Agroenergia
Tecnologia
Autor
Talita Delgrossi Barros - Consultora autônoma
Montagem do Cupim
O cupim deve ser montado de forma que a madeira seja disposta verticalmente em duas camadas, na forma de círculo. A primeira camada consiste em madeiras espessas no centro e finas na periferia.
Deve-se adotar este método para que a carbonização seja mais homogênea e eficiente, pois a pirólise ocorre de dentro para fora. O centro deve ter uma parte oca de aproximadamente 20 cm, para que seja colocado o material que vai dar início à combustão.
A segunda camada é disposta sobre a primeira (acompanha a forma circular da primeira). Para esta camada, a madeira pode ser mais grossa que a anterior e, também, deve ter em seu interior uma parte oca para o material combustível. Para facilitar o início da combustão, o buraco central poderá conter pedaços de “tico” ou de madeiras leves que queimam facilmente. Finalmente, a madeira deve ter formato de uma abóboda, parecendo com um “cupim” e todos os locais vazios devem ser ocupados.
Para acomodar a madeira na parte superior do forno é usada uma ferramenta denominada “escada”.
A madeira é coberta por uma camada de vegetação (capim gordura) de 5 cm de espessura e esta é coberta com 10 cm a 15 cm de espessura de barro, deixando na parte de cima uma abertura para que seja iniciada a ignição. Furos laterais são feitos para que a fumaça saia e para que o ar que mantém a carbonização entre.
Operação
Esta fase começa com o toque de fogo na parte de cima do “cupim”. Pequenos pedaços de madeiras incendiados são colocados no orifício central oco, gerando o início da combustão.
Em seguida, a abertura é fechada com barro e terra. Algum tempo depois, devido ao calor, a água que compõe a madeira sai na forma de vapor. Neste momento, o material combustível está quase todo consumido sendo necessário fazer sua substituição e, para isto, deve ser reaberto o orifício central. Esta operação demora um dia e meio, e geralmente é realizada de duas a três vezes ao dia.
A fumaça azulada indica que a fileira de buracos deve ser fechada (sempre de cima para baixo), pois naquela região já se deu a carbonização. Quando a cor da fumaça que sai pelo buraco é branca, significa que a carbonização está ocorrendo normalmente. Se antes da fumaça ficar azul ela ficar bem fraca, devem ser feitos buracos na base para entrar mais ar.
Como há muito barro na parte superior, com o tempo, esta tende a descer fechando os buracos inferiores. Para evitar que isto ocorra, deve-se colocar pedaços de madeira acima dos orifícios laterais.
A cada duas ou três horas, a carbonização deve ser verificada, principalmente quando a parte superior já estiver fechada (material já foi carbonizado), pois os demais buracos estão em atividade, uma vez que não começaram a emitir fumaça.
Neste momento, já é possível perceber que o cupim começa a diminuir de tamanho, pois acompanha o processo de carbonização que acontece com a madeira, e o volume de carvão é inferior ao da madeira.
O encolhimento do cupim ocorre juntamente com o aumento na quantidade de fumaça. A fumaça azulada saindo da última fileira de furos indica que a carbonização terminou. Por fim, para evitar a entrada de ar, fecham-se todos os buracos que ainda estiverem abertos e espera-se que o carvão se esfrie. Este processo leva um ou dois dias.
Colheita
Esta etapa deve ser realizada rapidamente, pois deve-se evitar o sereno, chuvas e outros efeitos atmosféricos que diminuam a qualidade do carvão.
Utiliza-se polvorão (terra seca) quando, em um dia, não for possível colher todo o carvão, para cobrir os que sobraram, e se começar a sair novamente fumaça do cupim. Não se faz uso de água ou terra, pois a primeira reduz a qualidade do carvão e a segunda transfere umidade para o cupim.
A retirada de carvão é feita em camadas, de fora para dentro, pois, desta forma, há melhor uniformidade na qualidade. Isto porque o carvão da periferia tem qualidade ruim, devido à formação de carvão “tico” ou “tição”, que consiste em lenha mal carbonizada, que pode ser aproveitada como material combustível para outra carbonização.
Durante a colheita, pode haver combustão instantânea se o carvão entrar em contato com o ar; para evitar que isto aconteça é colocado sobre ele o polvorão. Nesta etapa o carvão é separado do polvorão por um “garfão” e, se estiver frio, será ensacado.