16/04/25 |

Embrapa e ONU Mulheres formalizam aliança voltada à igualdade de gênero no meio rural brasileiro

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Photo: Marita Cardillo

Marita Cardillo - A parceria se volta ao enfrentamento de desigualdades estruturais identificadas nos territórios rurais brasileiros. Mesa na solenidade de assinatura da Carta de Intenções, foi formada por (da esquerda para a direita): Fernanda Machiavelli, secretária-executiva do Ministério do Desenvolvimento Agrário e da Agricultura Familiar (MDA); Ana Carolina Querino, representante da ONU Mulheres para o Brasil; Silvia Massruhá, presidente da Embrapa; e Cláudia Regina Pinho, diretora do Departamento de Gestão Socioambiental e Povos e Comunidades Tradicionais do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA)

A parceria se volta ao enfrentamento de desigualdades estruturais identificadas nos territórios rurais brasileiros. Mesa na solenidade de assinatura da Carta de Intenções, foi formada por (da esquerda para a direita): Fernanda Machiavelli, secretária-executiva do Ministério do Desenvolvimento Agrário e da Agricultura Familiar (MDA); Ana Carolina Querino, representante da ONU Mulheres para o Brasil; Silvia Massruhá, presidente da Embrapa; e Cláudia Regina Pinho, diretora do Departamento de Gestão Socioambiental e Povos e Comunidades Tradicionais do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA)

A Embrapa e a ONU Mulheres formalizaram no dia 16 de abril, na sede da empresa de pesquisa em Brasília (DF), carta de intenções com o objetivo de institucionalizar a perspectiva de gênero nas políticas públicas de agricultura, por meio da geração de conhecimento científico, desenvolvimento de tecnologias sociais e articulação com programas estratégicos.  Assinaram a carta a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, e a representante da ONU Mulheres para o Brasil, Ana Carolina Querino (foto à esquerda).  

A parceria se volta ao enfrentamento de desigualdades estruturais identificadas nos territórios rurais brasileiros, expressas, por exemplo, nas dificuldades de adoção de tecnologias; na subutilização de capacidades de liderança e na baixa representação nos espaços de governança.

As atividades previstas se alinham aos propósitos de garantir que as políticas públicas considerem o papel central das mulheres na produção de alimentos e na soberania alimentar; de promover o acesso equitativo a tecnologias de baixo carbono e sistemas produtivos resilientes; de assegurar que os processos de pesquisa e extensão rural incorporem as necessidades específicas das mulheres agricultoras; e, ainda, de fortalecer a participação feminina nos arranjos produtivos locais e cadeias de valor.

A aliança entre as instituições direciona um olhar amplo à questão das mulheres que atuam na agricultura, incluindo quilombolas e as de comunidades tradicionais.  Reconhece os saberes, trajetórias e protagonismos nos diferentes territórios do País das mulheres envolvidas nas atividades nas florestas, nas águas, no campo, nas cidades e na ciência. Exemplos são as mulheres extrativistas, as pescadoras, aquelas que trabalham na agricultura periurbana, além de consumidoras, e as que fazem a pesquisa agropecuária.  A parceria com a ONU Mulheres também visa à capacitação de pesquisadoras e à formação de lideranças.

União de esforços e conhecimentos

“Não há desenvolvimento que seja de fato sustentável se não se apoiar na importância de juntar a tecnologia de ponta com os saberes tradicionais”, disse Ana Carolina Querino, na abertura da solenidade de assinatura da carta de intenções. Ressaltou a oportunidade que o instrumento abre para que sejam conectados diferentes parceiros e iniciativas, visando ao alcance de  resultados direcionados e que respondam às necessidades das mulheres rurais. “A potência desse momento é que estamos compartilhando visão e valores que impactam a vida das mulheres”, completou

Silvia Massruhá (foto à esquerda) reforçou o fato de a parceria se ancorar em diferentes conhecimentos e capacidades, na perspectiva de união entre a tecnologia e os saberes tradicionais, “de modo a poder contribuir para a construção de um mundo mais justo e sustentável nas dimensões econômica, ambiental e social”. Para ela, a carta materializa o momento de as instituições envolvidas trabalharem visando a resultados concretos e de impacto voltados às questões de gênero na agricultura.  Segundo a presidente da Embrapa, a iniciativa pode inspirar ações previstas em acordos de cooperação Sul-Sul, a serem replicadas em outros países. Sobre as mulheres na ciência, a presidente da Empresa enfatizou a importância de fortalecer a liderança de cientistas que trabalham para diferentes cadeias produtivas, biomas e em projetos de pesquisa e inovação.

A diretora do Departamento de Gestão Socioambiental e Povos e Comunidades Tradicionais do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Cláudia Regina Pinho, compôs a mesa de abertura. “Essa agenda, que inclui povos e comunidades tradicionais, é daquelas que nos aquecem o coração. Pois dentre tantas demandas desses povos, a questão de gênero é um grande desafio, um caminho ainda a ser traçado e consolidado”.

Fernanda Machiavelli, secretária-executiva do Ministério do Desenvolvimento Agrário e da Agricultura Familiar (MDA),  elogiou a iniciativa de fortalecer as mulheres do campo, das águas, da floresta e, ainda, incluir cidades e ciência. “Essa aliança ampla entre a Embrapa e a ONU Mulheres faz com que todas nós nos sintamos representadas e incluídas”.

