Agroenergia
Indiano
Autor
Talita Delgrossi Barros - Consultora autônoma
O biodigestor modelo indiano é de abastecimento contínuo, geralmente aplicado em propriedades pequenas que apresentam regularidade no fornecimento de dejetos, como no manejo de bovinos, suínos e caprinos. O sistema é constituído de uma caixa de entrada de dejetos, tanque biodigestor e caixa de saída. Este modelo não é indicado à utilização de resíduo vegetal para a produção do biogás.
Com construção subterrânea em alvenaria, este biodigestor ocupa pouco espaço e dispensa o uso de reforços na estrutura, como cintas de concreto. Uma parede central divide o tanque em duas câmaras e tem a função de promover a circulação da matéria orgânica. A temperatura pouco variável do solo favorece a ação dos micro-organismos, tornando o processo mais rápido. Uma cúpula atua como um gasômetro, que pode estar mergulhada sobre a biomassa em fermentação ou em um selo de água externo, se deslocando à medida que o biogás é produzido.
A necessidade de uma cúpula, geralmente feita de metal (ferro ou aço) ou fibra, encarece os custos e pode até inviabilizar a implantação do biodigestor. A oxidação da cúpula, quando esta é feita de metal, é comum e exige manutenção constante. A pintura da cúpula deve ser refeita uma vez por ano.
É possível alterar as dimensões do biodigestor em função do solo, devido à proximidade a lençóis freáticos ou presença de solo pedregoso. Quanto menor a profundidade do biodigestor, maior deverá ser o diâmetro, e vice-versa, lembrando que o tamanho da cúpula, varia quando as medidas convencionais são alteradas.
A concentração de sólidos totais dos dejetos adicionados não deve ser superior a 8%, para evitar entupimentos nos canos de entrada e saída do biodigestor e facilitar a circulação da matéria dentro do tanque. Toda a água desperdiçada na lavagem e abastecimento de currais pode ser aproveitada, removendo anteriormente resíduos como pelos, ração, materiais industrializados que são carregados durante o manuseio da água.
Durante a digestão, o acúmulo de material sólido na superfície da biomassa pode criar uma crosta, impedindo a ação dos micro-organismos no consumo da matéria orgânica. Para evitar a formação da crosta, pode-se adaptar ao gasômetro algumas palhetas, de modo que a movimentação da cúpula durante a formação do biogás faça com que as palhetas quebrem a crosta e promovam uma agitação do material dentro do biodigestor.
Em regiões de clima tropical, a produção de biogás obedece a uma relação de 1 m3 de matéria orgânica para 1 m3 de biogás. Já em regiões de clima frio ou temperado, a relação é maior, e chega a 2,4 m3 de biomassa para cada 1 m3 de biogás produzido.
Para que a relação em climas mais frios diminua, deve-se alterar a relação diâmetro-profundidade convencional, de modo que o diâmetro seja maior que nos biodigestores de clima tropical.