Espécies Árboreas Brasileiras
Glossário
Autores
Sergio Gaiad - Consultor autônomo
Paulo Ernani Ramalho Carvalho - Consultor autônomo
Apresenta a definição dos termos e expressões técnicas utilizados na descrição das espécies florestais contidas nesta “Árvore”. Com isto, pretende-se facilitar o entendimento dos textos apresentados, ampliando a compreensão do leitor e as possibilidades de uso das informações obtidas.
GLOSSÁRIO
Alimentação animal: forragem em forma de folhas, ramos, frutos, sementes ou casca e indicação de toxidade para o gado. É considerada adequada para alimentação animal a árvore que apresenta alto teor de proteína bruta (acima de 20 %) e baixo teor de tanino (abaixo de 5 %).
Alógama ou de fecundação cruzada: reprodução sexuada em que os dois gametas provêm de seres distintos, com 95 % a 100 % de cruzamento. Uma espécie pode ser alógama e apresentar apenas cerca de 20 % de autofecundação.
Ambiente fluvial ou ripário: também denominada de Mata Ciliar, Mata Ripária, Mata Ripícola e Mata Ribeirinha, inclui a Floresta de galeria. Este tipo de vegetação ocorre na porção de terreno que inclui tanto a ribanceira de rios ou lagos, como também as superfícies de inundação, chegando até as margens do corpo d'água.É um tipo vegetacional que tem como função a manutenção da integridade e estabilidade da microbacia hidrográfica, representada por sua ação direta em uma série de processos importantes para o controle da qualidade e quantidade de água, como também para o controle da dinâmica vegetacional.
Androdióicas: são espécies que apresentam tanto plantas bissexuais com flores femininas e masculinas (hermafroditas ou monóicas) como unissexuais masculinas.
Anemocoria, ou dispersão pelo vento: é um sistema de dispersão dos frutos pelo vento. Espécies com este tipo de dispersão apresentam frutos secos e deiscentes, com sementes pequenas e leves, normalmente apresentando estruturas aerodinâmicas que auxiliam seu transporte pelo vento.
Apícola: usada em apicultura como espécie melífera, produzindo pólen ou néctar.
Apomítica: é o processo adotado por algumas espécies que desenvolvem, a partir do tecido que circunda o saco embrionário, gemas que originam suas sementes sem fertilização floral, ou seja, assexuadamente.
Áreas de Preservação Permanente (APP): são as áreas de vegetação nativa ao longo dos cursos d’água, onde a vegetação original deve ser mantida. Em cursos d’água com até 10 m de largura, essa faixa de proteção deve apresentar, no mínimo, 30 m de largura, e ao redor das nascentes, deve ter um raio de 50 m.
Áreas de tensão ecológica: constituem os contatos entre tipos de vegetação que podem ocorrer na forma de ecótono, quando a transição se dá por uma mistura florística, ou na forma de encrave quando existe uma transição edáfica. Havendo essa transição, ocorre uma interpenetração dos tipos de vegetação. No segundo caso, é um artifício cartográfico usado quando a escala de mapeamento não separar os tipos de vegetação presentes na área, indicando porém sua ocorrência.
Associação simbiótica: relação entre espécie vegetal e certos fungos ou bactérias, onde todos os envolvidos se beneficiam da relação. Os tipos mais comuns são: bactérias do gênero Rhizobium com espécies leguminosas e fungos com as raízes das plantas, formando as micorrizas.
Autocoria: é a dispersão por mecanismos da própria planta, que lança suas sementes pelas redondezas, por algum mecanismo particular ou simplesmente libera as sementes diretamente no solo, ou seja, barocórica (por gravidade).
Autógama: espécies com 95 % a 100% de autofecundação.
Biologia floral: inclui o estudo de todas as manifestações de vida da flor, inclusive a fertilização. Assim, a biologia floral mescla-se com a ecologia da polinização, que engloba estudos de interação entre flores e seus visitantes (polinizadores).
