Poda de formação

Conteúdo migrado na íntegra em: 08/12/2021

Autor

Patrícia Coelho de Souza Leão - Embrapa Semiárido

 

É realizada com o objetivo de proporcionar uma forma adequada à planta. A época de sua realização dependerá, sobretudo, do vigor da planta jovem, sendo que no Submédio do Vale do São Francisco, pode variar de seis meses a um ano, podendo ser antecipada quando se realiza enxertia no campo e de acordo com as práticas de manejo adotadas.

A poda de formação pode ser realizada para permitir a condução da planta em braço único ou em dois braços. Quando a opção é formar a planta com único braço, o ramo é curvado cerca de 20 a 30 cm abaixo do arame primário dos sistemas de condução e amarrado junto ao arame, no sentido da linha de plantio e na mesma direção dos ventos dominantes. Por outro lado, para a formação de dois braços primários, o ramo principal deve ser despontado 10 cm abaixo do arame primário do sistema de condução, de modo a eliminar a dominância apical. Os ramos oriundos das duas últimas gemas mais próximas ao arame primário serão conduzidos um para cada lado, no sentido da linha de plantio. A partir deste ponto, o ramo principal constitui o braço primário sobre o qual as brotações laterais serão distribuídas de modo uniforme para formar a estrutura da planta. Na viticultura brasileira, predomina o sistema conhecido como “espinha de peixe", que corresponde ao sistema de poda em cordão uni ou bilateral, com varas e esporões com um ou dois braços principais por planta e com braços secundários distribuídos uniforme e simetricamente ao longo do(s) braço(s) principal(is). Para formar a planta em “espinha-de-peixe”, as brotações laterais devem ser selecionadas a cada 25-30 cm, deixando-se duas brotações laterais, sendo uma para cada lado, eliminando-se as duas seguintes e, assim sucessivamente, até a extremidade do braço. O desponte no ápice do ramo principal será realizado apenas quando este ultrapassar aproximadamente 40 cm do espaçamento da planta seguinte (braço único) ou da metade do espaçamento entre plantas (dois braços). As brotações laterais devem, também, ser despontadas na 12a gema, quando apresentarem aproximadamente 20 folhas, visando promover a repartição equilibrada da seiva entre todos os brotos em crescimento, evitando-se que aqueles mais vigorosos possam inibir o desenvolvimento dos mais fracos, bem como para induzir a brotação das gemas terciárias ou feminelas, que formarão os “netos”, importantes para a poda de produção de cultivares de uva sem sementes como Sugraone e Thompson Seedless.

 

Fotos: Cesar H. Mashima (A) e José Monteiro Soares (B).                 

Figura 1. Poda de formação da planta com um (A) e dois braços primários (B), segundo o sistema “espinha-de-peixe”. 
 

Após o desenvolvimento uniforme dos ramos laterais ao longo de todo o braço, então, este é despontado, a fim de manter a planta dentro dos limites definidos pelo espaçamento. Entretanto, nas cultivares menos vigorosas, ou mesmo quando as brotações laterais apresentam-se fracas, recomenda-se que esta formação seja feita em duas etapas, de modo que se obtenham ramos secundários vigorosos.