Triticale
Manejo de enxurrada em SPD
Autor
José Eloir Denardin - Embrapa Triigo
A cobertura de solo apresenta potencial para dissipar em até 100% a energia erosiva das gotas de chuva, mas não manifesta essa mesma eficiência para dissipar a energia erosiva da enxurrada. A partir de determinado comprimento de declive, o potencial da cobertura de solo em dissipar a energia erosiva da enxurrada é superado, permitindo a flutuação e o transporte de restos culturais, bem como o processo erosivo sob a cobertura. Nesse contexto, toda prática conservacionista capaz de manter o comprimento do declive dentro de limites que mantenham a eficiência da cobertura de solo na dissipação da energia erosiva da enxurrada contribuirá, automaticamente, para minimizar o processo de erosão hídrica. Semeadura em contorno, terraços, taipas de pedra, faixas de retenção, canais divergentes, entre outras técnicas, constituem práticas conservacionistas eficientes para a segmentação do comprimento do declive e, associadas à cobertura de solo, comprovadamente, contribuem para o efetivo controle da erosão hídrica. Portanto, para o controle integral da erosão hídrica, é fundamental dissipar a energia erosiva do impacto das gotas de chuva e a energia erosiva da enxurrada, mediante a manutenção do solo permanentemente coberto e a segmentação do comprimento do declive.
Terraceamento
Terraços são estruturas que objetivam reduzir a enxurrada e conduzir o volume de água da chuva que excede a capacidade de infiltração do solo. A construção e a manutenção do sistema de terraços isoladamente não é suficiente para o controle da erosão. De outra parte, apesar de o plantio direto proporcionar adequada conservação ao solo, ele por si só não dispensa a prática de terraceamento, pois a erosão hídrica não é apenas uma função do grau de cobertura do solo com plantas ou com resíduos culturais. Outros fatores também são importantes, tais como: erosividade da chuva; erodibilidade do solo; manejo do solo e práticas conservacionistas complementares, tais como: canais divergentes, implantação de estradas em nível, sistematização do terreno, construção de bacia de contenção de água e revestimento de canais escoadouros.
A decisão quanto à necessidade de construção de terraços e seu dimensionamento depende da existência de arraste de resíduos culturais da superfície do solo e/ou o arraste de solo por baixo dos resíduos culturais, promovidos pela água de escoamento. Quando a enxurrada atinge a energia crítica capaz de arrastar resíduos culturais e/ou solo, a erosão hídrica se estabelece, determinando o comprimento crítico de rampa, o qual significa o espaçamento máximo horizontal tolerável entre terraços.
Considerando os benefícios advindos do sistema plantio direto em termos de ampliação da capacidade de infiltração de água do solo, indica-se terraços de base larga em nível como prática auxiliar de conservação do solo neste sistema.