Triticale
Métodos de controle
Autor
Leandro Vargas - Embrapa Trigo
O manejo e controle de plantas daninhas na cultura do triticale constituem-se principalmente nos métodos preventivos, culturais e químicos, devendo ser utilizados, preferencialmente, de maneira integrada. O controle mecânico é de difícil execução e geralmente tem eficiência reduzida na cultura, sendo empregado em pequena escala.
Métodos preventivos
As estratégias técnicas que compõe os métodos preventivos são baseados em dois pressupostos: o primeiro consiste em evitar a entrada de plantas daninhas na área, enquanto o segundo se baseia em evitar a sua disseminação.
Alguns componentes das medidas preventivas são:
1. Uso de sementes livres de sementes de plantas daninhas. A aquisição de sementes de fontes não confiáveis pode causar sérios problemas, como a introdução de espécies exóticas.
2. Limpeza de máquinas e equipamentos antes de transferi-las de áreas infestadas para áreas limpas. Esta é uma das maneiras mais fáceis de se reduzir os problemas com as plantas daninhas.
3. Manutenção das áreas próximas da lavoura livres de plantas daninhas, tais como em locais próximos de cercas e bordas de lavouras.
4. Não permitir que animais movam-se diretamente de áreas infestadas para áreas livres de plantas daninhas.
5. Evitar que as plantas daninhas produzam sementes ou outros órgãos de reprodução.
Métodos culturais
Os métodos culturais de manejo de plantas daninhas se baseiam em técnicas que visam aproveitar as interações entre as invasoras e a cultura, de maneira que as condições sejam favoráveis à cultura e desfavoráveis às plantas daninhas. As características de competitividade do triticale e a rotação de culturas são duas importantes práticas culturais. A competição cultural consiste em dar condições para que a cultura se estabeleça bem, com desenvolvimento rápido e vigoroso, assim competindo eficientemente por água, luz e nutrientes. Vários fatores contribuem para isso, entre os quais a semeadura sem a presença de plantas daninhas, a adubação correta, o uso de sementes de boa qualidade e de cultivares bem adaptadas, além da densidade, da época de semeadura e da profundidade de semeadura dentro dos níveis ótimos ao cultivar utilizado. Além de favorecer o manejo de plantas daninhas, estes fatores contribuem para obter altas produtividades de triticale.
Controle químico
Os herbicidas constituem-se no método mais utilizado para o controle de plantas daninhas em cereais. As estratégias de controle podem ser adotadas mais rapidamente e eficientemente quando se usam herbicidas, comparado ao uso de somente medidas mecânicas. A eficiência dos herbicidas tem levado, muitas vezes, a uma grande dependência desses compostos químicos, com a exclusão de outros métodos. O controle químico deve ser visto como uma ferramenta adicional, e não como o único método para diminuir os prejuízos com plantas daninhas. Os herbicidas devem ser utilizados com critérios rígidos, considerando seus custos, eficiência e segurança ao ambiente e ao homem, devendo ser considerados como parte de um programa integrado de controle de plantas daninhas. Herbicidas para uso na cultura do triticale devem ser registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Alguns fundamentos que devem ser observados na seleção do tratamento com herbicida são os seguintes:
Identificação da(s) espécie(s) que constituem o problema.
Aplicar o herbicida quando as plantas daninhas estiverem em estádio inicial, em crescimento ativo e quando a cultura estiver no estádio adequado de desenvolvimento.
Usar equipamento adequado e em boas condições.
Calibrar o pulverizador para assegurar a aplicação na dose correta.
Ler e seguir as instruções do rótulo do herbicida e dos adjuvantes.
Lembrar do plano de rotação de culturas, para evitar problemas com residual de herbicidas para a próxima cultura.
Sempre utilizar equipamentos de proteção individual (EPI) ao preparar a calda e aplicar os agroquímicos na lavoura.
Quando um método de controle é utilizado continuamente, seja ele mecânico ou químico, é provável que ocorra o aparecimento de populações daninhas resistentes ou tolerantes. Em alguns casos, poderá haver a seleção de biótipos resistentes dentro de uma espécie, cuja população pode aumentar e constituir-se em um problema mais sério. De modo geral, o fenômeno mais comum é a substituição das espécies mais sensíveis pelas mais tolerantes ao herbicida que tem sido usado com maior frequência. Por exemplo, o uso continuado de herbicidas para controlar dicotiledôneas pode levar ao aumento de espécies monocotiledôneas, como o azevém e as aveias. O conhecimento da flora infestante das lavouras de triticale e suas reações aos diferentes métodos de manejo e controle são indispensáveis para que possam ser adotadas as práticas mais convenientes.
A resistência e a mudança na população de plantas daninhas podem ser evitadas pela integração de medidas de manejo (ou controle), tais como rotação de culturas e o uso alternado de herbicidas com diferentes mecanismos de ação.