Mercado interno

Conteúdo migrado na íntegra em: 08/12/2021

Autores

Rebert Coelho Correia - Embrapa Semiárido

José Lincoln P. de Araújo - Embrapa Semiárido

 

O consumo de uva de mesa no Brasil é estimado em aproximadamente 3,56 kg.hab-1.ano-1, valor 40% inferior ao que se observa na Europa. Além disso, está concentrado na região Sudeste, que absorve cerca de 46% da oferta brasileira, enquanto a região Nordeste responde por apenas 23,7%.

A área plantada com videira no Brasil, em 2009, era de 81.677 ha. O Rio Grande do Sul lidera, com 48.259 ha plantados e uma produção de 737.363 t, dos quais acima de 90,0% destina-se à agroindústria. Em seguida, estão o Estado de São Paulo e o Polo Petrolina-PE/Juazeiro-BA, este com 9.727 ha cutlivados principalmente com uva de mesa.

 

Tabela 1. Área cultivada com videira nos Estados brasileiros, no período de 2005 a 2009.

Estado/Ano

2005 2006 2007 2008 2009
Pernambuco 4.872 5.111 5.673 6.973 6.003
Bahia 3.685 3.938 4.096 4.376 3.724
Minas Gerais 936 893 840 874 812
São Paulo 10.906 10.414 11.112 10.565 11.259
Paraná 5.603 5.657 5.700 5.800 5.800
Santa Catarina 4.224 4.512 4.915 4.836 5.168
Rio Grande do Sul 42.450 44.298 45.379 47.206 48.259
Mato Grosso 180 151 138 146 133
Paraíba 90 110 110 110 110
Ceará 61 67 91 93 92
Goiás 64 84 108 127 126
Outros 151 150 163 180 191
Brasil 73.222 75.385 78.325 81.286 81.677
 
Fonte: IBGE (2010).

 

Tabela 2. Produção de uva nos Estados brasileiros, em toneladas, durante o período de 2005 a 2009.

Estado/Ano 2005 2006 2007 2008 2009
Pernambuco 150.827 155.781 170.325 165.075 158.517
Bahia 109.408 117.111 119.610 97.481 90.508
Minas Gerais 14.389 12.318 11.995 13.711 11.773
São Paulo 190.660 195.357 198.123 193.534 185.123
Paraná 99.253 95.357 99.180 101.500 102.080
Santa Catarina 47.971 47.355 54.603 58.330 67.543
Rio Grande do Sul 611.868 623.878 704.176 776.964 737.363
Mato Grosso 2.080 1.805 1.832 1.672 1.505
Paraíba 630 1.980 1.980 1.980 1.980
Ceará 1.831 2.172 2.381 2.624 2.908
Goiás 2.015 2.398 5.059 5.619 3.172
Outros 1.632 1.552 2.291 2.941 3.019
Brasil 1.232.564 1.257.064 1.371.555 1.421.431 1.365.491

Fonte: IBGE (2010).

 

 

Os principais polos de produção e comercialização de uva de mesa no Brasil são: Alto Uruguai, localizado nos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, onde se cultiva principalmente as cultivares Niágara e Isabel, que são comercializadas entre os meses de dezembro a março; região Central do Paraná, onde são exploradas as cultivares Niágara, Isabel e Concord, que entram no mercado nos meses de dezembro e janeiro; região de Marialva, que é responsável por mais de 70% da produção vitícola paranaense e se dedica principalmente às uva finas, como Rubi e Italia, entra com o produto no mercado nos períodos de dezembro a fevereiro e de maio a julho; região de Jundiaí (São Paulo), onde predomina o cultivo da cultivar Niágara, com a colheita ocorrendo entre os meses de dezembro e fevereiro; região de São Miguel Arcanjo (São Paulo) que se dedica a exploração de uva finas (Italia, Rubi, etc.), com a comercialização ocorrendo de dezembro a março; região de Jales (São Paulo), que também se especializou no cultivo de uvas finas (Italia, Benitaka, etc.) comercializa sua produção entre os meses de agosto e outubro; região do Submédio do Vale do São Francisco, assentada em terras de Pernambuco e Bahia, dedica-se ao cultivo de uvas finas (Italia, Benitaka, Red Globe, etc.) e adota os mais tecnificados sistemas de cultivo de uva de mesa do país, gerando mais de 40.000 empregos diretos, tendo sua produção comercializada ao longo de todo o ano. Estes Polos escoam sua produção para os mercados local, regional e extra-regional (nacional), sendo que alguns, como o Submédio do Vale do São Francisco, também comercializam no mercado internacional.

Ressalta-se a importância que o mercado interno desempenha na dinâmica da viticultura. No caso do Submédio do Vale do São Francisco, estima-se que o mercado interno absorva cerca de 70% da produção. Nesse mercado, o período de maior oferta da uva de mesa ocorre entre os meses de novembro a março. Entretanto, em dezembro também há oferta abundante devido às festas natalinas, quando os preços alcançam os níveis mais elevados. Já o período de menor oferta, ocorre de abril a junho. De julho a outubro, ocorre oferta regular no mercado doméstico. Neste contexto de distribuição, destaca-se a situação privilegiada da região do Submédio do Vale do São Francisco, que, podendo obter colheitas em qualquer época do ano, ocupa janelas deixadas pelas regiões produtoras concorrentes, podendo aproveitar as melhores oportunidades de preços.