O sistema de Produção Integrada (PI) é constituído por um conjunto de práticas agronômicas selecionadas a partir daquelas disponíveis regionalmente e que, no conjunto, asseguram a qualidade e a produtividade das culturas dentro de uma base de sustentabilidade. A escolha critériosa e responsável de diferentes métodos (biológicos e químicos, dentre outros) para as mais difertentes etapas da produção, considera as exigências de consumidores, a viabilidade econômica da atividade e a proteção ao meio ambiente. Desta forma, o uso dos insumos é racionalizado, gerando economia e competitividade para o produtor e garantindo ao consumidor um produto de alta qualidade, seguro e livre de resíduos perigosos à saúde. A PI também preconiza a adoção das boas práticas de fabricação e higiene, para assegurar que não haja contaminações por microrganismos perigosos à saúde do consumidor, e também o respeito às leis sociais. De forma geral, pode-se informar que a PI tem sua sustentação na organização da base produtiva, na sustentabilidade (social, econômica e ambiental), nas boas práticas agrícolas e de fabricação, no monitoramento constante do programa, na garantia da rastreabilidade, na capacitação profissional dos agentes envolvidos no processo produtivo e em um sistema de informação dinâmico e eficiente.

Entre as vantagens econômicas advindas da PI, cita-se, de forma direta, a minimização de custos de produção decorrentes de desperdícios no uso de insumos agrícolas. Em se tratando de outros benefícios indiretos, encontra-se a crescente exposição na mídia da busca de produtos saudáveis, os quais são identificados pela sociedade pelos selos de certificação de qualidade. Esses asseguram ao consumidor que todo o processo envolvido, desde a semente ou muda até a prateleira, é conhecido e monitorado, permitindo a identificação de produtos de baixa qualidade e de níveis de resíduos de agrotóxicos nos produtos que possam comprometer a integridade física do consumidor.

A principal vantagem da PI é a possibilidade de aumentar a abertura ao mercado internacional de frutas frescas, em virtude de o sistema permitir maior credibilidade da qualidade do produto, assim como a rastreabilidade do mesmo. Posteriormente, a obtenção de vantagem competitiva no mercado interno também deverá ser conseguida, porque logo o consumidor brasileiro estará exigindo alimentos de melhor qualidade e origem controlada, produzidos de maneira correta, sem agredir o meio ambiente e preservando a saúde das pessoas.

No submédio do Vale do São Francisco, a Produção Integrada de Uvas Finas de Mesa (PI-Uva) foi iniciada no ano 2000 por meio da parceria entre Embrapa Semi-árido, Embrapa Meio Ambiente e VALEXPORT, mediante a demanda dos produtores da região, preocupados em atender às exigências do mercado europeu.

Na implantação da PI-Uva, foram consideradas as seguintes etapas:

• seleção das áreas de produção;
• seleção e identificação das parcelas nas áreas dos produtores;
• realização do diagnóstico ambiental das parcelas das áreas de produção;
• elaboração dos cadernos de campo e pós-colheita;
• manejo integrado de pragas; 
• monitoramento dos itinerários técnicos da cadeia produtiva de uva e da qualidade final na pós-colheita;
• capacitação de recursos humanos para monitorar o sistema de PI;
• identificação da grade dos agrotóxicos utilizados na cultura; e
• elaboração das normas técnicas da PI-Uva.

Trata-se de um programa oficial do Goverrno brasileiro que, a partir de discussão ampla sobre qualidade da fruta, consciência ambiental e social, requerimentos de mercado e avanço da profissionalização do produtor rural, construiu a base para uma viticultura mais competitiva.

Figura 1. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (2002)