Semeadura

Conteúdo migrado na íntegra em: 22/12/2021

Autores

Julio Cesar B. Lhamby

Henrique Pereira dos Santos

Maurto César C. Teixeira

Osmar Rodrigues - Embrapa Trigo

Arcenio Sattler

Antônio Faganello

 

 

Vários fatores interagem e interferem na expressão do potencial produtivo de uma cultura, dentre os quais pode-se destacar o processo de semeadura. O controle sobre este processo é uma ferramenta que deve ser usada para buscar a colocação adequada de sementes e de fertilizantes no solo, segundo densidades e espaçamentos recomendados para a cultivar que se deseja estabelecer.

Semeadura. Fotos: Paulo Kurtz

 

Densidade e profundidade de semeadura

A densidade de semeadura indicada é de 300 a 330 sementes aptas/m2, para cultivares precoces. No final do período recomendado, deve-se dar preferência ao nível superior de densidade. Essas densidades são indicadas tanto para semeadura em linha como a lanço. Deve-se preferir a semeadura em linha pelas seguintes vantagens: distribuição mais uniforme de sementes; maior eficiência na utilização de adubo; melhor cobertura da semente; menor possibilidade de dano às plantas quando da utilização de herbicidas em pré-emergência. A distância entre as fileiras não deve ser superior a 20 cm, e a profundidade deve ficar entre 2 cm e 5 cm.

 

Diversificação de cultivares

O escalonamento da produção de trigo através da semeadura de diferentes cultivares e de cultivares em diferentes épocas, numa mesma propriedade, é uma prática indicada para se obter maior estabilidade de rendimento na lavoura. Para definição do número ideal de cultivares e da participação de cada cultivar na diversificação, diversos fatores devem ser considerados, inclusive, características fenológicas, resistência à doenças e ciclo. A concentração do plantio em uma única cultivar tem, historicamente, demonstrado constituir-se num risco de ocorrência de problemas na lavoura contribuindo para a instabilidade da produção tritícola.

 

Rotação de culturas

A monocultura de trigo no sul do Brasil, ou a prática da sucessão trigo-soja empregada de forma contínua em décadas passadas, provocou as degradações física, química e biológica do solo, com conseqüente queda da produtividade do cereal neste período.

Foi com a adoção da milenar prática cultural Rotação de Culturas , hoje de uso corrente na produção agrícola, que se viabilizou, novamente, o cultivo do trigo na região. Com isso, a rotação de culturas voltou a merecer especial destaque nas indicações técnicas para a cultura do trigo.

Diversos estudos têm demonstrado seus efeitos benéficos para: a viabilização do plantio direto; o controle da erosão; a melhor utilização do solo e dos nutrientes; a mobilização e transporte dos nutrientes das camadas mais profundas para a superfície; o aumento do nível de matéria orgânica; o controle de plantas invasoras; o controle de insetos pragas; o controle de doenças; a melhor distribuição de mão-de-obra ao longo do ano; o melhor aproveitamento das máquinas e para a maior estabilidade econômica do agricultor.

 

Planejamento de um sistema de rotação de culturas

O planejamento da seqüência de espécies dentro de um modelo de rotação de culturas deve considerar, além do potencial de rentabilidade, a suscetibilidade de cada cultura à infestação de pragas, de doenças e de plantas daninhas a seus efeitos alelopáticos, a disponibilidade de equipamentos para o manejo das culturas e de seus restos culturais, o seu histórico e o estado atual da lavoura, atentando para aspectos de fertilidade do solo e de exigência nutricional das plantas.

O arranjo das espécies no tempo e no espaço, aliado à diversidade de cultivares, além de permitir a obtenção dos benefícios técnicos preconizados, deve permitir o escalonamento de épocas de semeadura, de épocas de colheita e de épocas de desfrute na integração com a pecuária, com vistas à maximização das oportunidades de comercialização dos produtos.