Agroenergia
Tendências
Autores
Talita Delgrossi Barros - Consultora autônoma
Leandro Penedo Manzoni - Consultor autônomo
Atualmente, o biodiesel apresenta uma produção e consumo pequenos comparado com os números apresentados pelos combustíveis fósseis. Ainda não constituiu um mercado mundial, já que sua dinâmica se encontra em escala regional nos países.
Com as expectativas de esgotamento das reservas petrolíferas a médio-prazo e com a preocupação mundial em torno da deterioração do meio ambiente por meio das emissões de combustíveis fósseis, o biodiesel surge como alternativa para substituí-los por ser menos poluente.
No entanto, o aumento do seu consumo talvez não leve à formação de um mercado mundial com um grande volume de negociação em bolsa, tal como no mercado de petróleo.
Há duas explicações para esse possível cenário: a busca de matérias-primas locais para alavancar a cadeia produtiva de biodiesel, ou seja, os países poderão apoiar a produção de biocombustível com matérias-primas abundantes em seu território, permitindo que haja demanda para culturas agrícolas em estagnação ou em declínio econômico.
E a consequente adoção de barreiras aduaneiras não tarifárias, levando cada país a adotar uma especificação de acordo com as características do conteúdo produtivo do biodiesel produzido internamente, podendo também englobar aspectos ambientais e sociais; em outras palavras, impede a construção de uma especificação comum do biodiesel entre os países para torná-lo mais uma commodity no mercado mundial.
Por isso, existe um grupo técnico de especialistas americanos, brasileiros e europeus que tem por objetivo criar uma especificação comum entre os países.
Eles compõem um Grupo de Trabalho do Fórum Internacional de Biocombustíveis, cujos países membros são Brasil, EUA, países da União Européia, China, Índia e África do Sul.
Um relatório conjunto de 2007 reuniu 24 especificações sobre o biodiesel, as quais apenas seis eram convergentes entre os países.
Mas havia uma observação de que a superação das diferenças pode ser possível com a mistura de diferentes tipos de biodiesel até que se obtenha uma mistura que atenda as especificações exigidas pelos países, o que pode ser um passo para o início de um mercado mundial para o biodiesel.
Em relação à produção em novos países, há o destaque para o Canadá. Embora ainda seja importador do produto, há previsões que indicam que é o décimo terceiro país com maior potencial de produzir biocombustíveis para exportação, o primeiro que pode se tornar autossuficiente em bioenergia entre os países desenvolvidos, e está entre os cinco do mundo que podem produzir com menor custo.
Outra região a ter destaque será a Ásia e a Oceania. Continentes onde se localizam os maiores consumidores de energia e os maiores produtores de óleo vegetal. Os principais países da região já iniciaram políticas governamentais de incentivo à produção e ao consumo de biodiesel.
Brasil
Em 2010, a capacidade de produção do biodiesel atende a exigência de mistura B5 com o óleo diesel mineral. O teor de mistura acima de 5% exigirá novos investimentos em infraestrutura, já que frotas cativas e em regiões metropolitanas possam ser exigidas com o aumento do volume mínimo obrigatório da mistura.
Em relação à comercialização, há exigências na mudança do arcabouço legal em relação à realização dos leilões. Segundo alguns especialistas, a comercialização em forma de leilão impõe arranjos logísticos específicos, seleção adversa de fornecedores em alguns casos e preços artificiais.
No curto prazo, o mercado de biodiesel pode ter uma dinâmica própria em que não haja um local e uma forma pré-definida de comercialização como nos casos dos leilões, embora a organização das vendas realizada pela ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) permite somente a participação de produtores que comprem as matérias-primas da agricultura familiar.
Em um mercado livre, precisa-se criar mecanismos que obriguem os produtores a continuarem comprando matérias-primas da agricultura familiar tal como é hoje.
A capacidade futura de produção estará localizada em apenas quatro estados brasileiros. São Paulo, Rio Grande do Sul, Goiás e Mato Grosso concentrarão 65% das plantas industriais.
Isso assegura que as instalações de novas usinas dependem da proximidade das matérias-primas, o centro consumidor, proximidade com as refinarias e a combinação de incentivos fiscais federais com estaduais.