Embrapa Gado de Corte
Doença da bananeira na África é ameaça para o Brasil
A doença conhecida como murcha bacteriana da banana, causada pela bactéria Xanthomonas campestris pv. musacearum, tem causado grande impacto na África, onde milhões de pessoas dependem da fruta como alimento e fonte de renda. Ela vem se espalhando rapidamente naquele continente e já é encontrada em vários países, como Etiópia, Uganda, República Democrática do Congo, Ruanda e Tanzânia, afetando todas as bananas cultivadas e espécies de Ensete (falsa banana, comestível na África).
No Brasil, a banana também tem enorme importância econômica e social. Além de garantir ao país um lugar no ranking dos maiores produtores mundiais, junto com a Índia, Equador e Filipinas, é a fruta mais consumida no Brasil, junto com a laranja, sendo fundamental para a complementação da dieta alimentar das populações de baixa renda. Além disso, o setor de bananicultura gera hoje mais de 500 mil empregos diretos no país.
Por isso, a entrada dessa doença no Brasil poderia causar sérios prejuízos à bananicultura, alerta a pesquisadora da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Olinda Maria Martins. Segundo ela, cuidados e medidas preventivas devem ser adotados para evitar a introdução da bactéria em regiões onde a banana é cultivada.
A Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa( Brasília, DF),vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento é a responsável oficial pela quarentena de todas as espécies vegetais que entram no Brasil para fins de pesquisa. Essa quarentena envolve a análise das plantas em vários laboratórios para evitar a entrada de pragas e doenças que podem comprometer a agricultura brasileira.
Segundo Olinda, os pesquisadores e técnicos de defesa sanitária no Brasil já estão atentos para impedir a entrada da murcha bacteriana. Mas isso não é suficiente, como explica a pesquisadora: "é necessária a adoção de medidas rigorosas de inspeção no trânsito de bananas dentro e fora do Brasil, além da divulgação de alertas sanitários e capacitação de técnicos para reconhecimento da doença".
Em um país como o Brasil, onde a banana é cultivada de norte a sul, os cuidados para impedir a entrada da doença têm que ser intensos, afirma Olinda. Os sintomas da doença são amarelecimento e murcha das folhas, enrugamento, amadurecimento precoce e não uniforme dos frutos, além de coloração amarronzada da polpa e aparecimento de pus bacteriano amarelo. A bactéria causa infecção na planta e se dissemina rapidamente para plantas sadias pelo transporte de insetos vetores ou de ferramentas e equipamentos agrícolas contaminados.
Em julho deste ano, Olinda participou do 4º Simpósio Internacional de Murcha Bacteriana, em York, no Reino Unido, no qual a disseminação da doença pelo leste africano foi um dos assuntos mais debatidos. Segundo ela, a murcha bacteriana foi detectada pela primeira vez em plantios de banana na Uganda, em 2001, e desde então vem causando sérios prejuízos às comunidades rurais africanas, que dependem da banana como alimento e fonte de renda.
As doenças de origem bacteriana e fúngica são as piores inimigas da bananicultura em todo o mundo. No Brasil, elas causam, em média, perdas de 30 a 40% na produção nas fases de pré e pós-colheita, o que representa, segundo dados do IBGE, a perda de cerca de R$ 700 milhões por ano. Apesar de estar entre os principais produtores mundiais de banana, o Brasil tem uma expressão menor no mercado internacional, o que é causado em grande parte pelas pragas e doenças.
A conscientização da população quanto à importância da segurança biológica da agricultura é fundamental, como afirma a pesquisadora. "Mesmo medidas rigorosas de defesa sanitária não são suficientes se a população não entender a importância de se evitar a entrada de pragas no país", ressalta. O simples fato de transportar mudas e sementes de plantas, como souvenirs, pode resultar na entrada de uma praga que ainda não ocorra no Brasil. Um exemplo recente disso foi a introdução da ferrugem asiática que causou perdas superiores a R$ 2 bilhões na cultura da soja no Brasil.
Fernanda Diniz (MTb 4685/89/DF)Embrapa Recursos Genéticos e BiotecnologiaContatos: (61) 3448-4769 e 3340-3672fernanda@cenargen.embrapa.br
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