Gestão da unidade produtiva

Conteúdo migrado na íntegra em: 08/12/2021

Autor

José Lincoln Pinheiro Araújo - Embrapa Semiárido

 

O negócio agrícola atualmente tem a mesma dinâmica dos demais setores da vida econômica do país e para ser bem gerenciado é necessário um perfeito conhecimento, tanto dento da propriedade rural como do seu ambiente externo. Com o processo de globalização da economia, aumentou consideravelmente o grau de competitividade das explorações agropecuárias, notadamente as que direcionam parte de sua produção para o mercado internacional, como é o caso do cultivo da manga no vale do São Francisco. Esta situação exige que os produtores desta frutífera executem uma administração racional da propriedade, através da utilização de ferramentas de gestão como é o caso por exemplo da análise dos custos de produção, beneficiamento e comercialização do produto.

Entretanto, é importante assinalar que antes de iniciar uma exploração que demanda tecnologia elevada e muito capital, como é o caso do cultivo da manga irrigada, é necessário que certas etapas sejam observadas:

  • Proporção entre risco e rentabilidade.
  • Demanda e potencial do produto.
  • Fatores de concorrência.
  • Capital total necessário.
  • Recursos disponíveis.
  • Infraestrutura.
  • Meios para conseguir capital necessário.
  • Mercados para a venda do produto.

Depois de definir-se pela implantação da cultura, é importante que o produtor procure administrar a exploração de forma profissional. A seguir, são enumeradas algumas das tarefas essenciais para realização de uma gestão eficiente:

  • Decidir o quanto produzir, levando em consideração fundamentalmente a área e o capital que dispõe.
  • Estabelecer o modo como vai produzir, por exemplo, através do manejo normatizado pela Produção Integrada de Frutas.
  • Controlar as ações desenvolvidas, observando se as praticas agrícolas recomendadas estão sendo feitas corretamente e no devido tempo.
  • Organizar suas movimentações financeiras e contábeis, para não se perder em meio dos inúmeros documentos de despesas e receitas.
  • Determinar os melhores momentos para a venda do produto bem como para a compra dos insumos.
  • Avaliar os resultados obtidos na safra, medindo os lucros e os prejuízos, analisando as razões que contribuíram para tais resultados.

Para auxiliar na gestão da exploração agrícola, a mais importante das ferramentas da administração rural é a planilha de custos. Através dela o produtor é capaz de avaliar o resultado econômico de sua atividade produtiva. A planilha de custos permite que o produtor obtenha uma avaliação da exploração por mês, por ciclo e até por atividade sendo composta por custos diretos e custos indiretos.

Custos diretos - são aqueles custos apropriados diretamente ao produto e que o produtor efetivamente desembolsa para efetivar a cultura, como é o caso dos insumos e da mão-de-obra empregada na exploração.

Custos indiretos - são aqueles custos não identificáveis por produto, já que não há uma medida objetiva, mas há a necessidade de estimá-los e de distribuí-los proporcionalmente por produto. Nesta classe, estão os custos fixos da propriedade,, tais como equipamentos, máquinas e benfeitorias, que são depreciados anualmente. Entram também no rol dos custos indiretos, o custo de oportunidade da terra, os impostos e taxas relacionadas à unidade produtiva e ao custo de administração (retiradas financeiras para a manutenção do produtor, gastos de escritório).

Quando o resultado econômico da exploração cobre todos os custos, a atividade produtiva apresenta lucro real. Quando cobre os custos diretos e os custos fixos da exploração não há lucro nem prejuízo real e quando somente cobre os custos diretos, a exploração já é deficitária e o produtor entra em processo de descapitalização.