Manuseio pós-colheita
Autor
Maria Auxiliadora Coêlho de Lima - Embrapa Semiárido
A ocorrência de danos após a colheita é um dos fatores que mais contribuem para reduzir a qualidade e limitar a vida útil dos frutos. Estes danos podem causar deformações plásticas e rupturas superficiais que levam à destruição dos tecidos. Em geral, são agrupados em três tipos, conforme suas causas: vibração, impacto e compressão. Suas conseqüências imediatas são as abrasões, que afetam a aparência da fruta, e os ferimentos na casca, que favorecem a entrada e desenvolvimento de microrganismos.
Na manga, vários procedimentos adotados após a colheita podem resultar em danos, de intensidade variável, se não forem observados determinados cuidados. Estes cuidados estão associados às próprias características da fruta, como formato, resistência da casca e perecibilidade, às condições de infra-estrutura de pós-colheita disponíveis na propriedade e às condições de temperatura e ventilação às quais as mangas são submetidas depois de colhidas. Neste sentido, o acondicionamento mesmo temporário sob temperaturas altas estimula as taxas de amadurecimento do fruto. Como resultado, o fruto perde firmeza, tornando-se mais sensível ao manuseio, e os danos, cicatrizes e outros defeitos pré-existentes são expostos, reduzindo seu valor comercial.
No local de embalagem da manga, são utilizadas, em geral, esteiras, tanques e outras estruturas metálicas para conduzir a fruta nas diferentes etapas até a embalagem em caixa de papelão. Neste sistema, a existência de barras metálicas como condutoras dos frutos e a velocidade de queda em alguns trechos são as causas mais prováveis de danos após a colheita. Porém, as etapas de acomodação dos frutos nos contentores e transporte da fruta para o local de embalagem também são críticas e podem resultar em danos que podem ser agravados à medida que os frutos passam pelas diferentes etapas da linha de processamento.
Foto: Maria Auxiliadora Coêlho de Lima.
Figura 1. Danos superficiais em manga cv Tommy Atkins decorrente de compressão e abrasão resultante do contato com partes rígidas da linha de processamento.
Na linha de processamento do galpão de embalagem, os fatores que favorecem a ocorrência de danos em determinados trechos são a altura e velocidade de queda das mangas bem como o contato direto com partes metálicas e arestas. Estes fatores respondem pela ocorrência de danos, que podem ser de leve, moderada ou severa intensidade, dos tipos arranhões, golpes (compressões), perfurações e cortes. Quaisquer que sejam os danos, seu efeito sobre a qualidade está associado ao aumento da perda de água, ao mais rápido amaciamento da polpa e ao favorecimento da entrada de microrganismos.
Para evitar ou reduzir a ocorrência de danos em mangas durante as diferentes etapas de manuseio pós-colheita, são recomendados:
- Realizar a colheita manualmente, com o auxílio de tesouras adequadas.
- Acondicionar adequadamente as mangas colhidas em contentores, observando-se a posição do pedúnculo, protegendo-se as diferentes camadas com material que reduza o contato direto entre as frutas e amenize a pressão daquelas da camada superior.
- Distribuir as mangas nos contentores de forma que não ultrapassem a altura da alça.
- Transportar cuidadosamente a carga colhida, através de estradas regulares e em bom estado de tráfego, a baixas velocidades.
- Carregar e descarregar as frutas com cuidado.
- Treinar as pessoas envolvidas nas operações de colheita, transporte, lavagem, seleção, classificação, embalagem, paletização e resfriamento da manga, reconhecendo a suscetibilidade da fruta a danos.
- Usar equipamentos e materiais em pós-colheita adequados às características da manga.
- Acondicionar as mangas em embalagens adequadamente dimensionadas e que lhes confiram proteção.