Bioma: a formulação do conceito se deu no início do século passado, como parte da Ecologia dinâmica, no que se refere aos estudos de sucessão, formação clímax e bioecologia, no contexto da busca de uma abordagem do conjunto planta-animal. Nesse processo, chegou-se à formulação de que o bioma, ou formação planta-animal, é a unidade básica da comunidade e seria composto de plantas com os animais incluídos. Outra constatação foi de que, na biosfera, os organismos formam comunidades relacionadas com seu ambiente através da troca de energia e matéria e, desta forma, um tipo mais abrangente de comunidade reconhecido por sua fisionomia seria um bioma.Mediante tais considerações, bioma, palavra derivada do grego bio – vida, e oma – sufixo que pressupõe generalização (grupo, conjunto), deve ser entendido como a “unidade biótica de maior extensão geográfica, compreendendo várias comunidades em diferentes estágios de evolução, porém denominada de acordo com o tipo de vegetação dominante”.
Bioma Amazônia: com clima equatorial, terras baixas e florestas tropicais e equatoriais úmidas, estende-se além do território brasileiro. No Brasil, os ecossistemas amazônicos ocupam uma superfície de 3,6 milhões de quilômetros quadrados, abrangendo os estados do Acre, Amapá, Maranhão, Tocantins e Mato Grosso. É formado por distintos ecossistemas, como florestas densas de terra firme, florestas estacionais, florestas de igapó, campos alagados, várzeas, savanas, refúgios montanhosos e formações pioneiras. A Amazônia é caracterizada por sua grande diversidade, riqueza de espécies de fauna, flora e recursos genéticos. No entanto, esses ecossistemas são bastante frágeis, uma vez que sua produtividade e estabilidade dependem de processo de ciclagem dos nutrientes, cuja eficiência está relacionada com a biodiversidade e complexidade da própria floresta, as quais formam complexas cadeias alimentares que estabilizam o ambiente.
Bioma Caatinga: apresenta clima semi-árido com a ocorrência de secas estacionais e periódicas, o que estabelece regimes intermitentes aos rios e deixa a vegetação sem folhas no período seco, sendo que a folhagem das plantas volta a brotar e fica verde nos curtos períodos de chuvas. Conhecido como sertão nordestino, tem uma área de aproximadamente 736.836 mil quilômetros quadrados, 6,83 % do território brasileiro. Está distribuído pelos estados de Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Bahia, oeste do Maranhão e pequena parte do norte de Minas Gerais. É o principal ecossistema existente na Região Nordeste. Formada por uma vasta biodiversidade, rica em recursos genéticos, a vegetação deste ambiente é constituída por espécies lenhosas, herbáceas, cactáceas e bromeliáceas. Em razão das mais diferentes situações ambientais, a Caatinga é bastante susceptível a processos de desertificação, o que lhe confere diferentes fisionomias, tais como agreste, sertão, cariri, seridó, carrasco, entre outros.
Bioma Cerrado: apresenta clima tropical e vegetação de campos, com árvores isoladas, de troncos retorcidos e folhas encerradas e matas ciliares ao longo dos cursos d´água. Está distribuído, principalmente, pelo Planalto Central Brasileiro, nos estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Bahia e Distrito Federal, estendendo-se, ainda, pelos estados do Maranhão, Piauí, Mato Grosso, São Paulo, Paraná e Rondônia, somando 1,9 milhão de quilômetros quadrados. É uma das savanas mais ricas do mundo. Os fatores apontados como determinantes para a predominância das formações com fitofisionomia savânicas que caracterizam este bioma são o clima, os solos e o fogo, mas outras variáveis ambientais também contribuem para a sua identificação. Em seu subsolo encerra as nascentes dos principais rios das bacias Amazônica, do Prata e do São Francisco.
Bioma Mata Atlântica: apresenta clima tropical com influência do Oceano Atlântico e floresta tropical úmida, sendo formada por florestas ombrófilas densa, aberta e mista e por florestas estacionais semi-deciduais e deciduais. O domínio da Floresta Atlântica estende-se por 1,2 milhão de quilômetros quadrados ao longo da costa brasileira, do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do sul, avançando para o interior, principalmente nos estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Em termos gerais, o domínio da Floresta Atlântica pode ser visto como um mosaico diversificado de ecossistemas, apresentando estruturas e composições florísticas diferenciadas, em função de diferenças de solo, relevo e características climáticas existentes na ampla área de ocorrência. Hoje, somente cerca de 7,3 % de sua cobertura florestal é original. Considerado como um dos biomas com maior biodiversidade do mundo, abriga também uma elevada concentração populacional, o que impõe uma forte pressão sobre seus recursos e a eleva à condição de quinta área mais ameaçada no globo terrestre.
