A Embrapa Amazônia Oriental lança uma série de vídeos que apresenta, de forma resumida, o sistema de produção do cupuaçuzeiro. Dividido em sete títulos, os vídeos mostram desde o preparo das mudas até os cuidados com pragas e doenças que devem ser observados para a produção do cupuaçu. O cupuaçuzeiro é uma planta nativa da Amazônia que tem a sua polpa apreciada para a produção de sucos, sorvetes, doces, refrescos e licores. Nas últimas décadas, essa espécie transitou de uma produção essencialmente extrativista para plantios racionais. O desenvolvimento de variedades tolerantes à vassoura-de-bruxa, uma doença fúngica que causa sérios danos à cultura do cupuaçuzeiro, contribui nessa expansão dos cultivos. Um exemplo é a BRS Carimbó, lançada pela Embrapa em 2012. Além da tolerância à principal doença, ela apresenta dupla aptidão, tanto para produção de polpa quanto de sementes. Mais recentemente, em 2022, foi lançado o kit de clones denominado Cupuaçu 5.0, que reúne as cinco melhores variedades selecionadas, com boa resistência ao fungo causador da vassoura-de-bruxa e produtividade superior. De acordo com o pesquisador Rafael Alves, da Embrapa Amazônia Oriental, na época dos primeiros lançamentos de variedades selecionadas, o cenário era de absoluto desestímulo. “A vassoura-de-bruxa afetava tanto que não compensava o trabalho do agricultor em tentar produzir cupuaçu”, lembra. Novos mercados Desde o lançamento da BRS Carimbó, Alves avalia que a produção se expandiu e encontrou novos mercados. Tradicionalmente, o aproveitamento do fruto concentrava-se na polpa do cupuaçu. Nos últimos anos, no entanto, também as amêndoas, as sementes após o beneficiamento, passaram a gerar renda aos produtores. “Várias empresas de cosméticos vêm buscando a manteiga de cupuaçu, extraída das amêndoas do fruto, como ingrediente de seus produtos”, afirma. As amêndoas do cupuaçu também podem ser processadas para a obtenção de um produto alimentício semelhante ao chocolate, que é originário do cacau. As duas plantas pertencem ao mesmo gênero, o Theobroma. Denominado cupulate, a fabricação do produto ainda encontra uma limitação tecnológica para ganhar escala. “O processo para separar o tegumento da amêndoa do cupuaçu ainda não dispõe de uma máquina. Essa película que envolve a amêndoa, o tegumento, quando não retirada acaba por conferir um sabor adstringente que desagrada o paladar”, explica o pesquisador. Iniciativas em pequena escala, porém, têm demonstrado que o cupulate tem potencial de diversificar a demanda pelo cupuaçu. Foto: Ronaldo Rosa Interação com sistemas agroflorestais Segundo Rafael Alves, outro fator que torna o cupuaçu atrativo para os agricultores da Amazônia é a sua boa adaptação aos sistemas agroflorestais (SAFs). Nesse modo de cultivo, plantas de diversas espécies são combinadas em uma mesma área. “Assim como o cacau, o cupuaçu é uma das poucas espécies que podem manter a sua capacidade produtiva em ambientes sombreados por outras plantas. E ele começa a produzir já com três anos”, explica o pesquisador. Dessa forma, Alves avalia que SAFs com cupuaçu são uma alternativa promissora para a recuperação de áreas de reserva legal e de preservação permanente, pois mantém a produtividade ao longo de vários anos. Outra vantagem da inserção do cupuaçuzeiro em um sistema agroflorestal é a sua expressiva deposição de folhas e galhos no solo, o que contribui para a ciclagem de nutrientes dentro do sistema. “Quando a planta fica adulta, forra embaixo com folhas e isso ajuda também a manter a umidade do solo”, afirma. A série de sete vídeos está disponível em playlist no YouTube: Cupuaçuzeiro: como propagar? Cupuaçuzeiro: como plantar um pomar? Cupuaçuzeiro: como podar? Cupuaçuzeiro: tratos culturais Cupuaçuzeiro: doenças e pragas Cupuaçuzeiro: como substituir a copa? Cupuaçuzeiro: como preparar as mudas?
