Triticale
Plantas daninhas
Autor
Leandro Vargas - Embrapa Trigo
Plantas daninhas de importância econômica na cultura do triticale
Os fatores edafoclimáticos (condições de clima e de solo) influem na ocorrência e na distribuição de plantas daninhas. Devido à diversidade de regiões brasileiras em que o triticale pode ser cultivado, várias espécies daninhas causam perdas econômicas na produtividade da cultura. Em grande parte das áreas da região Sul, as gramíneas azevém e aveia preta são as que causam os maiores prejuízos ao triticale. Na classe das dicotiledôneas, se destacam nabo ou nabiça, cipó-de-veado ou erva-de-bicho, língua-de-vaca, flor-roxa, erva-salsa, serralha, silene, gorga ou espérgula e esparguta. Em anos em que o inverno apresenta temperatura média elevada, ocorrem também outras invasoras de folhas largas, mais comuns no verão, como picão-preto, corriola e poaia. No Paraná, principalmente no norte do estado, também ocorre picão-branco ou fazendeiro e algumas outras espécies de clima mais quente. O azevém e a aveia preta tiveram suas ocorrências e densidades aumentadas nos últimos anos, devido ao seu uso para cobertura do solo, na rotação de culturas e também pela dificuldade de controle nos cultivos de trigo, cevada, triticale e outros cereais.
Efeito das plantas daninhas na produtividade do triticale
As perdas causadas pelas plantas daninhas na produtividade de triticale podem ser devidas à competição, pelo efeito da alelopatia ou indiretamente, reduzindo a qualidade do produto colhido. A competição ocorre quando qualquer fator de ambiente (água, luz ou nutrientes) é dividido entre a cultura e as invasoras, e se torna limitante à obtenção de altas produtividades. A alelopatia é a inibição do crescimento de uma planta por outra, através da liberação de compostos químicos no ambiente. Embora não estejam completamente estudados em triticale, os efeitos alelopáticos entre plantas têm sido relatados e provavelmente a alelopatia seja responsável por parte da perda da produtividade da cultura quando as plantas daninhas estão presentes.
A redução mais acentuada da produtividade do triticale ocorre quando a competição acontece nos estádios iniciais de desenvolvimento da cultura, denominado período crítico de competição, que se estende, em geral, até 50 dias após a emergência das plantas. Durante esse período, os prejuízos provocados são irreversíveis, e é por isso que nessa época o triticale deve estar livre da interferência das plantas daninhas.
Embora a competição tardia não afete significativamente o rendimento de grãos, ela pode interferir nas operações de colheita e na qualidade do produto colhido. A contaminação dos grãos com partes de plantas daninhas e/ou com suas sementes provoca sua depreciação. Além de dificultar a colheita, as plantas daninhas podem elevar a umidade dos grãos e os custos de secagem, favorecer sua fermentação, aumentar a incidência de pragas no armazenamento e, inclusive, diminuir o valor recebido pelos produtores, devido aos descontos causados pela impureza e umidade de grãos.