Web Content Display

Quadro Natural na Caatinga

O bioma Caatinga apresenta uma combinação singular entre um regime de chuvas de alta variabilidade espacial e uma elevada evapotranspiração, o que provoca déficit hídrico em alguns meses e regiões. Em contrapartida, exibe uma vegetação extremamente diversa e adaptada a essas condições, com grande  número de espécies de fauna e flora endêmicas, ou seja, que não existem em nenhum outro local do planeta. Ainda que comumente relacionada aos eventos de seca e às paisagens áridas, a Caatinga também reserva outras variadas fitofisionomias, com áreas densas de vegetação arbustiva e arbórea, locais com níveis significativos de umidade e tipos de solos extremamente diferenciados. 

Essa complexidade do quadro natural do bioma Caatinga interage com diversas formas de ocupação humana construídas ao longo de séculos, moldando paisagens e ambientes produtivos, criando um mosaico de situações entre características naturais herdadas do território e as atividades agropecuárias que fundamentam social e economicamente a região. Considerando essa diversidade, esta seção oferece uma visão ampla das características do clima, do relevo, do solo e da vegetação, como forma de ampliar o conhecimento sobre a Caatinga e a análise sobre suas principais potencialidades.

Web Content Display

Dados, Mapas e Gráficos

O painel do quadro natural da Caatinga é subdividido em quatro principais temas: clima, relevo, solo e vegetação. Utilize a barra superior para navegar entre eles:

Clima: reúne dados de precipitação e temperatura média mensal, além do balanço hídrico e o Índice de Aridez. O painel inicial apresenta informações para o contexto da Caatinga, mas é possível selecionar o estado da federação no menu ou um conjunto de municípios diretamente no mapa para acessar dados específicos.

Relevo: mostra um mapa com a altitude média de cada município e um gráfico com a distribuição das áreas ocupadas pelas classes de declividade, além das faixas de altitude que ocorrem no território da Caatinga. Também é possível selecionar estados e municípios para dados específicos.

Solo: oferece dois tipos de mapas para consulta: terras para irrigação ou de solos, que podem ser alternados a partir do menu de seleção. Associado a essas informações, o painel apresenta a distribuição das aptidões pedoclimáticas para uma lista de culturas, de acordo com o tipo de manejo. Ao selecionar uma das unidades de mapeamento no mapa, é possível verificar detalhadamente as informações descritivas a seu respeito como, por exemplo, os solos existentes e a sua distribuição, sua respectiva classificação para irrigação e aptidão pedoclimática.

Vegetação: com ênfase nas mudanças de uso e cobertura da terra, o painel apresenta a taxa de conversão e o balanço entre ganhos e perdas das classes de uso e cobertura, permitindo análises individualizadas ou em grupo para cada classe entre os anos de 2000 a 2018. Nesse caso, também é possível selecionar o estado da federação no menu ou um conjunto de municípios de interesse no mapa para visualizar informações específicas. 

Além da visualização dinâmica, é possível realizar o download dos dados, acessando o menu na parte inferior do painel, para uso em outros softwares de manipulação de dados e tabelas.

 

 

Detalhamento e conceitos
 

Clima: Os dados de temperatura, evapotranspiração potencial e precipitação foram obtidos a partir do trabalho de ALVARES et al. 2013a, ALVARES et al. 2013b e ALVARES et al. 2015 e recortados pelos limites municipais. Para o cálculo do Índice de Aridez, utilizou-se o modelo oferecido pelo Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca PAN-Brasil (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2005). É importante ressaltar que os valores representam a média por município para os períodos de estudo dos trabalhos originais, ou seja, é possível existir regiões e anos em que as variáveis são maiores ou menores. Os cálculos de balanço hídrico foram realizados segundo Thornthwaite e Mather (1955), a partir de dados mensais médios de temperatura e de pluviosidade anuais obtidos de 263 estações meteorológicas do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), espalhadas por todo o território nacional. A apresentação dos resultados de balanço hídrico foi realizada por meio do extrato de balanço hídrico (Camargo e Camargo, 1993).

Relevo: A partir das informações coletadas pelo SRTM (Shuttle Radar Topography Mission) e do tratamento realizado pelo Banco de Dados Geomorfométricos do Brasil, as altimetrias foram sintetizadas por municípios a fim de oferecer um panorama geral. Também foram calculadas as declividades em porcentagem, pixel a pixel, classificando de acordo com as classes de relevo plano (0 a 3%), suave ondulado (3% a 8%), ondulado (8% a 20%), forte ondulado (20% a 45%), montanhoso (45% a 75%) e escarpado (acima de 75%) segundo proposta da Embrapa. Da mesma forma com que ocorre com os dados climáticos, é importante ressaltar que os valores representam a média por município para aquele período, isto é, locais específicos intramunicipais podem apresentar valores maiores ou menores à média municipal. 

