Manejo Florestal
Inventário Florestal
Autor
Henrique José Borges de Araújo - Consultor autônomo
Neste inventário são abordadas todas (100%) as árvores ocorrentes com DAP ³ a 50 cm, sendo que para cada árvore são tomadas informações sobre a denominação usual da espécie, mensurado o DAP, observadas as condições de aproveitamento da tora e feita a plotação em croqui.
Em campo, a realização do inventário a 100% segue as seguintes etapas: a) abertura das picadas laterais fronteiriças das propriedades (relativas à parte de floresta sob manejo) e das picadas delimitadoras (centro e bordas) dos talhões de colheita. As picadas são abertas com terçado (facão), sendo que a direção de abertura (rumo e retidão) é aferida por meio de bússola e de balizas (varetas obtidas na mata), e as distâncias medidas por trenas; b) caminhamento longitudinal em “ziguezague” em cada uma das duas metades do talhão (cada metade possui 50 m de largura e, em média, 360 m de comprimento) para abordagem das árvores.
Na abordagem são coletadas as informações dendrométricas e feito mapeamento (plotação em croqui) das árvores. Além disso, as árvores recebem plaquetas de identificação contendo o seu número sequencial de dentro do talhão.A identificação em campo das espécies, ou denominação usual, é realizada por mateiros, que observam as folhas, casca, lenho, exsudações, etc. Vale citar que atualmente existem mateiros habilitados entre o grupo de produtores do projeto.
Com auxílio de uma fita métrica, são tomadas as CAP’s (circunferências à altura do peito), que posteriormente são convertidas em DAP’s. A condição de aproveitamento da tora pode ser: 1) tora com aproveitamento total; 2) tora com aproveitamento parcial; e 3) tora sem aproveitamento. Esta classificação é definida em função dos defeitos existentes (tortuosidade, presença de podridão, oco ou rachaduras, etc.) e fornece um indicativo do estado da árvore, com vistas ao aproveitamento possível para peças de madeira serradas. Embora não seja quantificado o nível de aproveitamento em termos volumétricos, ou percentuais, a condição de aproveitamento da tora é um critério de escolha da árvore para o corte (as árvores defeituosas são mantidas na floresta), juntamente com a abundância (árvores.ha-1), volume (m3.ha-1), manutenção de árvores porta-semente e a consideração às áreas de preservação permanente (nascentes d`água, margens de igarapés, declives acentuados, etc.).A plotação das árvores em croqui é realizada de modo aproximado, tendo como referenciais as picadas feitas no centro e nas bordas dos compartimentos.
Ilustração: Henrique José Borges de Araújo
Figura 1: Distribuição das árvores ocorrentes no inventário florestal a 100% do compartimento de manejo.
Os resultados do inventário pré-exploratório são expressos por espécie em: a) número total de árvores (NT) na área inventariada; b) abundância (número de árvores) por hectare (AB); c) volume total das árvores em pé (VT) na área inventariada; d) volume por hectare das árvores em pé (V); e) área basal total (ABsT) na área inventariada; f) área basal por hectare (ABs); g) índice de importância da espécie em percentual (IND); e, h) condição de aproveitamento da tora em percentual.O volume individual da árvore em pé (V) corresponde ao volume potencialmente aproveitável da tora com casca, tendo como componentes de cálculo o DAP e a altura comercial, a qual, normalmente, é iniciada na base da árvore, junto ao solo, estendendo-se até as primeiras galhadas ou bifurcações. Esse volume é estimado pela seguinte equação matemática de simples entrada (Araujo, 1998):
Onde: VÁrvore em pé = volume da árvore em pé, em m3
DAP = diâmetro à altura do peito (1,30 m), em cmO índice de importância da espécie (IND) é um valor percentual, expresso pela média aritmética simples dos percentuais de cada espécie para NT, VT e ABsT, em relação aos respectivos totais (todas as espécies) dessas variáveis para a área inventariada (Araujo, 2002).
É dado pela expressão:
Onde: INDi = índice de importância da i-ésima espécie, em percentual
NTi = número total de árvores da i-ésima espécie
NTtotal = número total de árvores da área inventariada
VTi = volume total da i-ésima espécie, em m3
VTtotal = volume total das árvores na área inventariada, em m3
ABsTi = área basal total da i-ésima espécie, em m2
ABsTtotal = área basal total da área inventariada, em m2
Os resultados de inventario florestal a 100% realizado em 57 compartimentos (talhões) de manejo, totalizando 206,8 hectares, para árvores com DAP ³ 50,0 cm, foram os seguintes:, um número total de árvores (NT) de 3.518; abundância (AB) de 17,01 árvores.ha-1; volume total (VT) de 21.667,41 m3; volume por hectare (V) de 104,77 m3; área basal total (ABsT) de 1.413,77 m2; e, área basal por hectare (ABs) de 6,84 m2. A condição de aproveitamento da tora total foi de: 83,2% (2.926 árvores) com aproveitamento total; 14,0% (493 árvores) com aproveitamento parcial; e, 2,8% (99 árvores) das toras foram qualificadas como sem aproveitamento.
Os valores médios dos parâmetros dendrométricos das propriedades, foram os seguintes: abundância (AB) de 17,45 árvores.ha-1; volume (V) de 109,47 m3.ha-1; e área basal (ABs) de 7,13 m2.ha-1. O coeficiente de variação percentual (CV%) desses parâmetros (variando entre 15,6 e 18,2) demonstra uma relativa homogeneidade das áreas. A condição 1 de aproveitamento da tora (aproveitamento total) apresentou um valor médio de 83,7%, denotando um bom estado das toras para fins de processamento industrial. O baixo CV% de 6,3 para esse dado indica homogeneidade das áreas quanto aos defeitos existentes nas suas árvores.