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DADOS DE BASE: CAR, SICAR E IBGE
O CAR é um registro eletrônico, obrigatório para todos os imóveis rurais, e constituiu um relevante instrumento do planejamento agrícola, ambiental e econômico. Até 31 de janeiro de 2018, 4.845.204 de imóveis rurais, totalizando 436.841.622 hectares, estavam inscritos no sistema nacional de cadastro ambiental rural, o SICAR.
A Embrapa Territorial integrou, ao seu Sistema de Inteligência Territorial Estratégica (SITE), os dados geocodificados completos do Cadastro Ambiental Rural disponíveis no SICAR até 31 de janeiro de 2018.
O download dos dados do Ministério do Meio Ambiente de cada um dos 5.570 municípios resultou num arquivo de mais de 40 Gbytes compactados. Descompactados, esses arquivos chegam a 180 GBytes. O CAR reúne informações como o perímetro do imóvel e, no seu interior, o mapeamento de: áreas ocupadas, de preservação permanente (APP), reserva legal, servidões, construções, de interesse social, de utilidade pública etc. São 18 categorias de uso e ocupação das terras geocodificadas em cada imóvel. E para cada categoria há, em geral, mais de um polígono por imóvel.
A figura 1a ilustra o perímetro e os limites parciais internos de um imóvel rural paulista cadastrado no CAR, com base em ortofotos do Projeto Mapeia São Paulo.
Figura 1a. Exemplo de limites de um imóvel rural com polígonos delimitando áreas de vegetação nativa em preparação para futuro cadastro no CAR.
São centenas de milhões de polígonos geocodificados, com bancos de dados associados, no conjunto das informações geocodificadas trabalhados pela equipe da Embrapa Territorial.
A espacialização dos dados do CAR integrados no Sistema de Cadastro Ambiental Rural (SICAR) trouxe uma visualização inédita e precisa da áreas de vegetação, de diversas naturezas, preservadas no interior dos imóveis rurais do Brasil.
POPULAÇÃO ESTATÍSTICA E AMOSTRAS TRABALHADAS
A população estatística teórica, objeto desta pesquisa, corresponderia à totalidade dos imóveis rurais brasileiros. A noção de imóvel rural utilizada no CAR pelo Serviço Florestal Brasileiro é bastante semelhante à empregada pelo IBGE de estabelecimento agropecuário no Censo. Trata-se de uma unidade de produção, sob a responsabilidade de uma pessoa (física ou jurídica) de forma independente da condição fundiária do imóvel ou de seu gestor (arrendatário, parceiro, meeiro, proprietário, ocupante etc.).
Neste sentido, o certificado do CAR não trata da condição jurídica ou fundiária da imóvel. Segundo o Código Florestal (Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012) em seu Capítulo VI, Art. 29, § 2o: "O cadastramento não será considerado título para fins de reconhecimento do direito de propriedade ou posse, tampouco elimina a necessidade de cumprimento do disposto no art. 2o da Lei no 10.267, de 28 de agosto de 2001".
Até 31 de janeiro de 2018, a soma da população de imóveis cadastrados em cada CAR estadual aproximava-se da totalidade dos imóveis rurais brasileiros. Essa diferença é difícil de ser efetivamente aferida por falta de um referencial homogêneo e atualizado. O melhor referencial é ainda o Censo do IBGE de 2006. Existe entre o último Censo Agropecuário e o CAR um intervalo de 10 anos no qual muita coisa ocorreu no mundo rural brasileiro.
Além disso, há grandes diferenças de procedimento. Enquanto no Censo, o recenseador busca (e nem sempre encontra) o responsável pelo estabelecimento rural, principalmente em áreas remotas, no caso do CAR, o responsável é quem procurou e colocou seus dados no sistema, diretamente ou através de um preposto. Por tratar-se de um cadastro permanente, o CAR, além de duas etapas para baixar e enviar dados, ainda possui recursos para permitir tanto a consulta como a atualização de cada imóvel rural cadastrado (figura 1b).
Figura 1b. Etapas do cadastramento e da manutenção dos dados de um imóvel rural no CAR.
Os dados do Censo IBGE 2006 serviram nesta pesquisa como um parâmetro de comparação, tanto para o número de imóveis como para a área apropriada em todo o Brasil via-à-vis dos dados do CAR e do SICAR, considerados até janeiro de 2018 (dados efetivamente disponibilizados no SICAR). O processo de cadastramento prossegue e a última atualização refere-se à situação em janeiro de 2018.
Em permanência, em termos estatísticos, esta pesquisa lidou com quatro populações ou subpopulações de imóveis a cada momento temporal: a população total existente (desconhecida), a população cadastrada no CAR estadual, a população cadastrada cujos dados migraram para o SICAR nacional e a população de imóveis do SICAR cujos dados estão efetivamente disponíveis para download no website do Serviço Florestal Brasileiro. Complementarmente, os números as áreas cadastradas, são atualizados regularmente pelos Boletins Informativos do CAR, com periodicidade mensal.
Em termos operacionais, com a definição do universo estatístico a ser trabalhado, os dados numéricos de base foram organizados em duas populações de imóveis rurais para a obtenção e a análise dos resultados almejados:
· Imóveis disponíveis no SICAR até janeiro de 2018, cujas áreas dedicadas à preservação da vegetação foram medidas cartograficamente e calculadas por geoprocessamento;
· Resíduos de imóveis rurais existentes em cada CAR estadual em janeiro de 2018, ainda não disponível no SICAR, cujas áreas dedicadas à preservação da vegetação foram estimadas por procedimentos aritméticos estatísticos.
MÉTODOS
Os procedimentos metodológicos apresentados a seguir, principalmente no mapeamento homogêneo e unificado das áreas dedicadas à preservação da vegetação nos imóveis rurais constituem um dos principais produtos inovadores entregues por essa pesquisa realizada pela Embrapa Territorial.
QUANTIFICAÇÃO DA DIMENSÃO NUMÉRICA E TERRITORIAL DO CONJUNTO DOS IMÓVEIS RURAIS CADASTRADOS NO CAR
A quantificação numérica dos imóveis rurais cadastrados no SICAR até janeiro de 2018 foi obtida na base de dados do Serviço Florestal Brasileiro do Ministério do Meio Ambiente. Ela foi complementada pela quantificação numérica dos imóveis rurais cadastrados no CAR dos estados, graças às quantificações fornecidas nos extratos dos Boletins Informativos mensais do CAR. Utilizando tabelas em Excel, esses dados foram organizados por estados, regiões e país, a partir de duas variáveis principais: número e área dos imóveis rurais cadastrados no CAR.
Para fins de um referencial de comparação, também foram organizados em tabelas Excel com os dados do Censo Agropecuário de 2006 do IBGE sobre o número dos estabelecimentos agropecuários levantados por estados, regiões e país. Essas informações censitárias também foram organizadas por duas variáveis principais: número e área dos estabelecimentos agropecuários levantados.
Por meio de operações aritméticas básicas, foi possível realizar a comparação absoluta e relativa dos dados numéricos e de superfície dos imóveis rurais, bem como estimar suas “evoluções” entre 2006 e 2018. Os próprios recursos do Excel permitiram outros cálculos intermediários e a hierarquização decrescente dos valores relativos obtidos e a construção de diversas tabelas. O conjunto desses cálculos permitiu avaliar a dimensão numérica ou a evolução do número de imóveis cadastrados no CAR por estados da federação, regiões e país, comparados aos números pertinentes do Censo Agropecuário de 2006. Esse mesmo conjunto de cálculos também permitiu avaliar a dimensão territorial ou a evolução da área dos imóveis cadastrados no CAR por estados da federação, regiões e país, quando comparados aos números pertinentes do Censo Agropecuário de 2006.
Esse conjunto de tabelas criadas e geradas, além de permitir o dimensionamento numérico e territorial dos imóveis rurais cadastrados no CAR, serviu para apoiar a medição cartográfica das áreas dedicadas à preservação da vegetação nos imóveis rurais cadastrados no CAR, bem como a estimativa das mesmas nos resíduos de imóveis rurais do CAR estadual não integrados ao SICAR nacional.
MEDIÇÕES CARTOGRÁFICAS E CÁLCULOS POR GEOPROCESSAMENTO DAS ÁREAS DEDICADAS À PRESERVAÇÃO DA VEGETAÇÃO NO CONJUNTO DOS IMÓVEIS RURAIS CADASTRADOS NO SICAR
Para a Embrapa, esta constitui a etapa metodológica mais central e decisiva para o banco de dados do SICAR: poder-se detectar, identificar, qualificar, quantificar e cartografar as áreas dedicadas à preservação da vegetação nos imóveis rurais cadastrados no CAR, em bases homogêneas e unificadas.
Métodos e programas com a finalidade de integrar as informações ambientais dos imóveis rurais para controle, monitoramento e combate ao desmatamento vêm sendo desenvolvidos pelo Serviço Florestal Brasileiro com a Universidade Federal de Lavras.
No caso da Embrapa, tratava-se de outra questão: desenvolver procedimentos e métodos para integrar os dados geocodificados nos planos de informação de mais de 4 milhões de imóveis rurais ao planejamento agropecuário local, estatual, regional e estadual, buscando criar novos indicadores para ampliar a sustentabilidade ambiental, social e econômica da agricultura brasileira.
Para esse desafio inédito trazido pelas informações do CAR, não existem soluções metodológicas de prateleira, nem consagradas empiricamente. A equipe da Embrapa Territorial, em particular o seu grupo analistas de geoprocessamento e de tecnologia da informação construíram, testaram e validaram progressivamente um método para obtenção dos resultados desejados. Ele foi testado inicialmente em alguns estados da federação, depois validado em duas regiões, para finalmente, sempre incorporando novas rotinas que ampliavam sua performance e traziam ganhos de precisão, ser aplicado de forma homogênea a todos municípios, microrregiões, estados e regiões do país, reunidos no CAR até janeiro de 2018.
O aperfeiçoamento desses métodos desenvolvidos procede, tanto em função da avaliação e crítica dos resultados numéricos e cartográficos obtidos, submetidos ao exame de pares e parceiros nessa pesquisa, como em função de novas formas de disponibilização dos dados pela equipe do Serviço Florestal Brasileiro responsável pelo SICAR.
A seguir apresenta-se um fluxograma com 16 etapas ou fases metodológicas desenvolvidas. Logo a seguir, para cada uma dessas 16 etapas, é detalhado, de forma circunstanciada (quase um tutorial), como elas foram realizadas.
No fluxograma abaixo são mostradas as fases realizadas no processamento dos dados do CAR visando detectar, identificar, qualificar, quantificar e cartografar as áreas dedicadas à preservação da vegetação nos imóveis rurais cadastrados.
Fase 1
O download dos arquivos do SICAR está disponível no site www.car.gov.br/publico/imoveis como mostra a figura 2. É necessário informar alguns dados para prosseguir com o download.
Figura 2. Dados do CAR do Brasil.
O arquivo de download de cada município será identificado por códigos, como mostra a figura 3.
Figura 3. Arquivos de municípios do Mato Grosso, com destaque para Cuiabá.
A figura 4 ilustra o conjunto de informações disponíveis para cada município.
Figura 4. Disposição dos dados dentro dos subdiretórios de código de cada município.
Os cinco planos de informação trabalhados são AREA_IMOVEL (área de cada imóvel rural), APP (Área de Preservação Permanente), HIDROGRAFIA (rios e lagos), RESERVA_LEGAL (reserva legal) e VEGETACAO_NATIVA (excedente de vegetação).
Fase 2
Para obter o nome e o caminho dos cinco planos de informação dos dados do CAR utilizados neste trabalho foi utilizado o comando “Dir” do aplicativo Prompt de Comando do Windows como mostra a figura 5.
Figura 5. Obtenção de nomes e caminhos dos arquivos do CAR.
Citando um exemplo para "área do imóvel", o comando é:
>> Dir area_imovel.dbf area_imovel.shp area_imovel.shx area_imovel.prj /s /w /b > imóvel_mt.txt
Neste caso os arquivos area_imovel com extensões .dbf .shp .shx e .prj e seus respectivos caminhos serão copiados no arquivo imóvel.txt, como mostra a figura 6.
Figura 6. Arquivo imovel_mt.txt no Bloco de notas.
Os cinco arquivos .txt gerados pelo comando dir estão ilustrados na figura 7.
Figura 7. Os arquivos .txt com os planos de informação em estudo.
Fase 3
Os arquivos .txt são importados no Excel para serem copiados com nomes dos municípios em que os imóveis estão localizados, como mostra a figura 8.
Figura 8. Arquivos .txt, que são importados pelo Excel.
Na importação a "Origem do arquivo" deve ser o Unicode (UTF-8), para que os caracteres da língua portuguesa não sejam deformados, como mostra a figura 9.
Figura 9. Configuração da "Origem do arquivo" em UTF-8.
Na planilha Excel denominado de imovel_mt, são inseridos mais 4 campos, como mostram as figura-10a, figura-10b e figura-10c. Apenas na primeira linha, que gerará as outras linhas com a função “arraste” ou duplo clique, as funções serão trabalhas. No campo “A” é inserido apenas “copy”, as linhas do campo “B” com os dados do arquivo .txt, que foi aberto anteriormente, o campo “C” com a função “EXT.TEXTO(), o campo “D” com a função “DIREITA()” e o campo “E” com a função “CONCATENAR()”.
A figura 10a, mostra a função EXT.TEXTO(),que obtém do campo “B” o início do nome do município mais 22 caracteres referentes a este campo, não considerando o tamanho do nome do município, a finalidade é obter o nome inicial e os caracteres que possam diferenciar de outros municípios com nome s semelhantes. O acerto para cada estado (UF) é apenas no campo Núm_inicial.
Figura 10a. Função “EXT.TEXTO()” para obter o nome do município.
Para obter a extensão do arquivo foi utilizado a função “DIREITA()” referente o campo “B”, e apenas 4 caracteres, como mostra a figura 10b.
Figura 10b. Função “DIREITA(), para obter a extensão do arquivo.
O caminho e o nome do arquivo será copiado e mostrado com destaque na figura-10c, que utilizou a função “CONCATENAR()”. Os destaques estão nos campos “Texto 1”, onde está o caminho do diretório previamente gerado e onde os arquivos serão copiados e o “Texto2”, que acrescentará no nome dos arquivos o texto “_imovel”, no caso de “AREA_IMOVEL”. Isso diferenciará as características dos arquivos e facilitará na organização e na procura de erros, que porventura possa vir nas fases seguintes.
Figura 10c: Função "CONCATENAR()", para inserir o caminho e nome do arquivo.
A figura 11 mostra o arquivo de imóvel no formato Excel com todas as linhas preenchidas com “duplo clique” e copiados na nova planilha denominada de imovel_mt_1, que servirá de backup da primeira planilha. Inicialmente o campo “C” será transformado em valores .
Figura 11. O campo “C” transformado em valores.
Ainda com o campo “C” selecionado, a função “Localizar e substituir” substituirá os caracteres “\” por “_”, para que os nomes dos arquivos possam ser renomeados. Como mostra a figura 12a.
Figura 12a: Localização e substituição de todos “\” para “_” no campo “C”.
A configuração final é o campo “E”, que também será transformado em valores, como mostra a figura 12b. Seguidamente serão apagados os campos “C” e “D”.
Figura 12b: formatação do campo “E”.
A planilha deve ser salva no formato Texto (separado por tabulações), como mostra a figura 13. Seguidamente deve ser fechada do Excel para que a extensão seja alterada.
Figura 13. Salvar a planilha no formato .txt.
Fase 4
Para que o arquivo “imóvel_mt.txt” possa ser executado no Explorador de Arquivos é necessário ser mudada a extensão de .txt para .bat, como mostra a figura 14.
Figura 14: Alteração da extensão .txt para .bat.
Após a alteração para .bat é necessário apenas duplo clique no arquivo para ser executado, como mostra a figura 15 no momento da execução.
Figura 15: Execução do arquivo .bat.
Após a execução o diretório “Imovel” conterá os arquivos de imóveis do estado de Mato Grosso e renomeados conforme o município que os imóveis pertencem, como mostra a figura 16.
Figura 16: Diretório “imóvel” com os arquivos dos imóveis de Mato Grosso.
Fase 5
Nesta fase inicia-se o uso do ArcGIS Desktop 10.5 e sua família. Ele é um software de 32 bits, mas com a instalação do “Background Geoprocessing (64 bits)” pode-se fazer um bom uso da capacidade de processamento do computador com as ferramentas de geoprocessamento. O computador desktop utilizado foi um DELL XPS com processador (8-core) da Intel(R) Core(TM) i7-4770 CPU @ 3.4 GHz, 16 GBytes de RAM e 2 HDs externos de 2 teraBytes . O sistema operacional é o Windows 10 PRO.
O “Background Geoprocessing“ para o ArcGIS 10.5 está disponível no site https://my.esri.com/#/downloads/ArcGIS%20Desktop/10.5 para usuários em dia com o Contrato de Manutenção com a Esri. A figura 17 mostra o site desse software.
Figura 17: O “Background Geoprocessing “ para download.
Com o “Background Geoprocessing “ é possível abrir vários ArcMaps e processar em paralelo as ferramentas do ArcGIS, isso pode ser conferido com o Gerenciador de Tarefa do Windows, no momento de execução das ferramentas.
Os dados das características do CAR muitas vezes ultrapassam 2 GigaBytes, impossibilitando trabalhar com a extensão .shp. Assim, usa-se o File Geodatabase, com capacidade de até 2 TeraBytes. Para posterior análise com regras topológicas de sobreposição de polígonos é gerado o “Feature Dataset” dentro do File Geodatabase. Dentro do “Feature Dataset” serão inseridos o todos os polígonos em estudo. A figura 18 mostra todos esses arquivos.
Figura 18: Os File Geodatabase com os respectivos Feature Dataset.
Fase 6
Para juntar todos os arquivos de um plano de informação em um único arquivo, utiliza-se a função “Merge”, ou seja, mescla dos arquivos. A figura 19 mostra um exemplo da característica dos imóveis que são carregados para essa função. Observa-se que os arquivos carregados devem possuir as extensões .shp, .shx e .dbf e vários municípios não possuíam esses arquivos, sendo disponibilizado apenas o arquivo .dbf, o que por vezes causou erros na execução dessa função.
Figura 19. Carregamento da função Merge.
Após o carregamento da função “Merge” é necessário nomear o arquivo de saída, que estará dentro do Feature Dataset, que estará dentro do File Geodatabase. Como mostra a figura 20.
Figura 20. Ferramenta “Merge” para mesclar todos os arquivos de Imóveis.
A execução da função “Merge” pelo “Background Geoprocessing “ é mostrado na figura 21. Algumas funções como o dissolve são executadas em várias horas, pelo “Background Geoprocessing “, porém a execução em paralelo de várias funções poupa bastante tempo.
Figura 21. Execução do "Merge".
O resultado da execução da função “Merge” de imóveis do estado de Mato Grosso é mostrado na figura 22a. Observa-se nesta escala que há vários polígonos de tamanhos incompatíveis que certamente não são imóveis rurais.
Figura 22a. Visualização do "Merge" do Mato Grosso.
Fase 7
Nos arquivos de imóveis havia vários arquivos espúrios como: imensas propriedades, cadastro de parte de rios, parques, reservas, que foram excluídas. Primeiramente, pelo critério do tamanho da área, como mostra a figura 22b. Em seguida consulta de áreas com imagens de satélite no “background”. O resultado é o arquivo de imóveis com seus dados filtrados.
Figura 22b. Eliminação de polígonos espúrios.
Fase 8
Os polígonos dos imóveis possuem algumas sobreposições, para eliminá-las foi utilizada a função “Dissolve”, como mostra a figura 23. Com grande destaque a caixa “Create Multpart Features”, que estava marcada. Caso não seja desmarcada o processamento será muito demorado pelo fato de gerar apenas alguns imensos polígonos com várias partes.
Figura 23: Função dissolve e seus principais destaques.
Caso haja problemas processamento da função “dissolve”, recomenda-se como primeira alternativa a execução da função “Repair Geometry” para esse arquivo. A figura 24 mostra uma pequena área antes e após o “Dissolve”.
Figura 24. Polígonos antes e depois da execução da função “Dissolve”
Fase 9
Os polígonos dos Imóveis são os mais importantes. Eles que delimitarão as outras características. A figura 25 mostra a função de “Intersec” entre os polígonos dos imóveis com os polígonos dos municípios. Essa intersecção contribuirá com os campos de município e microrregião a que pertencem as áreas imóveis. Caso algum imóvel esteja em dois ou mais municípios, a intersecção designará a parte que pertence a cada município em questão.
Figura 25. Função “Intersect” entre municípios e imóveis.
Fase 10
A função “Merge” para utilizada para mesclar as características: APP, HIDRO, ResLeg e VegNat, como foi realizada para os polígonos dos imóveis na fase (6) e a função “Dissolve” para dissolver os polígonos, o resultado é mostrado na figura 26 pelo ArcCatalog. O dissolve neste caso foi realizado para reduzir a quantidade de polígonos e possibilitar seu processamento.
Figura 26. Resultado das funções “Merge” e “Dissolve”
Fase 11
As características HIDRO, APP, ResLeg e VegNat em vários casos se sobrepõem. Esse problema foi resolvido da seguinte maneira: Foram mesclados os arquivos todos_HIDRO_dissolve, todos_APP_dissolve, todos_ResLeg_dissolve e todos_VegNat_dissolve, gerando o arquivo APP_HIDRO_ResLeg _ VegNat, aplicando a função “Dissolve”, resultou em APP_HIDRO_ResLeg _ VegNat_dissolve. Foram mesclados os arquivos todos_HIDRO_dissolve, todos_APP_dissolve e todos_ResLeg_dissolve, gerando o arquivo APP_HIDRO_ResLeg, aplicando a função “Dissolve”, resultou em APP_HIDRO_ResLeg _dissolve. E também foram mesclados os arquivos todos_HIDRO_dissolve e todos_APP_dissolve, gerando o arquivo APP_HIDRO, aplicando a função “Dissolve”, resultou em APP_HIDRO_dissolve. E o arquivo HIDRO com a função “Dissolve” resultou em HIDRO_dissolve. Como mostra a figura 27, e foi aplicada a função “Erase” entre eles.
Figura 27. Mesclagem de dissolve das características.
Fase 12
A resolução do problema da fase anterior foi completada com a função “Erase” como está ilustrado na figura 28.
Figura 28. Função “Erase” isolando somente a característica desejada.
As quatro características desejadas foram isoladas como mostra a figura 29.
Figura 29. As quatro características desejadas.
Fase 13
Para finalizar as operações é necessário fazer a intersecção das características isoladas com o arquivo de imóveis que sofreu intersecção com os municípios, ou seja o arquivo “intersect_imoveis_municípios”. Os resultados são mostrados na figura 30.
Figura 30. Resultado final das operações.
Fase 14
Para validar os resultados é necessário verificar a topologia desses arquivos para não haver sobreposição de polígonos. A figura 31 mostra como é gerado a topologia pelo ArcCatalog.
Figura 31. Geração de regra topológica de não sobreposição de polígonos.
Caso haja sobreposição, uma das soluções é iniciar a edição do arquivo, selecionar os polígonos com sobreposição e realizar a mesclagem com a função “Merge” do modo de edição.
Fase 15
O uso da função “summarize” na tabela das características facilitam na obtenção das áreas em cada município ou microrregião. Isto pode ser evidenciado na figura 32.
Figura 32. Geração da tabela de área das microrregiões.
Fase 16
As tabelas geradas em .txt servirão para construir a tabela final em Excel, como mostra a figura 33. E a característica Vegetação Nativa se transformou em Vegetação Excedente.
Figura 33. Arquivos obtidos no formato .txt e tabela final dos cálculos dos dados do CAR.
Esse itinerário metodológico circunstanciado para mapear as áreas dedicadas à preservação da vegetação em milhões de imóveis rurais, a diversos títulos (APP, Reserva Legal...), de forma unificada e homogênea do ponto de vista cartográfico, é uma das maiores contribuições inovadoras dessa pesquisa conduzida pela equipe de geoprocessamento e tecnologia da informação do Grupo de Inteligência Territorial Estratégica (GITE), sob a coordenação do Dr. Osvaldo Tadatomo Oshiro.
MÉTODOS COMPLEMENTARES
Um outro procedimento metodológico foi aplicado com o ArcGIS Pro 1.4.1 e a ferramenta “Clip”, que substitui as funções “Intersect” e “Dissolve”.
O ArcGIS Pro é um software da Esri e está disponível para quem possui o ArcGIS Desktop e com o contrato de Manutenção em dia. A grande vantagem é que esse software é de 64 bits, como o microcomputador Dell e o Windows 10. A autenticação é online, no servidor da Esri, possibilitando seu uso não apenas nos computadores locais como em outros locais longe do servidor de licença do ArcGIS Desktop. A figura 34 mostra esse software.
Figura 34. Visualização do ArcGIS Pro 1.4.1
A função “clip” com o arquivo de “municípios” cortado pelo arquivo de “todos_imoveis_filtro” pode ser observada na figura 35.
Figura 35. Função “Clip” no ArcGIS Pro 1.4.1
O resultado do uso ArcGIS Desktop 10.5 com as ferramentas “Intersect” seguido do “Dissolve” com o ArcGIS Pro 1.4.1 com a ferramenta “Clip” é ilustrado da figura 36 pelo ArcCatalog. A quantidade de operações é reduzida e resulta menor número de arquivos, com redução do tempo de processamento.
Figura 36. Diferença da quantidade de arquivos entre o ArcGIS Destop 10.5 e ArcGIS Pro 1.4.1.
ESTIMATIVA ARITMETICO-ESTATÍSTICA DAS ÁREAS DEDICADAS À PRESERVAÇÃO DA VEGETAÇÃO NOS RESÍDUOS DE IMÓVEIS RURAIS DO CAR ESTADUAL NÃO INTEGRADOS NO SICAR NACIONAL
A primeira etapa deste procedimento baseou-se no uso da quantificação numérica dos imóveis rurais cadastrados no CAR até janeiro de 2018, obtida na base de dados do Serviço Florestal Brasileiro e nas medições cartográficas e cálculos por geoprocessamento das áreas dedicadas à preservação da vegetação no conjunto dos imóveis rurais cadastrados no SICAR.
Numa segunda etapa, a estimativa aritmetico-estatística das áreas dedicadas à preservação da vegetação nos resíduos de imóveis rurais do CAR estadual não integrados no SICAR nacional demandou o cálculo das áreas totais desses resíduos por estado, região e país. Através das tabelas em Excel, foi possível calcular os valores absolutos e relativos desse diferencial ou residual de áreas dos cadastros estaduais não integradas ao SICAR nacional.
A tabela 1 ilustra a dimensão absoluta e relativa desses resíduos em cada um dos 27 estados pesquisados.
Tabela 1. Diferença ou Resíduo de Imóveis Rurais do CAR não integrados ao SICAR 2018.
ESTADOS | ÁREA DOS IMÓVEIS RURAIS DO CAR EM JANEIRO DE 2018 (ha) | ÁREA DOS IMÓVEIS RURAIS DO CAR MIGRADOS AO SICAR DE JANEIRO DE 2018 (ha) | DIFERENÇA OU RESÍDUO DE IMÓVEIS RURAIS DO CAR NÃO INTEGRADOS AO SICAR | % DA DIFERENÇA OU RESÍDUO DE IMÓVEIS RURAIS DO CAR NÃO INTEGRADOS AO SICAR |
Mato Grosso do Sul | 30.221.999 | 13.796.956 | 16.425.043 | 54,3 |
Distrito Federal | 652.489 | 440.240 | 212.249 | 32,5 |
Pará | 60.172.635 | 50.188.806 | 9.983.829 | 16,6 |
Maranhão | 18.706.101 | 16.308.777 | 2.397.324 | 12,8 |
Mato Grosso | 68.990.299 | 62.089.490 | 6.900.809 | 10,0 |
Rio de Janeiro | 2.210.262 | 2.003.554 | 206.708 | 9,4 |
Sergipe | 1.209.538 | 1.098.727 | 110.811 | 9,2 |
Espírito Santo | 2.477.472 | 2.253.784 | 223.688 | 9,0 |
Goiás | 26.487.221 | 24.133.909 | 2.353.312 | 8,9 |
Roraima | 4.282.480 | 3.936.543 | 345.937 | 8,1 |
Santa Catarina | 7.139.308 | 6.562.812 | 576.496 | 8,1 |
Piauí | 11.651.270 | 10.746.444 | 904.826 | 7,8 |
Minas Gerais | 41.232.521 | 38.461.808,6 | 2.770.712 | 6,7 |
Ceará | 5.038.961 | 4.707.403 | 331.558 | 6,6 |
Pernambuco | 5.036.162 | 4.726.104 | 310.058 | 6,2 |
Paraná | 16.073.570 | 15.125.859 | 947.711 | 5,9 |
Paraíba | 2.758.339 | 2.602.931,4 | 155.408 | 5,6 |
Rio Grande do Norte | 2.752.718 | 2.603.275 | 149.443 | 5,4 |
São Paulo | 19.191.786 | 18.314.488 | 877.297 | 4,6 |
Alagoas | 1.236.694 | 1.186.619 | 50.075 | 4,0 |
Rio Grande do Sul | 19.805.001 | 19.046.4681 | 758.533 | 3,8 |
Bahia | 19.523.669 | 19.099.217 | 424.452 | 2,2 |
Tocantins | 16.019.654 | 16.019.654 | 0 | 0 |
Acre | 9.256.391 | 9.301.344 | superou a área* |
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Rondônia | 11.819.798 | 13.085.517 | superou a área* |
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Amazonas | 29.392.948 | 40.951.337 | superou a área* |
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Amapá | 3.239.661 | 4.719.372 | superou a área* |
|
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BRASIL | 436.578.947 | 403.511.441 | 33.067.505 | 7,6 |
*Nos estados do Acre, Rondônia, Amazonas e Amapá, a área dos imóveis rurais do CAR migrados ao SICAR migrada ao SICAR de janeiro de 2018 supera a área dos imóveis rurais do CAR em janeiro de 2018 devido à inclusão de áreas cadastradas em Unidades de Conservação da Natureza de Uso Sustentável, nas quais admite-se a permanência de populações tradicionais.
O cálculo dos resíduos mostra um valor total da ordem de 8%. Em outras palavras, a área dedicada à preservação da vegetação pode ser mapeada e calculada para cerca de 92% da área da população de imóveis rurais cadastrados no CAR. A área a ser estimada é a do resíduo não cadastrado no SICAR, avaliado em 8%. Essa porcentagem de resíduo territorial não cadastrado no SICAR em 93% dos estados ficou abaixo de 20% da área total e variou entre 2% e 10% em 66% dos estados. Apenas o Mato Grosso do Sul apresenta um resíduo acima de 50%.
A tendência da dimensão territorial desse resíduo é de diminuir ao longo do tempo, com a disponibilização no SICAR Nacional dos dados já existentes no CAR dos estados e com a continuidade do cadastramento até o final de 2018.
A tabela 2 e a tabela 3 apresentam o alcance do cadastramento por regiões e no Brasil, tanto em número de imóveis quanto em área existentes no SICAR no final de janeiro de 2018. Esses dados são comparados aos equivalentes do Censo de 2006 para ter seu referencial.
Tabela 2. Alcance do cadastramento no Brasil.
PAÍS
| NÚMERO DE ESTABELECIMENTOS AGROPECUÁRIOS EM 2006 (CENSO 2006) | IMÓVEIS CADASTRADOS NO CAR EM JANEIRO DE 2018 | EVOLUÇÃO ENTRE 2006 E 2018 EM % |
BRASIL | 5.175.636 | 4.819.574 | 93% |
PAÍS | ÁREA DOS ESTABELECIMENTOS AGROPECUÁRIOS (HECTARES) EM 2006 (CENSO 2006) | ÁREA CADASTRADA NO CAR EM HECTARES EM JANEIRO DE 2018 | EVOLUÇÃO ENTRE 2006 E 2018 EM % |
BRASIL | 333.680.037 | 435.755.724 | 131% |
Tabela 3. Alcance do cadastramento na Regiões do Brasil.
REGIÕES E PAÍS | NÚMERO DE ESTABELECIMENTOS AGROPECUÁRIOS EM 2006 (CENSO 2006) | IMÓVEIS CADASTRADOS NO CAR EM JANEIRO DE 2018 (CAR 2018) | EVOLUÇÃO ENTRE 2006 E JANEIRO DE 2018EM % |
Norte | 475.778 | 644.186 | 135% |
Nordeste | 2.454.060 | 1.396.122 | 57% |
Sudeste | 922.097 | 1.119.317 | 121% |
Sul | 1.006.203 | 1.257.193 | 125% |
Centro-Oeste | 317.498 | 402.756 | 127% |
BRASIL | 5.175.636 | 4.819.574 | 93% |
REGIÕES E PAÍS | ÁREA DOS ESTABELECIMENTOS AGROPECUÁRIOS (HECTARES) EM 2006 (CENSO 2006) | ÁREA CADASTRADA NO CAR EM HECTARES EM JANEIRO DE 2018(CAR 2018) | EVOLUÇÃO ENTRE 2006 E JANEIRO DE 2018 EM % |
Norte | 55.535.764 | 133.360.346 | 240% |
Nordeste | 76.074.411 | 67.913.451 | 89% |
Sudeste | 54.937.773 | 65.112.041 | 119% |
Sul | 41.781.003 | 43.017.879 | 103% |
Centro-Oeste | 105.351.087 | 126.352.007 | 120% |
BRASIL | 333.680.038 | 435.755.724 | 131% |
Com o tempo, seria normal que a área desses resíduos tendesse a zero. Isso já pode ser observado no aumento relativo do número e da área dos imóveis cadastrados apresentados no Boletim Informativo do CAR de janeiro de 2018 (Fig. 37).
(Fonte: Números do CAR - SFB)
Figura 37. Ilustração sintética do avanço do registro de imóveis rurais no CAR até 31 de janeiro de 2018.
Finalmente, considerando a hipótese estatística que as áreas cadastradas no SICAR são uma subpopulação amplamente majoritária (92%) da população total cadastrada no CAR; considerando também que o resíduo da população do CAR não cadastrado no SICAR é minoritário (8%) e deveria manter as características da população estatística inicial; considerando que as áreas dedicadas à preservação da vegetação nativa puderam ser mapeadas e calculadas no conjunto da subpopulação do SICAR, que representa mais de 90% das áreas cadastradas no CAR; decidiu-se estimar a área dedicada à preservação da vegetação nos resíduos dos imóveis rurais do CAR de cada estado, ainda não integrados ao SICAR nacional em janeiro de 2018, através de uma regra aritmética de mera proporcionalidade. Em cada estado, aplicou-se a taxa verificada de áreas dedicadas à preservação da vegetação nativa nos imóveis cadastrados no SICAR ao conjunto do resíduo da área dos imóveis do CAR ainda não incorporados ao SICAR nacional.
A soma das áreas dedicadas à preservação da vegetação nativa calculadas e mapeadas (SICAR) com a área dedicada à preservação da vegetação estimada no resíduo de imóveis do CAR permitiu obter um valor da área total de área destinada à preservação da vegetação por estado, região e país.