Lembrou que as mulheres – extrativistas, quilombolas, indígenas, ou camponesas - são grandes responsáveis pela produção de alimentos. Citou o censo agropecuário de 2017, que aponta que, dos quatro milhões de estabelecimentos da agricultura familiar, cerca de 950 mil são geridos por mulheres. “No esforço de levar as políticas públicas às mulheres agricultoras, temos conseguido avanços”. Houve, segundo a secretária do MDA, ampliação de mais de 30% nos contratos do grupo B do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).

Da esquerda para a direita: Fernanda Machiavelli (MDA), Ana Euler (Embrapa), Ana Carolina Querino (ONU Mulheres), Silvia Massruhá (Embrapa), Cláudia Regina Pinho (MMA) e Selma Beltrão (Embrapa)

 

Carta de navegação

A diretora de Administração da Embrapa, Selma Beltrão (assinando a carta, à esquerda), e a de Inovação, Negócios e Transferência de Tecnologia, Ana Euler, testemunhas da assinatura da aliança, enfatizaram a importância da iniciativa.

“Esse instrumento é, na verdade, uma carta de navegação. Ela vai nos conduzir para um caminho profícuo, o de colocar em prática o que desenhamos e almejamos. É muito bom contarmos com a experiência da ONU Mulheres tanto na luta pelos direitos e igualdade das mulheres quanto na adoção de ferramentas e metodologias que contribuem para a formação e o fortalecimento das nossas lideranças femininas. Se estamos falando sobre mulheres das águas, das florestas, do campo, das cidades e da ciência, a Embrapa está completamente inserida”, disse Selma Beltrão.

A diretora Ana Euler (assinando a carta, à esquerda) lembrou que a agenda voltada à questão de gênero foi um compromisso assumido diante do Conselho de Administração (Consad) da Embrapa, quando da apresentação do plano de trabalho para a atual gestão da Empresa. “Procuramos ouvir as diversas lideranças para construir um programa com sentido e estruturado voltado a atender e a trabalhar com o recorte de gênero na agenda de inovação e transferência de tecnologia”, afirmou a diretora, citando o programa Mulheres Rurais Produtoras de Bem Viver e a proposta de construção de um programa de pesquisa e desenvolvimento, em conjunto com a diretoria de P&D da Empresa.

Após a solenidade de assinatura da Carta de Intenções, a diretora Ana Euler conduziu a mesa redonda intitulada “Inclusão Socioprodutiva para Mulheres no Campo, das Águas, das Florestas, das Cidades e das Ciências”.

 

Diversas iniciativas previstas

A parceria entre a Embrapa e a ONU Mulheres é considerada um avanço na agenda institucional da Embrapa voltada à inclusão socioprodutiva e digital e ao empoderamento feminino em atividades agropecuárias. Entre as iniciativas previstas, está a formação de mulheres líderes locais e o apoio ao Programa de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação para Mulheres Rurais da Embrapa. Também será fortalecida a atuação do Observatório das Mulheres Rurais do Brasil, que reúne dados, estudos e diagnósticos sobre a realidade das mulheres do campo, das águas e das florestas. Um dos focos centrais da colaboração é garantir maior participação e liderança das mulheres nos projetos e programas da Embrapa, promovendo a inclusão de mulheres em todas as fases das ações institucionais, fortalecendo a abordagem de gênero em projetos de PDI.

A ONU Mulheres oferecerá suporte metodológico e técnico a projetos voltados a mulheres indígenas, quilombolas, extrativistas e agricultoras familiares. A parceria prevê ainda ações de formação em governança e liderança feminina dentro da Embrapa, esforços conjuntos na cooperação internacional Sul-Sul e a construção de estratégias comuns para a participação das mulheres na 30ª Conferência das Partes da Convenção do Clima da ONU (COP 30), que será realizada em Belém. Trata-se de um conjunto de ações com potencial para ajudar no futuro das políticas de gênero e sustentabilidade relacionadas ao meio rural brasileiro.

 

Marco histórico

O anúncio acontece em um momento simbólico para a Embrapa, que completa neste mês de abril 52 anos e, pela primeira vez, sob a presidência de uma mulher, com duas outras diretoras na gestão executiva. Internamente, uma rede diversa e intergeracional de pesquisadoras e analistas vem liderando a construção de uma agenda sobre mulheres rurais, alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, em especial o ODS 5 (Igualdade de Gênero).

 

O que é a ONU Mulheres?

A ONU Mulheres é a entidade das Nações Unidas dedicada à promoção da igualdade de gênero e dos direitos humanos das mulheres. Foi criada em 2010 e seu trabalho inclui o apoio direto a articulações de movimentos de mulheres — especialmente negras, indígenas, jovens, trabalhadoras domésticas e rurais — e a construção de políticas públicas mais justas e inclusivas.

Com sede em Nova York e escritórios regionais em todos os continentes (no Brasil, em Brasília), a ONU Mulheres atua em três grandes áreas: liderança e participação política das mulheres; empoderamento econômico; e enfrentamento à violência, promoção da paz e resposta humanitária. Por meio de parcerias com governos, empresas, universidades e sociedade civil, a ONU Mulheres influencia a formulação de políticas, monitora avanços e promove ações concretas pela equidade de gênero no mundo todo.

 

Texto deste quadro: Jorge Duarte

Foto: Freepik

 

 

Marita Cardillo
Assessoria de Comunicação (Ascom)

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