Uva para Processamento
Mercado
Autor
Loiva Maria Ribeiro de Mello - Embrapa Uva e Vinho
A uva está presente em diversos estados brasileiros e se constitui numa atividade geradora de emprego e renda, proporcionando sustentabilidade à pequena propriedade de agricultura familiar. Não menos importante, são os grandes empreendimentos em novas regiões como no Vale do São Francisco, que contribui, para o desenvolvimento local.
O maior produtor de uvas do Brasil é o estado do Rio Grande do Sul. Nesse estado a principal região produtora é a Serra Gaúcha onde a viticultura é desenvolvida em pequenas propriedades, que possuem 15 ha de área, em média,l, sendo destes 40% a 60% de área útil e cerca de 2,5 ha de vinhedos. Devido a topografia acidentada são pouco mecanizadas, predominando o uso da mão de obra familiar. Cada propriedade dispõe em média de 4 pessoas.
Em Santa Catarina, a região de maior expressão é a do Vale do Rio do Peixe, que apresenta grande similaridade com a da Serra Gaúcha em relação à estrutura fundiária, topografia e tipo de exploração vitícola. A área média das propriedades dessa região é de aproximadamente 30 ha, sendo destes 2,14 ha com vinhedos. São propriedades com áreas acidentadas, nem sempre aproveitáveis integralmente para a agricultura.
Os empreendimentos maiores, com áreas cultivadas entre 30 e 500 hectares se localizam em regiões mais planas. Nessas áreas, são cultivadas uvas Vitis vinifera destinadas ao processamento da própria indústria.
A produção média de uvas do país (2006/2009) foi de 1,37 milhões de toneladas de uva. Deste volume, o estado do Rio grande do Sul foi responsável por 54,6%, São Paulo 13,74%, Pernambuco 11,98%, Bahia 7,52%, Paraná 7,40% ,Santa Catarina 4,40%e Minas Gerais menos de 1%.
Do total de uvas produzidas no país, cerca de 50% se destina ao processamento para elaboração de sucos, vinhos, espumantes e outros derivados. O Rio Grande do Sul destina quase a totalidade de sua produção ao processamento e é responsável por mais de 90% da produção nacional de suco, vinhos, espumantes e derivados.
O mercado de uvas para vinhos tem passado por épocas de crise e épocas de crescimento acelerado, determinando uma movimentação importante na preferência por determinadas cultivares. As cultivares americanas e híbridas tem tido maior estabilidade na demanda ao longo dos anos, provavelmente pela tripla finalidade que apresentam, suco, vinho e mesa. As cultivares Vitis vinifera, foram expandidas com a introdução recente de novas cultivares portuguesas e italianas. Algumas cultivares tradicionais diminuíram sua produção (Cabernet Franc e Riesling Itálico), outras introduzidas na década de 80 já não mais apresentam importância, como a Gewurstraminer e a Sémillon. Na década de 80 havia uma forte tendência em aumento no consumo de vinhos brancos e houve um grande incentivo no plantio de uvas brancas para elaboração de vinhos finos, contrariamente a primeira década de 2000, quando o mercado indicava uma maior procura por vinhos tintos.
Considerando os investimentos necessários para a implantação, o tempo necessário para iniciar a produção e a longevidade dos vinhedos, a instabilidade do mercado quanto às cultivares se constitui num problema importante para a viticultura brasileira, com reflexos negativos para o viticultor. Por essas razões, o produtor geralmente planta um mix de cultivares que lhe permita a sustentabilidade econômica.
Ao longo do tempo as cultivares Vitis vinifera apresentaram os maiores problemas no mercado. Em número maior de 100 cultivares plantadas, cada uma apresenta peculiaridade que distingue o produto final (vinho ou espumante). A adaptação e a tipicidade das cultivares tem sido um dos aspectos usados nas Indicações Geográficas no Brasil, o que deverá dar maior estabilidade ao produtor de uvas nessas áreas.