Solo: A partir dos dados consolidados e interpretados no Zoneamento Agroecológico do Nordeste (ZANE), da Embrapa Solos, foram extraídas as informações de solos, terras para irrigação e aptidão pedoclimática por cultura em dois manejos (SILVA et al. 2000). Nas informações de solos, cada polígono corresponde a uma unidade de mapeamento (UM), entidade homogênea em termos ambientais (solo, clima, vegetação e relevo), que pode conter de um a quatro tipos de solos representativos (solos componentes). A cor do mapa segue, portanto, a cor do solo do primeiro componente, dominante na UM, mas que na maioria dos casos pode não ser o único.

No trabalho do ZANE, cada solo componente de cada unidade de mapeamento foi classificado por um especialista, para cada uma das vinte culturas e dois manejos diferentes (metodologia completa em Ramalho Filho e Beek, 1995). Nesta metodologia, foram utilizados dois tipos de manejo, o Manejo C, baseado em práticas agrícolas que refletem um alto nível tecnológico e que se caracteriza pela aplicação intensiva de capital e de resultados de pesquisa para manejo, melhoramento e conservação das condições das terras e das lavouras, além da presença da motomecanização nas diversas fases da operação agrícola, mas não considera o uso da irrigação. Já o Manejo B, de média tecnologia, caracteriza-se pelo modesto emprego de capital e de resultados de pesquisa para o manejo, melhoramento e conservação das condições das terras e das lavouras. Emprega-se dominantemente tração animal, mas já há correção do solo com calcário e alguma aplicação de fertilizantes (SILVA et al, 2000).

Ainda no ZANE, foi realizada a classificação climática por cultura, utilizando-se parâmetros como índice de umidade efetiva (Im), deficiência hídrica (DEF), temperatura média (Tm), comparados com a exigência de cada cultura nos diversos estádios de desenvolvimento. A partir da classificação pedológica e climática por cultura, chegou-se à aptidão pedoclimática por cultura, mostrada no quadro “Distribuição das aptidões pedoclimáticas” e que sumariza quanto proporcionalmente há de cada uma das classes de aptidões. As classes de aptidão pedoclimática adotadas por Silva et al. (2000) seguem abaixo:


Aptidão preferencial: compreende áreas sem restrições significativas de natureza climática e/ou pedológica, para a cultura e manejo considerados, devendo apresentar altos rendimentos e baixos riscos de perda de safra e de degradação ambiental;

Aptidão regular: compreende áreas com restrições moderadas de natureza climática e/ou pedológica;

Aptidão marginal: compreende áreas com fortes restrições de ordem climática e/ou pedológica, onde somente é possível obter reduzidas produtividades ou onde os riscos de perda de safra e/ ou degradação ambiental são elevados;

Aptidão inapta: compreende áreas onde somente se obtêm baixíssimas produtividades e/ou os riscos de perda de safra e de degradação ambiental são muito elevados.


O mesmo processo utilizado na aptidão pedológica foi feito para gerar a classificação de Terras para Irrigação, conforme Cavalcanti et al. (1993). As classes de terras para irrigação foram descritas por Silva et al. (2000) da seguinte forma:

Classe 1 - Terras aráveis altamente adequadas para agricultura irrigada, capazes de oferecer altas produções de grande variedade de culturas a um custo razoável, apresentando nenhuma ou pouca limitação para sua utilização;

Classe 2 - Terras aráveis com moderada aptidão para agricultura irrigada. São adaptáveis a um menor número de culturas e têm um maior custo de produção que a classe 1. Podem apresentar limitações corrigíveis ou não, e ligeiras a moderadas deficiências com relação à fertilidade, disponibilidade de água, profundidade, permeabilidade, topografia e drenagem;

Classe 3 - Terras aráveis de aptidão restrita para agricultura irrigada, devido a deficiências de solo, topografia e drenagem mais intensas que na classe 2. Podem apresentar deficiências como fertilidade muito baixa, textura grosseira, topografia irregular, salinidade, drenagem restrita, etc, susceptíveis de correção a alto custo, ou até mesmo não corrigíveis. Têm um restrito número de culturas adaptáveis, mas com manejo adequado, podem produzir economicamente.