Bioma Pampa: também conhecido como Campos Sulinos ou Campos do Sul, apresenta clima temperado, úmido e sub-úmido, sendo marcado pela frequência de frentes polares e temperaturas negativas no período de inverno, que produzem uma estacionalidade fisiológica típica de clima frio seco. Apresenta terras baixas e colinas arredondadas cobertas por pradarias nas encostas e matas subtropicais de galeria nos vales. Estende-se por mais de 200 mil quilômetros quadrados, a sudeste do Rio Grande do Sul. O Bioma caracteriza-se pela grande riqueza de espécies herbáceas e várias tipologias campestres, compondo, em algumas regiões, ambientes integrados com a Floresta de Araucária.
Bioma Pantanal: localizado na Bacia do Alto Rio Paraguai, na Região Centro-Oeste, abrange parte dos estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul em uma área aproximada de 150 mil quilômetros quadrados. Como área de transição, a região do Pantanal ostenta um mosaico de ecossistemas terrestres com afinidades, sobretudo, com os cerrados e, em parte, com a Floresta Amazônica, além de ecossistemas aquáticos e semi-aquáticos, interdependentes em maior ou menor grau. Considerado como a maior planície de inundação contínua do planeta, sua localização geográfica é de particular relevância, uma vez que representa o elo entre o Cerrado, no Brasil Central, o Chaco, na Bolívia, e a região amazônica, ao Norte, o que confere características únicas à biodiversidade local, fato que levou este Bioma a ser reconhecido pela Unesco, em 2000, como Reserva da Biosfera.
Botões florais: a fase de botões florais engloba desde o surgimento dos botões florais até o início da antese.
Brejos de altitude: são formações vegetais úmidas e sub-úmidas, inseridas na região da caatinga de Pernambuco e Paraíba, onde predomina uma vegetação xerófila, típica de ambientes semi-áridos. Essas ilhas de vegetação arbórea mais densa são condicionadas pela orografia, proporcionando um microclima diferenciado, com pluviosidade bem superior à do entorno.
Cabruca: as cabrucas são áreas de cultivo onde o cacau foi implantado sob a sombra da floresta nativa raleada. Na região sul da Bahia, onde as florestas são poucas e fragmentadas, as cabrucas têm sido consideradas importantes para a conservação de espécies nativas.
Campinarana: é conhecida também por Caatinga da Amazônia, Caatinga-gapó e Campina da Amazônia. Este tipo de vegetação é condicionado pelo clima quente e superúmido com chuvas torrenciais (cerca de 4 mil mm anuais) e altas temperaturas (médias superiores a 25 ºC). Ocorre em áreas deprimidas lixiviadas, quase sempre encharcadas, situadas no alto-médio Rio Negro, havendo disjunções em outros pontos da Amazônia. É caracterizada por agrupamentos de vegetação arbórea fina e alta, cuja fisionomia raquítica é resultante da baixa concentração de nutrientes minerais no solo.
Capacidade de rebrota: capacidade da planta emitir brotação, da touça ou de raízes, após o corte da árvore.
Carrasco ou catanduva: tipo vegetacional xerófilo, que ocorre em solos arenosos sobre chapadas contíguas à vegetação das caatingas, na Bacia do Rio Parnaíba, no Piauí. O carrasco, pela caducifolia, seria um tipo de caatinga, mas, pela maior densidade dos indivíduos, a uniestratificação aparente e a quase ausência de cactáceas e bromeliáceas, poderia ser reconhecido como uma entidade própria.O termo carrasco tem sido usado para designar diferentes tipos de vegetação do nordeste do Brasil e fora dele, abrangendo caatingas arbustivas de solos pedregosos, capoeiras (vegetação secundária) e áreas de pequeno porte que ocorrem nas chapadas de Minas Gerais.
Clima Af: tropical úmido ou superúmido, sem estação seca, sendo a temperatura média do mês mais quente superior a 18 ºC. O total das chuvas do mês mais seco é superior a 60 mm, com precipitações mais elevadas de março a agosto, ultrapassando o total de 1.500 mm anuais. Nos meses mais quentes, janeiro e fevereiro, a temperatura é de 24 ºC a 25 ºC.
