Mata de Galeria

Conteúdo migrado na íntegra em: 08/12/2021

Autores

José Felipe Ribeiro - Embrapa Cerrados

Bruno Machado Teles Walter - Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia

 

TIPOS DE VEGETAÇÃO DO BIOMA CERRADO

 

FORMAÇÃO FLORESTAL – MATA DE GALERIA

Foto: Jeanine Felfili

Fotografia demonstrativa do tipo de vegetação florestal Mata de Galeria .

 

Ocorrência

Vegetação florestal que acompanha os rios de pequeno porte e córregos dos planaltos do Brasil Central, formando corredores fechados (galerias) sobre o curso de água. Geralmente localiza-se nos fundos dos vales ou nas cabeceiras de drenagem onde os cursos de água ainda não escavaram um canal definitivo. Essa tipo de formação florestal mantém permanentemente as folhas (perenifólia), não apresentando queda significativa das folhas durante a estação seca. Quase sempre é circundada por faixas de vegetação não florestal em ambas as margens, e em geral ocorre uma transição brusca com formações savânicas e campestres. A transição é quase imperceptível quando ocorre com Matas Ciliares, Matas Secas ou mesmo Cerradões, o que é mais raro, muito embora pela composição florística seja possível diferenciá-las.

Características Gerais

A altura média do estrato arbóreo varia entre 20 e 30 metros, apresentando uma superposição das copas, que fornecem cobertura arbórea de 70 a 95%. No seu interior a umidade relativa é alta mesmo na época mais seca do ano. A presença de árvores com pequenas sapopemas ou saliências nas raízes é freqüente, principalmente nos locais mais úmidos. É comum haver grande número de espécies epífitas (plantas que utilizam as árvores como suporte para o seu crescimento, mas que não se alimentam destas; não devendo, portanto, ser confundidas com as plantas parasitas), principalmente orquídeas, em quantidade superior à que ocorre nas demais formações florestais do Cerrado.

Os solos são geralmente Cambissolos, Plintossolos, Argissolos, Gleissolos ou Neossolos, podendo mesmo ocorrer Latossolos semelhantes aos das áreas de cerrado (sentido amplo) adjacentes. Neste último caso, devido à posição topográfica, os Latossolos apresentam maior fertilidade, devido ao carreamento de material das áreas adjacentes e da matéria orgânica oriunda da própria vegetação. Não obstante, os solos da Mata podem apresentar acidez maior que a encontrada naquelas áreas.

De acordo com características ambientais como a topografia e variações na altura do lençol freático ao longo do ano, com conseqüências na florística, a Mata de Galeria pode ser separada em dois subtipos: Mata de Galeria não-Inundável e Mata de Galeria Inundável. É situação comum que uma Mata apresente não somente um desses padrões ao longo de todo o curso d’água, de modo que são encontrados trechos inundáveis em uma Mata que, no geral, se classifica como não-Inundável e vice-versa.

Algumas espécies podem ser encontradas indistintamente tanto na Mata de Galeria não-Inundável quanto na Mata de Galeria Inundável; ou em trechos com estas características. São espécies indiferentes aos níveis de inundação do solo. Entre estas cita-se: Protium heptaphyllum (breu, almécega), Psychotria carthagenensis (erva-de-gralha), Schefflera morototoni (morototó), Styrax camporum (cuia-do-brejo), Symplocos nitens (congonha), Tapirira guianensis (pau-pombo, pombeiro) e Virola sebifera (virola, bicuíba). Protium heptaphyllum e Tapirira guianensis, em particular, podem apresentar grande importância em termos que quantidade de indivíduos nos dois subtipos de Mata de Galeria.