Marcenaria é uma pequena unidade industrial onde madeiras de espécies apropriadas, possuidoras de propriedades tecnológicas (especialmente a trabalhabilidade e a resistência a esforços mecânicos, além da estética) satisfatórias, são transformadas em produtos acabados, tais como móveis, portas, janelas, caixilhos, cabos de ferramentas, pequenos objetos de madeira (em geral, no aproveitamento de sobras de madeira), etc. Em uma marcenaria, as madeiras são beneficiadas após terem sido serradas por motosserras e/ou serraria portátil, além de secas em estufa, são resserradas, aplainadas, furadas, bitoladas, emolduradas, etc.

Além do beneficiamento secundário propriamente dito, são também feitos serviços de montagem, ques incluem a fixação das partes de um produto manufaturado (uniões com pregos e colagens), colocação de acessórios (dobradiças, fechaduras, etc.) e acabamentos superficiais (lixamento e revestimentos com selador, tintas e vernizes).

Como desvantagens citam-se: a) expressivos investimentos financeiros iniciais  (equipamentos e dependências físicas); b) aumento do nível empresarial necessário, isto é, haverá maior complexidade administrativa para a linha de produção da marcenaria (manutenção de equipamentos, contabilidade, recolhimento de impostos, implicações trabalhistas, enfim, ao gerenciamento de um modo geral); e c) necessidade de maior qualificação da mão de obra (os operadores deverão atingir a capacitação adequada em médio prazo, e não imediatamente, após treinamentos e práticas).

Justificativa

Em decorrência do baixo valor da madeira com beneficiamento primário alcançado atualmente no mercado local, a entrada em operação da marcenaria possibilitará elevação nos níveis de renda, sob a ótica da oferta de produtos com maior valor agregado. Além disso, abre-se uma perspectiva de utilização da mão de obra dos jovens (em alguns casos, também das mulheres), especialmente na montagem e acabamento de certos tipos de artesanato. Nesta linha, a iniciativa configura-se como de alcance social na medida em que cria alternativas para absorção da geração mais nova (filhos dos produtores) pelas atividades de exploração florestal, viabilizando sua permanência do campo e atenuando o processo de migração para as cidades, que tanto contribuem para a ampliação das taxas de desemprego nos centros urbanos.
 

Objetivo

O objetivo maior da implantação da marcenaria é agregar valor à produção madeireira do projeto, e com isso abrir novas opções de mercado para os produtos a serem fabricados. A marcenaria é uma importante etapa de um processo que busca a verticalização da produção madeireira, pois é a que mais agrega valor ao produto. Essa realidade será alcançada quando o projeto de manejo florestal do P. Peixoto concretizar o estabelecimento de um posto de vendas avançado em Rio Branco,  o que maximizará o valor da produção, pois eliminará a figura do intermediário comercial que deverá haver enquanto não se implantar o posto de vendas avançado.

• Aumento do valor agregado da madeira e, em consequência, a receita dos produtores.
• Melhor aproveitamento da madeira (resíduos da floresta e da marcenaria).
• Aumento da qualificação da mão de obra dos produtores.
• Elevação do nível empresarial dos produtores.
• Diversificação da produção madeireira (móveis, caixilharia, molduras de quadros, cabos de ferramentas, brinquedos, artesanato, etc.).
• Diversificação de espécies utilizadas tradicionalmente para móveis e outros usos.
• Elaboração de material de divulgação por parte da EMBRAPA.

Maquinário instalado

 01 desempenadeira
 01 plaina desengrossadeira
 01 serra de fita
 01 tupia
 01 serra circular esquadrejadeira
 01 furadeira de corrente
 01 furadeira horizontal
 01 lixadeira de cinta
 01 respigadeira
 01 lixadeira esmerilhadeira
 01 motor a diesel com grupo gerador

Ilustração: Henrique José Borges de Araújo

Figura 1: Layout dos equipamentos da marcenaria do projeto de manejo florestal comunitário do PC Peixoto.

A marcenaria foi instalada no ramal Nabor Junior em uma propriedade central para facilitar o acesso dos produtores, bem como da madeira a beneficiar. O galpão foi uma contrapartida dos produtores ao projeto. O acompanhamento da instalação dos equipamentos foi feita por técnicos do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e Embrapa.