Clima Am: tropical úmido ou sub-úmido. É uma transição entre o tipo climático Af e Aw. Caracteriza-se por apresentar temperatura média do mês mais frio sempre superior a 18 ºC, apresentando uma estação seca, suave e de pequena duração, compensada pelos totais elevados de precipitação.
Clima As: tropical quente e úmido, com estação seca no inverno. O clima tropical quente e úmido é caracterizado pela ausência de chuvas de verão e sua ocorrência no "inverno" – que corresponde à estação chuvosa e não ao inverno propriamente dito – com índices pluviométricos por volta de 1.600 mm anuais.
Clima Aw: tropical quente, com estação seca de inverno. Apresenta estação chuvosa no verão, de novembro a abril, e nítida estação seca no inverno, de maio a outubro. Julho é o mês mais seco. A temperatura média do mês mais frio é superior a 18 ºC. As precipitações são superiores a 750 mm anuais, atingindo 1.800 mm.
Clima BSh: clima semi-árido quente. Esse clima caracteriza-se por: escassez de chuvas e grande irregularidade em sua distribuição, baixa nebulosidade; forte insolação; índices elevados de evaporação e temperaturas médias elevadas (por volta de 27 ºC). A umidade relativa do ar é normalmente baixa, e as poucas chuvas – de 250 mm a 750 mm por ano – concentram-se num espaço curto de tempo, provocando enchentes torrenciais. Mesmo durante a época das chuvas, de novembro a abril, sua distribuição é irregular, deixando de ocorrer durante alguns anos e provocando secas.
Clima BSw: clima seco com chuvas no verão (clima semi-árido), com precipitações anuais sempre inferiores a 1.000 mm e normalmente inferiores a 750 mm. As temperaturas da região são superiores a 22 ºC durante todo o ano, com média geral de 26 ºC e oscilação anual de 22,8 ºC a 28,1 ºC.
Clima Cfa: subtropical, com verão quente. As temperaturas são superiores a 22 ºC no verão e com mais de 30 mm de chuva no mês mais seco.
Clima Cfb: temperado, com verão ameno. Chuvas uniformemente distribuídas, sem estação seca e a temperatura média do mês mais quente não chega a 22 ºC. A precipitação é de 1.100 mm a 2.000 mm. No clima temperado, as geadas severas são frequentes, num período médio de ocorrência de 10 a 25 dias por ano.
Clima Cwa: subtropical de inverno seco (com temperaturas inferiores a 18 ºC) e verão quente (com temperaturas superiores a 22 ºC).
Clima Cwb: subtropical de altitude ou mesotérmico com verões brandos e suaves e estiagem de inverno. A temperatura média do mês mais quente é inferior a 22 ºC.
Dióicas ou unissexuais: são espécies que apresentam sexos separados nas plantas. Apresentam plantas masculinas e plantas femininas, ou seja, possuem flores diclínicas e distribuídas em indivíduos separados.
Dormência combinada: algumas espécies apresentam os dois tipos de dormência, ou seja, dormência exógena e dormência endógena.
Dormência endógena: é o tipo de dormência relacionada com o embrião, devida à ocorrência de embrião imaturo ou à presença de mecanismo de inibição fisiológica.
Dormência exógena: é o tipo mais comum de dormência. Normalmente, é relacionada com a impermeabilidade do tegumento ou do pericarpo à água, com a presença de inibidores químicos no tegumento ou pericarpo, e com a resistência mecânica do tegumento ou pericarpo ao crescimento do embrião.
Encraves vegetacionais: no Nordeste Brasileiro encontram-se acantonamentos interessantes e bem expressivos de alguns tipos de vegetação que lhe são estranhos. Entre todas as províncias fitogeográficas, parece ser a mais rica em encraves, representados pelas florestas úmidas, pela savana florestada ou cerradão, pela savana ou cerrado e pelos palmeirais.
Espécies clímax exigentes de luz: espécies que germinam após perturbações que expõem o solo à luz, porém, apresentam maior longevidade do que as espécies pioneiras que, geralmente, possuem ciclo de vida mais curto.
