quando a árvore não demanda um volume maior. Nestes eventos, após a saturação do solo, parte da precipitação é direcionada para infiltração e alimentação de lençóis subterrâneos e para os escoamentos subsuperficial e superficial no solo.

Analisando-se o consumo arbóreo diário de água, pela capacidade do solo em armazená-la, e admitindo-se um exemplo para solos florestais com 1 metro de profundidade e no máximo um volume de 5% de água disponível, implica para o espaçamento de 3 x 2 m entre árvores, que as raízes estariam ocupando um volume de 6 m3 de solo, o qual teria no máximo 0,3 m3 ou 300 litros de água disponível, sendo este o seu limite de consumo diário. Somente em casos específicos, quando o lençol freático está próximo à superfície e a água sobe por capilaridade em direção às raízes ou estas descem ficando em contato com o nível de água do solo, o consumo não dependeria do volume de água disponível que o solo armazena, ficando governado pela fisiologia da árvore e pelas condições climáticas favoráveis à fotossíntese.