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Coletânea de biografias resgata história da pesquisa agropecuária na Amazônia
Foto: Reprodução
A publicação reúne 23 biografias que se entrelaçam descortinando nuances inéditas da linha do tempo da pesquisa agropecuária na Amazônia.
A reputação da marca Embrapa perante o público do Brasil e do mundo tem muito a ver com o que ocorreu nos primórdios da instituição. Até mesmo antes de a empresa ser concebida já se traçava o seu rumo, como revelam as histórias do livro recém-lançado Do Instituto Agronômico do Norte à Embrapa Amazônia Oriental: personagens ilustres, tempo e memória (1939–2019), sobre os pioneiros das ciências agrárias na região amazônica.
O livro é uma edição comemorativa dos 80 anos do Instituto Agronômico do Norte (IAN), completados em 2019, a primeira instituição do gênero na região e base da futura Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) que só viria a ser criada na década de 1970. Em forma de coletânea, a publicação reúne 23 biografias que se entrelaçam descortinando nuances inéditas da linha do tempo da pesquisa agropecuária na Amazônia.
A narrativa de fatos e experiências de vida e trabalho dos personagens, feita por 30 autores, deixa transparecer o legado técnico-científico que a Embrapa Amazônia Oriental (Belém, PA) herdou das instituições históricas que a precederam. Logo nas primeiras páginas, uma breve menção às condições de trabalho mostra quão tenazes, corajosos e criativos foram os pioneiros da ciência em território amazônico, a fim de se manterem atuantes e produtivos.
“Sem as facilidades do cotidiano de hoje, como celular, laptop e aviões, precisavam improvisar com o sexto sentido, a sorte, a capacidade de observação e o foco das atividades que desempenhavam”, lê-se no texto de apresentação da obra. Desafios complexos punham à prova o talento e a vocação das equipes pioneiras, a exemplo de enfrentar rotineiramente “longas distâncias que tinham de ser percorridas por via fluvial” ou direcionar a carreira priorizando “o conhecimento de uma determinada planta, animal ou tema ao longo da existência como pesquisadores”.
Primeiro volume
Os editores técnicos da publicação – pesquisador Alfredo Kingo Oyama Homma e jornalista Izabel Cristina Drulla Brandão, ambos da Embrapa Amazônia Oriental – contam que "Do Instituto Agronômico do Norte à Embrapa Amazônia Oriental: personagens ilustres, tempo e memória (1939–2019)" é o primeiro volume da coletânea e o segundo já está em elaboração.
“Ainda há muito a ser contado sobre as instituições pioneiras da Amazônia no campo das ciências agrárias, muitos personagens fundamentais a terem suas biografias conhecidas. O resgate histórico abre novas perspectivas para avaliarmos os erros e os acertos no processo”, garantem os editores, também autores de parte das biografias que compõem o primeiro volume.
“Os relatos biográficos servem de fio condutor para entendermos os avanços da pesquisa agrícola na Amazônia e a busca de uma utopia plausível de desenvolvimento regional, além de homenagearem os pioneiros nos estudos agropecuários aplicados na região amazônica”, descreve o pesquisador Alfredo Homma, ele próprio um pioneiro, que em 1971 iniciou a carreira no Instituto de Pesquisas e Experimentação Agropecuárias da Amazônia Ocidental (IPEAAOc), atual Embrapa Amazônia Ocidental (Manaus, AM), desde 1976 atuando na Embrapa Amazônia Oriental.
Ao destacar a importância da publicação, Adriano Venturieri, chefe-geral da Embrapa Amazônia Oriental, comenta o quanto é necessário preservar a história. “Acompanhar a biografia dos pioneiros, em especial dos que contribuíram para a construção do centro de pesquisa, que continua atuando até hoje, sempre representa um alento e um incentivo na busca de soluções para os novos desafios que se apresentam para a agricultura amazônica”, declara Venturieri.
Os personagens
De acordo com o pesquisador Alfredo Homma, o Instituto Agronômico do Norte lançou os alicerces do desenvolvimento do setor primário na região amazônica. Foi o embrião do que hoje é a Embrapa Amazônia Oriental e de todas as Unidades da Embrapa da região Norte, com exceção apenas da localizada no estado do Tocantins, de criação mais recente.
“A instituição integra o conjunto de obras getulianas na Amazônia, região que compunha o esforço bélico dos Aliados na Segunda Guerra Mundial. A ocupação dos seringais do Sudeste Asiático pelas tropas japonesas havia colocado em risco a oferta da borracha, um material estratégico, sem falar do quinino, cuja produção concentrava-se na Indonésia”, narra o pesquisador.
