A Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (DF) teve duas patentes deferidas pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) em 2025. As tecnologias, que apontam soluções para áreas como neurofarmacologia e combate a doenças agrícolas, buscam agora parcerias para seguir em desenvolvimento. Confira: Peptídeos Inibidores de Serinopeptidase Uma das patentes, intitulada “Peptídeos Inibidores de Serinopeptidase Modificados de Peçonha de Escorpião, seu Processo de Obtenção e Uso”, consiste no desenvolvimento de novos peptídeos a partir da peçonha do escorpião Tityus obscurus, com potencial para uso como antirretrovirais, antitumorais e sondas moleculares. A descoberta, enquadrada na área de neurofarmacologia, pode impactar o tratamento de doenças como câncer, AIDS e condições neurodegenerativas. Os peptídeos também podem ser usados como sondas para identificar enzimas associadas a tumores, auxiliando no desenvolvimento de terapias mais precisas. A síntese desses compostos é mais rápida e econômica em comparação com inibidores convencionais, como a aprotinina, amplamente utilizada em cirurgias, mas associada a efeitos colaterais graves. A nova família de inibidores, com estrutura tridimensional distinta, abre caminho para fármacos mais seguros e eficazes, reforçando o potencial terapêutico das peçonhas de animais na medicina moderna. A tecnologia foi desenvolvida em parceria entra a Embrapa, Universidad Nacional Autónoma de México, a Fundação Universidade de Brasília e a Universidade Federal de Goiás (UFG). O grupo de pesquisa do Laboratório de Espectrometria de Massa foi responsável pelo trabalho na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. Peptídeos com Atividade Antimicrobiana Outra patente concedida neste ano, intitulada “Peptídeos com Atividade Antimicrobiana”, tem potencial para ajudar no combate a doenças agrícolas. O estudo identificou um peptídeo antimicrobiano derivado de uma proteína do cacau, chamada osmotina, com potencial para inibir o crescimento de fungos que causam doenças em culturas agrícolas, como a vassoura-de-bruxa, que afeta cacaueiros e cupuaçuzeiros. O peptídeo, batizado de osmipep-A, foi projetado a partir de uma análise da osmotina. Os testes demonstraram que a substância possui atividade antimicrobiana contra fungos como a Moniliophthora perniciosa, causadora da vassoura-de-bruxa, e outros patógenos, como Colletotrichum e Fusarium. Em experimentos, o peptídeo reduziu significativamente a germinação dos esporos desses fungos. No caso do Fusarium, a germinação foi praticamente nula, enquanto para o Colletotrichum, a taxa de germinação caiu para cerca de 20%. Além disso, o peptídeo também inibiu o crescimento do micélio da Moniliophthora perniciosa. Nesse sentido, o osmipep-A pode ser uma alternativa sustentável e eficaz no controle de doenças que afetam culturas como o cacau e o cupuaçu, reduzindo perdas econômicas e o uso de agrotóxicos. A descoberta abre caminho para novos estudos e aplicações práticas na agricultura, com potencial para beneficiar produtores rurais e o meio ambiente. As investigações continuam, para avaliar a viabilidade do peptídeo em larga escala e seu impacto em outras culturas agrícolas. Com a patente concedida, o próximo passo é buscar parcerias para o desenvolvimento de produtos comerciais que possam ser utilizados no campo, contribuindo para uma agricultura mais sustentável e produtiva. A tecnologia foi desenvolvida em parceria entre a Embrapa e a Universidade Federal do Pará (UFPA). As pesquisadoras responsáveis pelo trabalho na Unidade são Lucilia Helena Marcellino, Loeni Lüdke Falcão e Joseilde Oliveira Silva Werneck. Mais informações: cenargen.chtt@embrapa.br