Classe 4 - Terras aráveis de uso especial. Podem apresentar uma excessiva deficiência específica ou deficiências susceptíveis de correção a alto custo, ou ainda apresentar deficiências incorrigíveis que limitam sua utilidade somente para determinadas culturas muito adaptadas, ou podem exigir métodos específicos de irrigação. As deficiências nesta classe podem ser: pequena profundidade efetiva, topografia ondulada, excessiva pedregosidade superficial, textura grosseira, salinidade e/ou sodicidade e drenagem inadequada.

Classe 5 - Terras não aráveis nas condições naturais e que requerem estudos especiais de agronomia, economia e engenharia para determinar sua irrigabilidade. Apresentam, geralmente, deficiências específicas como salinidade excessiva, drenagem inadequada (requerendo trabalhos de proteção contra inundação), topografia irregular ou posição elevada. Após estudos especiais, estas terras devem passar definitivamente para uma classe arável ou para a classe 6.

Classe 6 - Terras não aráveis. Inclui terras que não são adequadas para uso com irrigação. Geralmente compreendem terras com solos muito rasos sobre embasamento rochoso ou outra formação impermeável a raízes ou água; terras influenciadas por sais e de recuperação muito difícil; terras de textura extremamente grosseira e com baixa capacidade de retenção de água; terras dissecadas e severamente erodidas; terras muito elevadas e com topografia excessivamente declivosa.

Para saber mais sobre terras para irrigação, com enfoque para a região semiárida, consulte o Sistema Brasileiro de Classificação de Terras para Irrigação - SiBCTI.


Uma vez que os dados do ZANE não apresentam informações sobre proporção dos diversos componentes das unidades geoambientais e considerando que a sequência dos solos nas unidades de mapeamento indicam sua dominância na paisagem, foi adotado o seguinte critério para se estabelecer uma proporção: iniciou-se com as unidades com quatro componentes que representam a maior parte dos casos e o número máximo de solos componentes, foi dividido na proporção de 40%, 30%, 20% e 10% para o 1º, 2º, 3º e 4º componente, respectivamente. Para as unidades com menos componentes, o valor do último é então distribuído proporcionalmente para os demais, conforme o quadro abaixo:

Vegetação: focando principalmente nas mudanças, o painel apresenta a taxa de conversão e o balanço entre ganhos e perdas das classes de uso e cobertura, permitindo análises individualizadas ou em grupo para cada uma dessas classes, verificando as mudanças ocorridas entre os anos de 2000 e 2018 e originário do Monitoramento da Cobertura e Uso da Terra do Brasil (IBGE, 2020; 2021). As definições das classes de uso e cobertura da terra estão listadas abaixo:


Antrópico:


a)    Área Artificial, definidas como áreas antrópicas não-agrícolas, como edificações, sistemas viários, lavras e garimpos;
b)    Área Agrícola, definidas como áreas ocupadas por lavouras (permanentes, temporárias ou semi-perenes), inclusive as áreas em pousio ou alagadas;
c)    Pastagem com Manejo, definidas como áreas destinadas ao pastoreio com vegetação herbácea cultivada ou natural e apresentando ações como plantio, limpeza da terra, gradagem e outros manejos que descaracterizem a cobertura natural;
d)    Silvicultura, que corresponde a áreas ocupadas por plantios florestais comerciais;
Mosaicos:
e)    Mosaico de Ocupações em Área Florestal, definida como uma ocupação mista de áreas agropecuárias e remanescentes florestais de modo a não permitir a individualização dos seus elementos;
f)    Mosaico de Ocupações em Área Campestre, caracterizada por uma associação indiscriminada de área agropecuária e remanescentes campestres;
Natural:
g)    Vegetação Florestal, que corresponde a áreas ocupadas por formações arbóreas com mais de 5m de altura;
h)    Área Úmida que se caracteriza por área permanentemente ou periodicamente inundada por água doce ou salobra e ocupada por vegetação natural;
i)    Vegetação Campestre, que corresponde a diferentes categorias de vegetação composta por estrato predominantemente arbustivo, esparsamente distribuído sobre outro estrato gramíneo-lenhoso;
j)    Corpo d'água Continental, classe que agrega águas interiores como rios, lagos e reservatórios artificiais (exceto tanques de aquicultura);
k)    Corpo d'água Costeiro que agrega áreas com cobertura de água inseridas nas 12 milhas náuticas da lei nº 8.617, de 4 de janeiro de 1993, e;
l)    Área Descoberta, que agrupa afloramentos rochosos, praias, dunas e outras áreas naturalmente sem vegetação.

Para saber mais sobre o Monitoramento da Cobertura e Uso da Terra do Brasil acesse o portal do IBGE dedicado ao tema. 

Web Content Display

Fonte de Dados

Web Content Display