Entre os pioneiros dessa história estão os 23 homenageados no primeiro volume da coletânea. As biografias foram editadas na sequência dos nascimentos dos personagens, que são: Adolpho Ducke, Milton de Albuquerque, George Alexander Black, George O’Neill Addison, Alfonso Wisniewski, Batista Benito Gabriel Calzavara, Rubens Rodrigues Lima, Archimar Bittencourt Baleiro, Eurico Pinheiro, José Maria Pinheiro Condurú, Fernando Carneiro de Albuquerque, Italo Claudio Falesi, Tarcísio Ewerton Rodrigues, Vicente Haroldo de Figueiredo Moraes, Hermínio Maia Rocha, Cristo Nazaré Barbosa do Nascimento, Therezinha Xavier Bastos, Carlos Hans Müller, Ermenson Peçanha Salimos, Rosemary Moraes Ferreira Viégas, Armando Kouzo Kato, Olinto Gomes da Rocha Neto e Silvio Leopoldo Lima Costa.
Diferenciais do livro
O acesso do público ao livro "Do Instituto Agronômico do Norte à Embrapa Amazônia Oriental: personagens ilustres, tempo e memória (1939–2019)" é livre e fácil de se obter. O conteúdo está disponível no Portal Embrapa ou direto aqui (clique no link).
Além das 23 biografias, acompanhadas de recomendações de leitura ao final do capítulo, o conteúdo inclui um serviço original: identifica a razão da homenagem – nem sempre conhecida no presente, raramente notada nas placas de inauguração dos setores de trabalho – que alguns personagens receberam quando seus nomes passaram a designar prédios, auditórios, laboratórios e locais especiais na Embrapa Amazônia Oriental.
Outro diferencial do livro é disponibilizar aos leitores informações sobre mais 11 personagens, que não entraram na coletânea por já terem biografias publicadas, citando essas publicações, como é o caso de: Enéas Calandrini Pinheiro, Carlos Estevão de Oliveira, Adolpho Ducke, Paulo Plínio Baker de Abreu, Álvaro Adolfo da Silveira, Felisberto Cardoso de Camargo, João Murça Pires, Waldemar Saffioti, Harald Felix Ludwig Sioli, Walter Baptist Mors e Guilherme Pantoja Calandrini de Azevedo. O grupo deste capítulo também contribuiu para o IAN, o Instituto de Pesquisas e Experimentação Agropecuárias do Norte (Ipean), o Centro de Pesquisa Agropecuária do Trópico Úmido (CPATU) e a Embrapa Amazônia Oriental.
Todo esse conteúdo resulta de um projeto editorial que envolveu, como informa a jornalista Izabel Drulla Brandão, pesquisas bibliográficas, entrevistas com antigos membros dos institutos, colaboração de familiares e amigos de homenageados, relatos autobiográficos e resgate da memória das equipes que atuaram na região, como publicações e trabalhos desenvolvidos, além de registros fotográficos dos primeiros tempos do IAN e do Ipean.
Os autores
Trinta autores assinam as 23 biografias da coletânea "Do Instituto Agronômico do Norte à Embrapa Amazônia Oriental: personagens ilustres, tempo e memória (1939–2019)", a maioria escrita especialmente para o livro, algumas republicadas.
Além dos já citados editores técnicos Alfredo Homma e Izabel Drulla Brandão, a lista dos autores se completa com: Aline Fernanda Wisniewski Dias, Ana Laura Lima, Antônio Ribeiro Lopes Sobrinho, Ari Pinheiro Camarão, Augusto Rodrigues Filho, Benito Barbosa Calzavara, Carla Calzavara Coelho de Souza, Daniela Cardoso Moraes, Eduardo Lacerda Ramos, Eduardo Yassuhiro Ohashi, Eloisa Maria Ramos Cardoso, Gina Barbosa Calzavara, Gustavo Luiz Batista D’Angiolella, Hermínio Maia Rocha, Italo Claudio Falesi, João Murça Pires (in memoriam), Joaquim Ivanir Gomes, José Adérito Rodrigues Filho, José Edmar Urano de Carvalho, José Maria Hesketh Condurú Neto, Karina Kato Carneiro, Leopoldo Brito Teixeira, Lucieta Guerreiro Martorano, Maria Clarice Baleeiro de Sá Adami, Mauro Farias Gato, Paulo Sérgio Bevilaqua de Albuquerque, Rui Abreu de Albuquerque e Walter Cardoso.
Izabel Drulla Brandão (MTb 1084/PR)
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