Espécies clímax tolerantes a sombra: espécies que germinam e sobrevivem na sombra e crescem lentamente até atingirem o dossel.
Espécies pioneiras: espécies que surgem após perturbações que expõem o solo à luz. São as primeiras a ocuparem um solo perturbado e, geralmente, apresentam ciclo de vida curto.
Estepe: conhecida, também, por Campos do Sul do Brasil. Ocorre na área subtropical brasileira, onde as plantas são submetidas a uma dupla condição de estacionalidade, uma pelo frio e outra pela seca. O termo estepe tem origem russa e sua adoção para os campos do Brasil meridional baseia-se na fisionomia da vegetação, homóloga à estepe da Zona Holártica, embora com florística diversa daquela. Seu “core” é a Campanha Gaúcha, caracterizada por uma vegetação essencialmente campestre em que predominam as gramíneas, com a ocorrência de espécies lenhosas deciduais espinhosas. Ocorre também no Planalto Meridional (Campos Gerais), onde a presença da Araucaria angustifolia nas florestas de galeria oferece a diferenciação fisionômica mais marcante, já que a composição florística é bastante semelhante.
Exigência lumínica: quantidade de luz exigida pelas plantas para seu desenvolvimento. Divide-se em: heliófila (exigente em luz), semi-heliófila (tolerante à sombra quando jovem) e esciófila (tolerante à sombra).
Faculdade germinativa: capacidade de germinação das sementes. Divide-se em: baixa (abaixo de 40 %); regular (entre 40 % e 80 %) e alta (acima de 80 %).
Fenologia: estudo das relações entre os processos biológicos e o clima, como o que ocorre na brotação, frutificação e floração nas plantas.
Final da deiscência: compreende o final do período reprodutivo – quando as sementes já foram disseminadas e alguns frutos continuam aderidos ao pedúnculo – conservando-se, às vezes, até a época do novo período reprodutivo.
Flora apícola: é o conjunto das plantas que fornecem alimento às abelhas em uma determinada região.
Floração: a fase de floração ou da antese floral é considerada a partir do momento em que a maioria das flores está se abrindo nas inflorescências, passando pela fase de expansão completa até a fase em que, aparentemente, já ocorreu a liberação do pólen. Nessa fase, as anteras já começam a escurecer e os estames começam a murchar.
Floresta Estacional Decidual: conhecida, também, por Floresta Tropical Caducifólia. Seu conceito é idêntico ao da Floresta Estacional Semidecidual, porém com o período desfavorável mais acentuado, podendo a seca atingir mais de sete meses na região tropical e o frio prolongar-se por mais de cinco meses (com temperaturas médias inferiores a 15 ºC) na região subtropical. Tais condições resultam em que mais de 50 % das árvores do conjunto florestal percam as folhas.
Floresta Estacional Semidecidual: conhecida, também, por Floresta Tropical Subcaducifólia. O conceito de estacionalidade está relacionado a dois tipos de variação climática: na Região Tropical, dois períodos bem marcados - um chuvoso e outro seco – com temperaturas em torno de 21 ºC. Na Região Subtropical, um curto período de seca acompanhado de acentuada queda da temperatura, com as médias mensais abaixo de 15 ºC. Sua dispersão irregular, entre as formações ombrófilas, a leste, e as formações campestres, acompanha a diagonal seca direcionada de nordeste a sudoeste e caracteriza-se por clima estacional menos chuvoso, ou seja, marcado por alternância de períodos frio/seco e quente/úmido. Esta estacionalidade atinge os elementos arbóreos dominantes, induzindo-os ao repouso fisiológico, que resulta num percentual de árvores que perdem as folhas, entre 20 % e 50 % do conjunto florestal.
Floresta Ombrófila Aberta: conhecida, também, por Faciações da Floresta Ombrófila Densa. Apresenta-se em áreas com gradiente climático variando entre 2 a 4 meses secos, identificados através da curva ombrotérmica, e temperaturas médias entre 24 ºC e 25 ºC. Considerada no passado como uma transição entre a floresta amazônica e a vegetação extra-amazônica, é caracterizada pela fisionomia florestal composta por árvores mais espaçadas e estrato arbustivo pouco denso. Além disso, apresenta faciações florísticas que resultam em alterações fisionômicas decorrentes da presença de grupos de espécies compostas por palmeiras, cipós, bambus e sororocas.
Floresta Ombrófila Densa: conhecida, também, por Floresta Tropical Pluvial Amazônica e Atlântica. Sua ocorrência está ligada ao clima tropical quente e úmido, sem período biologicamente seco, com chuvas bem distribuídas durante o ano (excepcionalmente com até 60 dias de umidade escassa) e temperaturas médias variando entre 22 ºC e 26 ºC. Ocupa parte do espaço amazônico e se estende pela costa litorânea desde o nordeste até o extremo sul. É caracterizada pela presença de árvores de grande e médio portes, além de lianas e epífitas em abundância. Floresta
Ombrófila Mista: conhecida, também, por Floresta de Araucária. conhecida, também, por Floresta de Araucária. A concepção de Floresta Ombrófila Mista procede da ocorrência da mistura, de floras de diferentes origens, definindo padrões fitofisionômicos típicos em zona climática caracteristicamente pluvial. No Brasil, a mistura de representantes das floras tropical (afro-brasileira) e temperada (austro-brasileira), com marcada presença de elementos Coniferales e Laurales é o denominado Planalto Meridional Brasileiro, definido pela área de dispersão natural da Araucaria angustifolia, espécie gregária de alto valor econômico e paisagístico.
Formações Pioneiras: estão relacionadas às áreas pedologicamente instáveis, submetidas aos processos de acumulação fluvial, lacustre, marinha e fluviomarinha. Estas áreas são cobertas por uma vegetação de primeira ocupação de caráter edáfico, formada por plantas adaptadas às condições ecológicas locais. Entre as pioneiras estão incluídas a vegetação da restinga, a vegetação do mangue e dos campos salinos e as comunidades aluviais.
Ginodióicas: são espécies que apresentam tanto plantas bissexuais com flores femininas e masculinas (hermafroditas ou monóicas) como unissexuais femininas.
Hermafroditas: são espécies que apresentam ambos os sexos na mesma flor, ou seja, possuem flores monóclinas.
Hidrocoria ou dispersão pela água: inclui frutos com boa capacidade de flutuação e durabilidade no meio aquático. Esse tipo de dispersão ocorre em plantas situadas em locais alagados ou próximos a cursos d’água ou perto do mar.
Madeira densa: densidade entre 0,76 e 0,99 g.cm-3.
Madeira leve: densidade menor ou igual a 0,50 g.cm-3.
Madeira muito densa: densidade superior a 1,00 g.cm-3.
Madeira moderadamente densa: densidade entre 0,51 a 0,75 g.cm-3.
Massa específica aparente (densidade): Relação entre a massa de uma determinada substância e o volume por ele ocupado. É um dos parâmetros utilizados para avaliar e classificar madeiras.
Maturação dos frutos: na fase de maturação dos frutos, estes apresentam seu tamanho final, com mudança de coloração. Nessa fase, ainda não apresentam indícios de abertura.
Medicinal: uso e indicações terapêuticas – na medicina popular – para tratamento de doenças ou sintomas citados.
Melhoramento Florestal: ciência que lança mão dos conhecimentos básicos sobre a genética das árvores, transformados em práticas tecnológicas destinadas ao incremento quantitativo e qualitativo dos serviços, bens e produtos a serem obtidos das florestas.
Micorrizas arbusculares: associações simbióticas mutualísticas – entre fungos da ordem Endogonales e raízes de diversas plantas – estabelecendo uma série de inter-relações biotróficas, que são altamente vantajosas para a planta.
Monóicas: são espécies que apresentam flores unissexuais, mas distribuídas no mesmo indivíduo.
Ocorrência natural: é delimitada por três variáveis: latitude, variação altitudinal e distribuição geográfica.
Óleos essenciais: Compostos formados por várias funções orgânicas (alcoóis, aldeídos, ésteres, fenóis e hidrocarbonetos), presentes em diversas partes das plantas (folhas, ramos, flores, madeira, raízes, frutos) com ampla utilização nas indústrias química, farmacêutica e de cosméticos.
Plantio em vegetação matricial arbórea: são os chamados plantios de conversão ou transformação, como em capoeiras adultas formadas por espécies pioneiras e com a presença ou não de taquara.
Plantio misto a pleno sol: sistema de plantio composto por mais de uma espécie florestal, plantado em áreas abertas, sem cobertura vegetal. São sistemas com maior complexidade de interações que podem contribuir para uma maior estabilidade ambiental, reduzindo o risco de ataque de pragas e doenças.
Plantio puro a pleno sol: é um sistema de plantio homogêneo que é destinado, principalmente, a espécies pioneiras.
Sistemas agroflorestais ou SAFs: modalidades de uso integrado da terra para fins de produção florestal, agrícola e pecuária. Pela integração da floresta com culturas agrícolas e com a pecuária, esses sistemas representam importantes alternativas aos proprietários rurais, que pretendem produzir madeira e se defrontam com a dificuldade de geração de renda durante o período de maturação das florestas.
Sistemas agrossilvipastoris: integração de uma produção animal num sistema silviagrícola.
Sistemas silviagrícolas: combinação entre árvores ou arbustos com culturas agrícolas anuais ou perenes em consórcio.
Sistemas silvipastoris: combinação entre árvores ou arbustos (forrageiras ou espécies para sombreamento), com pastagens e animais. Arborização de pastos.
Propagação vegetativa: a propagação vegetativa ou assexuada é uma técnica utilizada para reproduzir uma planta geneticamente idêntica à planta-mãe. Isso só é possível porque as células contém – em seus núcleos – a informação necessária para gerar uma nova planta. Os métodos de propagação vegetativa tradicionalmente utilizados – como a estaquia de ramos e raízes, a enxertia, a alporquia ou simplesmente divisão – têm se expandido a outros métodos de propagação in vitro, como a micropropagação.
Ramificação cimosa ou dicotômica: caracteriza-se pela dicotomia na gema apical, com ocorrência de brotos múltiplos, provocando bifurcações no fuste.
Ramificação racemosa ou monopodial: caracteriza-se por apresentar dominância apical, formando fustes bem definidos.
Reabilitação: diz respeito a tratamentos que buscam a recuperação de uma ou mais funções do ecossistema, que podem ser basicamente econômica ou ambiental.
Recuperação: restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada a uma condição não degradada, que pode ser diferente de sua condição original.
Refúgios vegetacionais: a ocorrência de vegetação diferente, nos aspectos florísticos e fisionômico, da vegetação regional dominante, por condições ecológicas especiais, em alguns locais bem determinados, é considerada “refúgio ecológico”. Constitui às vezes uma “vegetação relíquia” que persiste em situações muito especiais como é o caso das comunidades situadas em altitudes acima de 1.800 m.
Restauração: refere-se ao conjunto de tratamentos para recuperar a forma original do ecossistema, ou seja, a sua estrutura original, dinâmica e interações biológicas.
Savana: conhecida, também, por Cerrado stricto sensu. A vegetação de Savana ocorre em variados climas, tanto os estacionais tropicais com período seco entre três a sete meses, como os ombrófilos sem período biologicamente seco. Sua distribuição está relacionada a determinados tipos de solos, na maioria profundos, álicos e distróficos, arenosos lixiviados e mesmo litólicos. Em geral, apresenta dois estratos distintos: um arbóreo lenhoso xeromorfo, formado por árvores de pequeno a médio portes, troncos e galhos tortuosos, folhas coriáceas e brilhantes ou revestidas por densa camada de pêlos e raízes profundas, muitas vezes providas de xilopódios. O outro estrato é gramíneo-lenhoso, composto predominantemente por caméfitas dotadas de xilopódios e hemicriptófitas. Apresenta assim uma variabilidade estrutural alta, com grandes diferenças em porte e densidade, influenciadas inclusive pela intensidade de ação antrópica. Mesmo que seja considerada a Região Centro-Oeste como a área “core” da Savana, ela ocorre em todas as demais regiões do País, ocupando desde áreas extensas até pequenas disjunções.
Savana-Estépica: conhecida, também, por Caatinga do Sertão Árido, Campos de Roraima, Chaco Sul-Matogrossense e Parque de Espinilho da Barra do Rio Quaraí. Constitui uma tipologia vegetal estacional decidual, tipicamente campestre, em geral, com espécies lenhosas espinhosas, entremeadas de plantas suculentas, sobretudo cactáceas, que crescem sobre um solo, na maioria das vezes, raso e quase sempre pedregoso. As árvores são baixas, raquíticas, com troncos finos e esgalhamento profundo. Muitas espécies são microfoliadas e outras são providas de acúleos ou espinhos, a maioria delas providas de adaptações fisiológicas à escassez de água. Na área do Pantanal Matogrossense, a vegetação é caracterizada por dois estratos com fisiologias divergentes: enquanto o lenhoso é estépico e estacional, o graminoso é savanícola. Está presente em quatro áreas geográficas distintas: no Sertão Árido nordestino, nos Campos de Roraima, no Pantanal Matogrossense, e na Campanha Gaúcha.
Semeadura direta no campo: é a semeadura direta no local de plantio, de uma ou mais sementes, para espécies que apresentam sementes grandes.
Sementes ortodoxas: são aquelas que podem ser desidratadas a níveis baixos de umidade (5 % a 7 %) e armazenadas em ambientes de baixas temperaturas.
Semente recalcitrantes: são aquelas que não podem ser desidratadas abaixo de um determinado grau de umidade, sem que ocorram danos fisiológicos.
Senescência: nessa fase, as flores ou as inflorescências apresentam descoloração e os estames já estão murchos e escurecidos.
Sistema misto: quando a população pratica tanto a autofecundação quanto a alogamia, em taxas intermediárias entre 10 % a 90 %.
Sistema reprodutivo: refere-se à forma como as populações de uma espécie recombinam seus genes a cada geração para formar a população descendente.
Substâncias tanantes: um dos segmentos industriais que se utiliza de matéria-prima proveniente dos vegetais é o de curtimento de pele animal para a sua transformação em couro. Nesse setor ocupa papel destacado a utilização de tanino vegetal. A palavra tanino está associada ao curtimento de pele animal desde longa data: substância tanante é sinônimo de substância que tem o poder de transformar pele animal em couro devido à sua atuação adstringente de retirar a água dos interstícios das fibras, contrair tecidos orgânicos moles e impedir a sua putrefação.
Taninos: são componentes vegetais que possuem a propriedade de precipitar as proteínas da pele e das mucosas, transformando-as em substâncias insolúveis.
Tratamentos pré-germinativo: Procedimentos que visam à quebra da dormência das sementes, possibilitando assim a sua germinação.
Tolerância ao frio: Capacidade de uma espécie em suportar baixas temperaturas, sem provocar a sua morte ou comprometimento definitivo de seu desenvolvimento. Speltz (1968) e Carvalho (1978) propõem a seguinte classificação: muito tolerante (0 % da altura afetada); tolerante (até 25 % da altura afetada); medianamente tolerante (25 % a 75 % da altura afetada) e intolerante (75 % a 100 % da altura afetada).
Trabalhabilidade: referem-se ao comportamento da madeira no processamento com ferramentas manuais e mecânicas, bem como ao acabamento superficial obtido nas operações de usinagem mais comumente empregadas na indústria de transformação secundária da madeira, quais sejam: serrar, furar, aplainar, lixar, tornear, colar, laminar, pregar e parafusar.
Trióicas: são espécies que apresentam tanto plantas unissexuais como bissexuais, ou seja, apresentam plantas só com flores masculinas e só com femininas e plantas com flores masculinas e femininas (hermafroditas ou monóicas).
Unissexuais ou dióicas: são espécies que apresentam sexos separados nas plantas. Apresentam plantas masculinas e plantas femininas, ou seja, possuem flores diclínicas e distribuídas em indivíduos separados.
Vetor de polinização: são os fatores que auxiliam na polinização. Podem ser bióticos, em que os principais agentes polinizadores são abelhas, vespas, mariposas, borboletas, moscas, morcegos e pássaros; ou abióticos, em que destaca-se o vento como agente polinizador.
Zoocoria ou dispersão por animais: grande parte das estratégias de dispersão de sementes, especialmente nos trópicos, envolve a participação ativa ou passiva dos animais: artiodactilocoria (ungulados); chiropterocoria (morcegos); ornitocoria (aves); primatocoria (primatas) e mirmecoria (formigas).