Diagnóstico da Comunidade

Conteúdo migrado na íntegra em: 22/12/2021

Autor

Claudenor Pinho de Sá - Consultor autônomo

 

A seleção das áreas foi feita a partir de um contato com o Sindicato de Pequenos Agricultores e Seringueiros do Acre (SIMPASA), que identificou duas associações de pequenos produtores no Projeto de Colonização Pedro Peixoto: Associação Nova Aliança (situada no Ramal Nabor Júnior, BR-364, km 80) e Associação Unidos Para Vencer (situada no Ramal Granada, BR-364, km 90). Após algumas reuniões, onde o projeto foi esclarecido aos produtores das referidas associações, foram eleitos oito pequenos produtores no Ramal Granada e quatro no Ramal Nabor Júnior. Os principais critérios de elegibilidade foram: integridade da área de Reserva Legal, disponibilidade de mão de obra e aptidão (disposição) para atividades madeireiras. As áreas selecionadas possuem em média 80,0 ha (formato retangular, no padrão de 400 x 2000 metros) e não são contíguas, distando em média 500 metros umas das outras.

Segundo sua região de origem, os dados do levantamento socioeconômico revelam que entre os produtores entrevistados predominam os migrantes do Sul/Sudeste (60%), seguido do Nordeste (24%), enquanto o restante é originário do Norte (12%) e Centro-oeste (5%). O nível de escolaridade médio é o primeiro grau incompleto. A idade média é de 40 anos, sendo que 30% estão com mais de 50 anos, en­quanto apenas 24% possuem idade inferior a 30 anos. Observou-se que mais de 50 % dos moradores estão fixa­dos nas áreas há mais de seis anos, enquanto apenas 6% possuem seus lotes há menos de dois anos. Quanto ao registro da propriedade, 47% dos lotes possuem Título Definitivo e 53% estão com Autorização de Assenta­mento. 

Os lotes possuem em média 75% da área coberta por floresta nativa, com razoável ocorrência de madeira de lei como Cedro (Cedrela sp.), Cerejeira (Torresea acreana), Angelim (Hymenolobium sp.), entre outras. Em alguns lotes, já houve retirada de madeira da parte referente a Reserva Legal, destinadas às benfeitorias da propriedade e também comercializadas. De um modo geral, foi constatado que os moradores possuem conhecimentos sobre a mata (épocas de produção de sementes, reconhecimento de árvores, utilidades das plantas etc.), sobre os tipos de madeira (dureza, durabilidade, manejo, etc.), noções de operar com motosserras e todos afirmam possuir interesse em trabalhar com a exploração e venda de madeira. 

Na atividade agrícola cultivam lavouras de subsistência tradicionais (arroz, feijão, milho e mandioca). A única cultura com alguma expressão é o café, e utilizam o sistema de produção conven­cional, com derrubada e queima, seguido da introdução das culturas agrícolas e da formação de pastagens. Também pôde ser observado o extrativismo em baixa escala, com a extração do látex da seringa e a colheita da castanha. A mão de obra utilizada é predominantemente familiar e, em geral, as contratações de pessoas destinam-se apenas às atividades de preparo dos terrenos. A pecuária é uma atividade bem difundida entre os produtores consultados. 

O inventário diagnóstico foi realizado numa área total de 440 ha (soma das áreas de Reserva Legal das propriedades). Foram alocadas, sistematicamente, 214 parcelas amostrais de 10 x 100 metros cada uma, abordando indivíduos com o diâmetro a altura do peito (DAP) acima de 10 cm, e a mesma quantidade de subparcelas amostrais (dentro das parcelas) de avaliação da regeneração natural. Esta amostragem representou uma intensidade amostral de 4,87% da área.