Photo: Vinicius Braga
A Embrapa Amazônia Oriental lança uma série de vídeos que apresenta, de forma resumida, o sistema de produção do cupuaçuzeiro. Dividido em sete títulos, os vídeos mostram desde o preparo das mudas até os cuidados com pragas e doenças que devem ser observados para a produção do cupuaçu.
O cupuaçuzeiro é uma planta nativa da Amazônia que tem a sua polpa apreciada para a produção de sucos, sorvetes, doces, refrescos e licores. Nas últimas décadas, essa espécie transitou de uma produção essencialmente extrativista para plantios racionais. O desenvolvimento de variedades tolerantes à vassoura-de-bruxa, uma doença fúngica que causa sérios danos à cultura do cupuaçuzeiro, contribui nessa expansão dos cultivos.
Um exemplo é a BRS Carimbó, lançada pela Embrapa em 2012. Além da tolerância à principal doença, ela apresenta dupla aptidão, tanto para produção de polpa quanto de sementes. Mais recentemente, em 2022, foi lançado o kit de clones denominado Cupuaçu 5.0, que reúne as cinco melhores variedades selecionadas, com boa resistência ao fungo causador da vassoura-de-bruxa e produtividade superior.
De acordo com o pesquisador Rafael Alves, da Embrapa Amazônia Oriental, na época dos primeiros lançamentos de variedades selecionadas, o cenário era de absoluto desestímulo. “A vassoura-de-bruxa afetava tanto que não compensava o trabalho do agricultor em tentar produzir cupuaçu”, lembra.
Novos mercados
Desde o lançamento da BRS Carimbó, Alves avalia que a produção se expandiu e encontrou novos mercados. Tradicionalmente, o aproveitamento do fruto concentrava-se na polpa do cupuaçu. Nos últimos anos, no entanto, também as amêndoas, as sementes após o beneficiamento, passaram a gerar renda aos produtores. “Várias empresas de cosméticos vêm buscando a manteiga de cupuaçu, extraída das amêndoas do fruto, como ingrediente de seus produtos”, afirma.
As amêndoas do cupuaçu também podem ser processadas para a obtenção de um produto alimentício semelhante ao chocolate, que é originário do cacau. As duas plantas pertencem ao mesmo gênero, o Theobroma. Denominado cupulate, a fabricação do produto ainda encontra uma limitação tecnológica para ganhar escala.
“O processo para separar o tegumento da amêndoa do cupuaçu ainda não dispõe de uma máquina. Essa película que envolve a amêndoa, o tegumento, quando não retirada acaba por conferir um sabor adstringente que desagrada o paladar”, explica o pesquisador. Iniciativas em pequena escala, porém, têm demonstrado que o cupulate tem potencial de diversificar a demanda pelo cupuaçu.
Foto: Ronaldo Rosa
Interação com sistemas agroflorestais
Segundo Rafael Alves, outro fator que torna o cupuaçu atrativo para os agricultores da Amazônia é a sua boa adaptação aos sistemas agroflorestais (SAFs). Nesse modo de cultivo, plantas de diversas espécies são combinadas em uma mesma área. “Assim como o cacau, o cupuaçu é uma das poucas espécies que podem manter a sua capacidade produtiva em ambientes sombreados por outras plantas. E ele começa a produzir já com três anos”, explica o pesquisador.
Dessa forma, Alves avalia que SAFs com cupuaçu são uma alternativa promissora para a recuperação de áreas de reserva legal e de preservação permanente, pois mantém a produtividade ao longo de vários anos. Outra vantagem da inserção do cupuaçuzeiro em um sistema agroflorestal é a sua expressiva deposição de folhas e galhos no solo, o que contribui para a ciclagem de nutrientes dentro do sistema. “Quando a planta fica adulta, forra embaixo com folhas e isso ajuda também a manter a umidade do solo”, afirma.
A série de sete vídeos está disponível em playlist no YouTube: