27/03/25 |   Biodiversity  Natural resources  Water Resource Management

Embrapa e Unicamp realizam biomonitoramento no Rio Paraopeba

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Photo: Mariana Silveira Guerra Moura e Silva

Mariana Silveira Guerra Moura e Silva - Coleta no Rio Paraopeba

Coleta no Rio Paraopeba

Estudo avaliou efeitos ecotoxicológicos do desastre de Brumadinho na bacia do rio Paraopeba e sua influência sobre organismos aquáticos

Resultados indicam baixa toxicidade, mas alertam para impactos a longo prazo

 

O rompimento da barragem B1, em Brumadinho (MG), ocorrido em 25 de janeiro de 2019, resultou em um dos maiores desastres socioambientais do Brasil. O despejo de rejeitos de mineração na bacia do rio Paraopeba comprometeu a qualidade da água e do sedimento, afetando ecossistemas aquáticos e comunidades ribeirinhas. Um estudo recente analisou os efeitos ecotoxicológicos dessa contaminação em espécies aquáticas, trazendo novas evidências sobre a toxicidade dos elementos presentes no local. A pesquisa, realizada por cientistas da Unicamp e da Embrapa Meio Ambiente, investigou a qualidade ambiental do sedimento em quatro pontos do rio Paraopeba, coletando amostras em março de 2022. 

De acordo com Maíra Rodrigues da Silva, aluna de doutorado da Unicamp, o objetivo foi avaliar a presença de elementos potencialmente tóxicos, como ferro (Fe), manganês (Mn), cromo (Cr), níquel (Ni) e lítio (Li), e seus impactos sobre organismos aquáticos. “Os testes foram conduzidos com três espécies bioindicadoras: a larva de inseto Chironomus sancticaroli, o microcrustáceo Daphnia magna e a microalga Raphidocelis subcapitata”, explica Maíra Rodrigues da Silva, da Unicamp, uma vez que esses organismos são muito usados em testes ecotoxicológicos como bioindicadores de qualidade da água e do sedimento. 

“Os resultados mostraram que os sedimentos coletados nos pontos a jusante da barragem apresentaram maiores concentrações de metais, especialmente Fe e Mn. No entanto, os efeitos agudos sobre os organismos testados foram reduzidos, indicando baixa toxicidade imediata”, destaca a aluna.

Mariana Silveira Guerra Moura e Silva, pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente, explica que a a maior taxa de deformidade, de 25%, foi observada na estrutura bucal das larvas de Chironomus sancticaroli, conhecida como mento, em um dos pontos à jusante da barragem, sugerindo que a exposição a metais pesados pode ter efeitos subletais de longo prazo.

Apesar da aparente baixa toxicidade imediata, os pesquisadores alertam que elementos potencialmente tóxicos podem se acumular no ecossistema ao longo dos anos, comprometendo a biodiversidade e a segurança alimentar das comunidades locais. Além disso, a dragagem do rio observada durante a coleta das amostras pode ter alterado a distribuição dos contaminantes.

 

O Desastre de Brumadinho

Em 25 de janeiro de 2019, a barragem B1 da Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), rompeu-se, liberando cerca de 9 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração. O desastre contaminou o rio Paraopeba e afetou a biodiversidade aquática e terrestre. 

O estudo teve participação também de Claudio Jonsson, da Embrapa Meio Ambiente, e Jefferson de Lima Picanço, da Unicamp e foi apresentado no XVII Congresso Brasileiro de Ecotoxicologia, realizado em outubro de 2024, em Belém, PA. O evento reuniu cientistas, representantes do governo e da iniciativa privada para debater a integração entre ecotoxicologia, clima e sociedade, destacando a importância da monitorização ambiental e da adoção de políticas públicas voltadas à recuperação de áreas afetadas por desastres ambientais.

Cristina Tordin (MTB 28499/SP)
Embrapa Meio Ambiente

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