A palmeira Euterpe edulis Mart. (juçara) foi severamente explorada para a obtenção do palmito colocando-a na lista de espécies vulneráveis. Há 20 anos ela vem sendo cultivada em diferentes modelos de sistemas agroflorestais sucessionais (agroflorestas) nos estados do Sul e Sudeste do Brasil, sendo observado o aumento do número de indivíduos, a formação de banco de sementes e plântulas no ambiente agroflorestal, a recuperação de populações da espécie nesses agrossistemas e, em diversos casos, o fornecimento de sementes para replantio e recuperação da espécie em fragmentos florestais degradados da Mata Atlântica. Se, por um lado, observam-se ganhos ambientais expressivos, economicamente, após oito anos, a alta densidade de indivíduos e do espesso dossel dos componentes florestais impedem a incidência luminosa para a plena atividade fotossintética das demais plantas de interesse econômico que compõem o sistema, incluindo a palmeira juçara. Esse processo força a abertura de novas áreas de plantio, o que pode implicar em novos processos de conversão de uso do solo ou, mais frequente, o abandono dessas áreas, cujo manejo se torna ainda mais restrito por questões legais, já que passam a ser vistas mais como áreas de pousio do que áreas de produção.
Paralelamente, no litoral do Paraná, persiste ainda forte pressão sobre as populações naturais dessa espécie, pela ocorrência constante de apreensões de palmitos extraídos ilegalmente de remanescentes florestais nativos, incluindo área de Unidades de Conservação.
Conforme demonstrado, um dos caminhos restauradores de populações da juçara é obtido pelo estímulo ao consumo consciente de frutos da espécie provenientes de sistemas agroflorestais (SAF) produtivos. Dentre os diversos canais de comercialização da espécie incluem-se, na presente proposta, os mercados institucionais de apoio à alimentação escolar. Entretanto, o desconhecimento da capacidade, sazonalidade e sustentabilidade produtiva duradoura desses sistemas é ainda um entrave para garantir o pleno fornecimento dos produtos oriundos da juçara.
Neste contexto, o projeto visa promover práticas silviculturais que devolvam o potencial produtivo das agroflorestas já existentes e propor as bases para desenvolver, com a participação de agricultores e técnicos, modelos de produção de juçara,em SAFs mais simplificados, visando ao fornecimento sustentável e legal de frutos e, se possível, de seu palmito.